quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pelo Fim da Violência contra a Mulher


Hoje é o Dia Latinoamericano pelo Combate à Violência contra Mulher e postamos pra vocês um vídeo comercial sobre a violência doméstica, que apesar de forte, tenta demonstrar a violência cotidiana que as mulheres enfrentam e a realidade que esse crime raramente tem fim.


Pela vida das Mulheres!
Dizemos não a violência contra as mulheres!
A Violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer!

Ainda vai levar um tempo, pra fechar o que feriu por dentro*

*Por Rafaela Rodrigues

Hoje, centenas de milhares de mulheres vivem em situação de violência, dentro de suas próprias casas. O feminismo conceitua a violência como toda a vez que mulheres são consideradas coisas, objetos de posse e poder dos homens e, portanto, inferiores e descartáveis.

No Brasil a violência contra a mulher tem estatísticas alarmantes, segundo dados do CEFEMEA – Centro de Estudos Feministas e Assessoria, a cada 15 segundos uma mulher é agredida. 80% dos casos de violência contra a mulher são cometidos por pessoas de seu convívio. Mais de 40% das agressões resultam em lesões corporais graves ou morte.

Outros dados assustam ainda mais: 25% das mulheres são vítimas da violência doméstica; 33% da população feminina admite já ter sofrido algum tipo de violência; em 70% das ocorrências de violência contra a mulher o agressor é o marido ou o companheiro; a violência doméstica é a principal causa de lesões em mulheres entre 15 e 44 anos; os maridos são responsáveis por mais de 50% dos assassinatos de mulheres e, em 80% dos casos, o assassino alega defesa da honra.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram agredidas fisicamente por seus parceiros entre 10% a 34% das mulheres do mundo. De acordo com a pesquisa "A mulher brasileira nos espaços públicos e privados" – realizada pela Fundação Perseu Abramo em 2001, registrou-se espancamento na ordem de 11% e calcula-se que perto de 6,8 milhões de mulheres já foram espancadas ao menos uma vez.

Apesar de a Constituição Federal de 1988 ter incluído entre seus princípios fundamentais a igualdade, o que vemos é ainda o descaso do Estado com a violência contra a mulher.

O Movimento feminista trouxe para o espaço público o tema da violência como um problema político que deve ser combatido por toda a sociedade, tirando da intimidade do lar, do espaço privado, de onde sempre foi colocado, e denunciou a situação aterrorizante que as milhares de mulheres vivem enquanto permanecem em violência.

Em 2006 o movimento feminista teve uma grande vitória no combate a violência à mulher, entrou em vigor a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) e pela primeira vez a justiça brasileira pode fazer justiça aos séculos de discriminação e desigualdades que as mulheres enfrentaram.

No entanto, sabemos que medidas punitivas são insuficientes para acabar com a violência sexista, precisamos enfrentar de forma intolerante as desigualdades de gênero e denunciar todas as formas de discriminações que ainda sofrem as mulheres para que possamos conviver sem violência e enfim consagrar o princípio da igualdade.

Mas, assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade, então ainda temos muita luta pela frente!


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Luta, substantivo feminino

Estamos organizando aos poucos nossa biblioteca virtual agora é a vez de um livro que já comentamos aqui no blog.

O livro é "Luta, Substantivo feminino" que traz a história de 45 mulheres mortas pela ditadura, e o relato de 27 sobreviventes. 

Agora disponível para baixar na nossa sessão de Materiais.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

#FimdaViolênciaContraMulher



Dia 25 de novembro é o Dia  para prevenir e erradicar a violência contra as mulheres e nós do Blog Mulheres em Marcha estamos na luta pelo #FIMDAVIOLÊNCIACONTRAMULHER


Vamos todos nos unir nessa luta.*
Eu me chamo Juliana, mas podia ser Maria da Penha, Eloá, Eliza Samúdio, Mércia Nakashima ou Sakineh. Estes são alguns dos casos mais conhecidos de violência contra mulher, mas quantas Marias, Anas, Fátimas, Brunas, Lúcias são diariamente violentadas e não ficamos sabendo pois elas têm medo de denunciar a violência que sofrem? Chega! A sociedade civil se organiza e reage contra esse disparate! Pelo fim da violência contra a mulher, vamos em todas as redes sociais da Internet fazer a nossa voz ser ouvida!
Vamos usar no Twitter a tag: #FimdaViolenciaContraMulher. Junte-se a essa luta!


*Retirado do Blog Ofensiva contra o Machismo

domingo, 21 de novembro de 2010

A Troca

Titulo original: Changeling
Lançamento: 2008 (EUA)
Duração: 141 min
Gênero: Drama
Direção: Clint Eastwood
Elenco: Angelina Jolie, Gattlin Griffith, Michelle Martin, Michael Kelly, Frank Wood
Estúdio: Imagine Entertainment, Malpaso Productions e Relativity Media
Roteiro: J. Michael Straczynski
Produção: Brian Grazer, Clint Eastwood, Robert Lorenz e Ron Howard
Música: Clint Eastwood
Fotografia: Tom Stern

Sinopse:
Los Angeles, março de 1928. Christine Collins, uma mãe solteira, se despede de Walter, seu filho de 9 anos, e parte rumo ao trabalho. Ao retornar descobre que Walter desapareceu, o que faz com que inicie uma busca exaustiva. Cinco meses depois a polícia traz uma criança, dizendo ser Walter. Atordoada pela emoção da situação, além da presença de policiais e jornalistas que desejam tirar proveito da repercussão do caso, Christine aceita a criança. Porém, no íntimo, ela sabe que ele não é Walter e, com isso, pressiona as autoridades para que continuem as buscas por ele.

Fonte: adorocinema.com

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Brinquedo de Menina

por Nikelen Witter*

O título aqui poderia ser também a já famosa frase: “sim, nós podemos”. Não a dita pelo presidente norte-americano Barack Obama. Mas a dita pela presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, a uma menina de 9 anos que lhe perguntou se mulher podia ser presidente da República. Ah, sim menina, nós podemos. Eu mesma lhe diria mais. Diria para que incluísse isso em suas brincadeiras. Uma hora você finge ser professora, noutra médica, veterinária ou advogada. Se quiser ser juíza, delegada ou polícia também pode. É claro que terá vezes em que você irá querer ser princesa ou uma bruxa muito inteligente, mas, acredite, nada no mundo pode impedir você de querer ser presidente da República.

Pode soar estranho que uma menina, em pleno século XXI, apresente uma dúvida assim. Mas, a verdade, é que esse estranhamento está longe de poder ser generalizado. Basta pensarmos na quantidade de manifestações machistas durante essa campanha presidencial e teremos um quadro do quanto as possibilidades ainda se apresentam restritas para o próprio entendimento das meninas. E, acredite, não estou falando apenas sobre aquelas que vivem nas periferias, nos bolsões de miséria, nas que catam comida e recicláveis nos lixos ou caminham quilômetros para poderem abastecer de água suas casas. Estou me referindo às garotinhas de classe média e alta, que estudam em boas escolas (públicas ou particulares), que têm acesso a livros e que escolhem seus brinquedos pelos comerciais que veem na TV.

É justamente nestes espaços de consumo que, ao que parece, uma ativa parte da nossa cultura têm trabalhado para que nossas meninas continuem expostas ao machismo atávico que grassa pelo Brasil. Os limites aos sonhos das garotas entram nas nossas casas mesmo que a gente não queira. Eles estão lá, o tempo todo, dizendo o que é aceitável para uma menina e negando, ao mesmo tempo, que os sonhos delas sejam sem fronteiras.

Estou exagerando? Tem certeza? Você tem prestado atenção nos filmes publicitários veiculados na TV (inclusive nos canais infantis pagos)? Será que ninguém percebe o absurdo de um brinquedo ser uma pia de lavar louças cor-de-rosa que se anuncia: “igualzinha a da mamãe, só que mais divertida”! Qual palavra desta frase não lhe parece ofensiva? A mim todas. E adicione aí o fato de que o comercial não tem meninos. Sim, porque no mundo encantado e cor-de-rosa os meninos sabem que seu lugar não é lavando a louça, mas lavando carro no lava-jato que é igual ao que o papai usa.

Como, pergunto, nossas meninas não vão crescer duvidando que uma mulher possa ser presidente? É difícil achar que uma coisa assim é possível quando, para os “reclames”, veiculados junto com seu desenho favorito, as únicas perspectivas para uma mulher parecem ser uma pia cheia de louça e criar bebês que comem, arrotam, ficam doentes, fazem xixi e cocô? Sim, estas são bonecas que, na maior, parte do tempo são oferecidas a elas. As bonecas que “imitam” a realidade. E você, mamãe, deve comprá-las para que sua filhinha “aprenda brincando”. Afinal, o que seria mais importante para uma futura jovem mulher do que aprender a ser uma boa dona-de-casa, que sabe o melhor sobre alimentação, puericultura e higiene?

Ora, a maternidade é uma coisa maravilhosa, e ser dona ou dono de casa é uma necessidade que não tira nenhuma dignidade de quem faz somente isso. Não haveria problema com os comerciais se eles fossem apenas um ou dois e se o texto fosse menos limitante das capacidades femininas e masculinas. Mas a questão é que as crianças são bombardeadas com brinquedos e textos publicitários cuja intenção parece ser “aliciá-los” (a palavra é forte, mas é essa mesma) para ocuparem os papéis tradicionais da família burguesa ocidental. O fato de não haver grandes manifestações contrárias a este tipo de comercial é preocupante. Já pensaram que pode ser porque, no fundo, as os textos estão é fazendo eco às coisas que não questionamos por parecerem “naturais”? Meninas brincam de cozinhar, lavar louça e cuidar de bebês. Meninos lavam carros, jogam futebol e vídeo-games. Os brinquedos continuam a ser elaborados e vendidos de forma sexista, é assim que nós os compramos, e é assim nossos filhos os absorvem.

Imagino que se alguém se colocar contra isso, vão dizer que a pessoa está clamando pela censura ou sendo preconceituosa com bonecas-bebês e brinquedos que imitam utilidades domésticas. Por isso quero deixar bem claro que não acho que as bonecas em si estão erradas. O que me incomoda é o texto com o qual elas são apresentadas e o subtexto que, ao invés de incitar as meninas a desejarem o mundo, sugere que o paraíso está em ter uma cozinha super equipada.

Por outro lado, não estou fazendo um tipo de apologia que diz que o mundo seria melhor com mais mulheres no comando. Não considero que as mulheres que exercem cargos públicos (ou que venham a desejar isso) façam, por serem mulheres, governos melhores que os dos homens. A quase ex-governadora do Rio Grande do Sul é um exemplo de que um governo ruim e autoritário pode vir de qualquer lado.

Minha oposição é contra tudo o que se organiza de forma a limitar os sonhos e os horizontes das crianças. Um fogãozinho pode ter meninos figurando no comercial (muitos meninos se interessam por cozinhar). E também a pia poderia ser vendida para eles, pois é igual a que todo mundo tem em casa. Em outras palavras: a pia não é da mamãe. Se as coisas continuarem nesse caminho, logo teremos organizar defesas para a Barbie. Afinal, os machistas de plantão ainda não se deram conta de que ela, embora fútil, sempre foi uma profissional. Ela namorou o Ken por 40 anos antes de eles terminarem o relacionamento. E agora, dizem que ela foi vista saindo com Max Steel. Garanto que logo vai aparecer alguém falando que ele é jovem demais para ela e que, aos cinquenta, ela deveria era aprender a fazer geléia.

* Professora e historiadora
Publicado em contramachismo.wordpress.com, em 11/11/10.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Políticas para mulheres e mulheres na política

Postamos aqui a entrevista de Tatau Godinho, companheira e militante da MMM, para a Carta Capital. Na entrevista Tatau faz uma análise da situação da mulher na política, fala sobre desigualdade de gêneros e da postura da oposição diante de uma mulher na presidência.


Desde o início da campanha eleitoral Dilma Rousseff gerou uma expectativa entre as mulheres brasileiras em relação à questão feminina na política. Passado o segundo turno e conhecido o resultado, o Brasil ganha uma mulher como presidente, a primeira da história, eleita com 56% dos votos válidos contra 44% para o oponente José Serra.
Para fazer uma análise dos ganhos da população feminina com a eleição de Dilma à presidência, o site de CartaCapital entrevistou a cientista social dedicada à temática do feminismo e política, Tatau Godinho. Ela acredita que “as questões relacionadas aos direitos das mulheres vão ser colocadas na agenda política de forma muito mais cotidiana”. Mas isso também depende de uma presença mais forte do movimento de mulheres para que sejam feitas mudanças no sentido progressista. E avisa: “o campo da oposição provavelmente se apoiará em uma agenda conservadora em relação aos direitos das mulheres, como já ocorreu nas eleições.”

CartaCapital: Como você vê a situação da mulher hoje na política em termos de participação e de políticas voltadas ao gênero feminino?
Tatau Godinho
: A presença das mulheres na política tem aumentado nos últimos anos. Em termos de políticas públicas, questões específicas voltadas à saúde das mulheres, o combate à violência e mesmo uma ampliação nos horizontes profissionais têm sido alvo de atenção dos governantes. Mas uma alteração mais profunda nas desigualdades entre homens e mulheres ainda está por vir.
Quanto à participação, no entanto, os espaços da política mais institucionalizados ainda são um gueto masculino. Fala-se muito na necessidade da presença das mulheres, mas o fato é que direções dos partidos, no parlamento, nos cargos executivos e de direção, as mulheres ainda aparecem como uma exceção.
E isso reflete uma realidade presente em, praticamente, todas as outras áreas da sociedade. O comando das empresas, as direções dos jornais, de outros meios de comunicação, por exemplo, ainda são lugares onde a presença das mulheres é quase simbólica.

CartaCapital: Existem mais mulheres que homens no Brasil, a mulher é responsável, em muitos casos, pela educação dos filhos, tem contribuição efetiva na sociedade, tem um dia internacional dedicado a ela. Por que quando se trata de política tudo isso parece se reduzir?
TG
: A ampliação da presença das mulheres no mundo público, isto é, fora do âmbito da família, continua totalmente vinculada a uma sobrecarga colocada sobre elas em relação ao cotidiano, à vida familiar, ao cuidado com as pessoas. As mulheres assumem novas tarefas, mas muito pouco se alterou nas relações de poder. E a política é o espaço concentrado das dinâmicas de poder na sociedade. É ali que são definidos boa parte dos grandes grupos de interesses, dos destinos dos países. Obviamente, as disputas políticas não ocorrem apenas nos espaços tradicionais ou institucionais. Mas é um sintoma da fragilidade da democracia a exclusão tão recorrente das mulheres.

CartaCapital: Quais os avanços poderão ser conquistados pelas mulheres, na política, com a eleição de Dilma Rousseff à presidência da República?
TG: Sem dúvida uma mulher na Presidência da República já representa, de saída, uma quebra de barreiras. O principal cargo político do país é uma referência necessária para os debates, as articulações políticas, para as mais diversas áreas em torno das quais a sociedade se mobiliza. Tem uma influência importante, também, no imaginário social em relação às mulheres. Mas as mudanças mais concretas, em termos de políticas, dependem da insistência que a presidenta tiver em fortalecer uma agenda voltada para a igualdade. As questões relacionadas aos direitos das mulheres vão ser colocadas na agenda política de forma muito mais cotidiana. E é muito importante uma presença mais forte do movimento de mulheres para que isso seja feito em um sentido progressista. O campo de oposição, provavelmente, se apoiará também em uma agenda conservadora em relação aos direitos das mulheres, como já ocorreu nas eleições. Por isso, para garantir um avanço, acredito que seja necessário que a sociedade se mobilize no sentido de possibilitar um efetivo avanço de direitos. Dilma Rousseff tem um histórico de atuação rompendo espaços em áreas muito fechadas às mulheres e, acredito, que isso dará a ela uma boa experiência de como lidar em um ambiente adverso.

CartaCapital: O que muda na bancada feminina no Congresso com a eleição de Dilma?
TG:
As deputadas e senadoras têm uma oportunidade inédita de fortalecer sua voz no Congresso. Mas é preciso se apoderar dos sinais indicados pela futura presidenta, de que valoriza o aumento da participação política das mulheres, e consolidar novas lideranças nas disputas concretas que compõem o dia a dia do Congresso. Esse é um momento privilegiado para que as parlamentares mulheres reforcem sua presença e, mais especialmente, para que a bancada feminina apareça como uma forte articuladora de reivindicações de políticas que incidam sobre a desigualdade entre mulheres e homens. Para isso é necessário que a atuação se paute por uma plataforma ampla, que não fique apenas em temas de menor incidência, ou nas áreas que são consideradas tradicionalmente mais receptivas à participação das mulheres. Há questões fundamentais em relação ao mundo do trabalho, no âmbito da política econômica e de desenvolvimento, da previdência, ou a reforma política e partidária, como mencionado anteriormente, que são muito importantes. Isso vai depender da atuação das parlamentares comprometidas com essa agenda. Ampliar o número de mulheres é muito importante, mas mudanças reais para as mulheres só ocorrerão se isso se combina com uma agenda de propostas e reivindicações para alterar as condições de desigualdade e discriminação vividas pelas mulheres.

CartaCapital: Em reunião de transição dos ministérios na segunda-feira 8, Dilma anunciou que quer mais mulheres no primeiro escalão do governo. O que achou dessa atitude da presidente?
TG:
É muito positivo que Dilma tenha acenado, logo de início, com a importância de ter uma presença maior das mulheres em cargos chaves do governo. Com certeza os partidos vão resistir. Afinal, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Nem na física nem na política. E a concentração masculina nas redes de direção é brutal. Não são apenas os dirigentes partidários. Isso inclui os quadros do parlamento, das direções sindicais, das universidades ou outras entidades da sociedade. A insistência da presidenta em compor um governo com maior presença de mulheres obrigará os partidos, e toda a sociedade, a discutir a questão.
Em outros países, houve um processo semelhante. Como na Espanha, por exemplo. E isso cria, de fato, possibilidades de mudanças.

CartaCapital: Falando de gênero, para você as mulheres são iguais aos homens, têm necessidades específicas ou lhes faltam alguns privilégios concedidos aos homens?
TG: Quando se fala em igualdade entre mulheres e homens, o sentido é a igualdade social e política. É evidente que na sociedade os homens têm imensos privilégios em todos os âmbitos: renda mais alta, acesso a melhores postos e empregos, mais tempo de lazer, dominam os espaços de poder político e econômico na sociedade. E isso se articula com todas as vantagens que têm no campo da vida pessoal e familiar, em relação ao cuidado com os filhos, ao trabalho doméstico, e nas questões ligadas à sexualidade. É isso que é preciso mudar. Há um pensamento conservador que atribui às mulheres um papel centrado na maternidade e na família. Isso é cultivado. É um mecanismo que justifica a falta de responsabilização masculina. Assim os homens ficam livres para o poder, enquanto as mulheres cuidam da sobrevivência. É essa a divisão que precisa ser superada na sociedade. Naturalizar o papel das mulheres na família, na maternidade, nas funções do cuidado é negar às mulheres a posição de igualdade e racionalidade e, em última instância, deixar as funções de direção e poder efetivos da sociedade, a elaboração da cultura e da ciência para os homens.

CartaCapital: Chegaremos a um dia em que a desigualdade de gêneros será superada?
TG:
Eu acredito que sim. Para uma superação efetiva das desigualdades é preciso uma mudança mais geral. A sociedade capitalista absorve e rearticula as relações de dominação compondo uma dinâmica de desigualdade que favorece a exploração, a concentração de renda, a manutenção de padrões de opressão em diversos níveis. A superação da desigualdade de gêneros é uma perspectiva libertária, de uma sociedade livre com seres humanos vivendo em plenitude suas capacidades. E isso exige a mudança do modelo de sociedade atual, em que as desigualdades são parte da organização necessária das relações sociais. Mas isso não significa jogar as reivindicações para um futuro distante e abstrato. É preciso investir para que as mudanças sejam implantadas desde agora. Toda mudança é um processo político e social que envolve também conflitos. E nós não podemos deixar de enfrenta-los.

CartaCapital:Qual tem sido a importância da Secretaria de Políticas para Mulheres desde a sua criação?
TG
: A criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres foi uma iniciativa muito importante do governo. Ela buscou construir uma agenda para todo o governo. Em algumas questões, como a proposta de implantar uma política de combate à violência sexista, os avanços são mais claros. Em outras áreas, ainda há muito o que fazer. Os esforços da SPM em coordenar um plano geral de políticas para as mulheres são significativos e as dificuldades são muito grandes. É necessário uma consolidação maior dessa política no próximo governo.

CartaCapital: Como você acredita que a sociedade brasileira enxerga a falta do primeiro cavalheiro ao lado de Dilma?
TG
: Essa é uma discussão que demonstra o grau de conservadorismo na sociedade. Afinal, a discussão só existe porque os espaços de poder são considerados lugares para os homens e não para as mulheres. O cargo de primeira-dama é a pior simbologia do atraso em relação às mulheres: significa que o lugar para elas é de esposa, e não de dirigente. É a reafirmação de que para as mulheres o espaço legítimo é o mundo privado e não a esfera pública, como é o caso da política. Além do mais, isso ainda se combina com o clientelismo que enxerga a política de assistência social como caridade e não como direito!
Chama a atenção o quanto mesmo os setores pretensamente mais modernos da sociedade reforçam esse papel e esse lugar para as mulheres. E, inclusive, criticam as mulheres que se recusam a aceitar esse papel. Que, sendo mais informal, é tudo de atrasado, de medíocre e de “brega”.
Uma mulher na presidência tem, além de tudo o mais, a vantagem de nos livrar dessa discussão.

CartaCapital: Chamar Dilma de presidente ou presidenta faz diferença?
TG: É uma questão simbólica. Não é decisiva mas possibilita marcar o significado da eleição de uma mulher para a presidência. E forçar um pouquinho a Língua Portuguesa a se adaptar a um mundo de homens e mulheres também nos cargos, carreiras e funções antes ocupados apenas por homens.

Por Paula ThomazFonte: Carta Capital

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Gênero, Feminismos e Ditaduras no Cone Sul

Aos poucos, vamos alimentando nossa biblioteca virtual, que ficará devidamente organizada na sessão "Materiais". A pedida de hoje é o livro "Gênero, Feminismos e Ditaduras no Cone Sul", organizado por Joana Maria Pedro e Cristina Scheibe Wolff.

Baixe o livro aqui!!!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A felicidade em pequenas doses

Gente, o textinho abaixo é da Sarah de Roure, Sarinha de Brasília (ou agora seria de SP? rsrsrs), publicado no seu Blog pessoal amasseefacapao.blogspot.com.

Vamos falar a verdade: que atire a primeira pedra a feminista que nunca quis viver "um dia de fúria" ou se viu a "beira de um ataque de nervos" diante das receitas milagrosas de juventude eterna e de felicidade plena. Você sabe exatamente do que estamos falando.


Ah, O Mulheres em Marcha também curtiu o comentário ao texto da Sarah e publicou. Confira!



"Tenho certeza que ficará muito feliz com o resultado!" Foi o que me disse de forma inocente a vendedora de uma loja ao me dar uma mostra grátis de um creme para firmar o busto.

Exatamente, para firmar o busto!!!

Para o mundo que eu quero descer!!!

Porque eu, ou qualquer outra mulher precisa de um creme para firmar o busto?

E porque aquela vendedora inferiu que isso me faria feliz?!!

Meu Deus eu só queria comprar um batom, não estava buscando a fonte da juventude em pequenas mostras grátis!!

Podem dizer que nós feministas somos chatas, eu prefiro achar que chato é esse mundo que prega para os quatro ventos, que tem um padrão para todas as mulheres.

Se voce tem 20 anos, melhor começar se cuidar, prevenir sabe....Afinal quando acha que as rugas começam a aparecer?

Chegando nos 30, bom aí já é uma zona de perigo, afinal a tal gravidade atinge a todas fofa!! melhor cuidar desse peitinho porque nao vai durar muito viu! Para vc temos esse creminho que junto com esse outro óleo, usado 5x ao dia trará resultador inimagináveis pela modica quantia de..XYZ. Nada que vc não possa pagar com o crediário especial de nossa loja!!

Bom a partir do 40... serão necessarias intervenções mais drasticas. Mas não se preocupe vai ficar super natural...

Natural, é envelhecer com dignidade.Natural é a beleza que existe em cada uma de nós, de diferentes cores, tamanhos, gostos...

Bonito é ser livre. Bonita é a verdade e não as mentiras que nos vendem em suaves parcelas ou embaladas em pacotes brilhantes.

Comentário de Fernanda dijo...

Posso te contar? Outro dia um rapaz correu atrás de mim para entregar um panfleto. Ele dizia, "isso vai te interessar, pegue!". Peguei, era tanta insistência... Quando olho, para meu espanto e surpresa, era um panfleto de clínica de cirurgia plástica vaginal!!!! Ah, voltei até o moço, e indignada perguntei: de onde vc tirou a ideia de que preciso fazer plástica na minha xoxota?!?!?! Pois é a mesma situação para os cremes para busto, bunda e tudo o mais... Mais uma vez vamos lá gritar: Somos mulheres não mercadoria, porra!

sábado, 13 de novembro de 2010

Nota da CUT contra apelo sexual em propaganda dos Correios

Central critica publicidade com apelo sexual dos Correios

É com indignação que assistimos ao anúncio publicitário dos Correios, veiculado nacionalmente, no qual uma modelo tira a blusa na frente de várias crianças, sob o pretexto de conseguir um autógrafo de um famoso jogador de futebol de salão.

Tal anúncio, além de violar o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente utiliza-se do apelo sexual do corpo das mulheres para supostamente atrair a atenção para o produto comercializado.

É inaceitável que os Correios, ainda mais por se tratar de uma empresa pública, reproduzam a idéia contida também em inúmeros outros anúncios, que comparam, ou melhor, igualam o corpo das mulheres a um objeto para vender mais mercadorias e aumentar o lucro das empresas.

A CUT, maior Central Sindical da América Latina, ciente da responsabilidade que tem com milhões e milhões de trabalhadores e trabalhadoras que não aceitam o machismo, seja qual for sua manifestação, reafirma seu compromisso com a consolidação de um Brasil justo, democrático e com igualdade entre homens e mulheres. Repudiamos este anúncio, exigimos a imediata retirada de sua veiculação assim como uma ação do Governo para que casos semelhantes não voltem a ocorrer.

Rosane Silva
Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT
Artur Henrique
Presidente Nacional da CUT
Fonte: CUT Brasil, em 12/11/10.

O que vocês acharam?

E aí, povo? O Blog ficou mais bonitinho? Nós achamos que sim!

Nossa "artista", responsável pela bela mudança, foi a Rafaela (do Direito). Aliás, ela tem feito as últimas grandes alterações no Mulheres em Marcha, o que tem deixado ele cada vez mais bacana.

Vale ressaltar que estamos sempre abertas a sugestões (e elogios também! kkkk).

Bom feriadão pra vocês!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mais notícias amigas

Povo, corrigindo uma falha nossa, incluimos na sessão "Notícias Amigas" o Blog Maria Maria, Mulheres em Movimento. A autodescrição do grupo é a seguinte "é um coletivo feminista formado, em agosto de 2006, por jovens que sentiam a necessidade de criar um espaço de discussão e atuação sobre questões referentes aos direitos das mulheres. Em 2007, nos tornamos um núcleo da Marcha Mundial das Mulheres em Juiz de Fora (MG)."

É super bacana e está sempre atualizado com texto escritos por elas, ações feministas promovidas na cidade e agenda de reuniões. Dá uma olhada lá!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Entre alegrias e tristezas

Por Carol Radd

Acabamos de eleger a primeira mulher para o cargo de presidente do Brasil, Dilma Rousseff. A primeira coisa que me vem a cabeça quando penso nisso é no avanço dessa conquista e me emociono ao lembrar da frase muito usada por nós feministas “Lugar de mulher é na política”. Mas minha alegria dura pouco, basta eu entrar em algum jornaleco na internet ou blog de humor, ou mesmo sentar em uma mesa de bar como alguns homens nada 'esclarecidos' que meu momento de alegria passa e me vem um sentimento de indignação. E eu me coloco a refletir acerca de um trecho de Simone de Beauvoir em “O Segundo Sexo”, meu livro de cabeceira, que diz que enquanto as mulheres não se verem enquanto sujeitos, não tiverem um sentimento de nós enquanto mesmo, a relação de opressão não mudará e elas serão sempre o outro. Pois não existe um nós mulher como ocorre em outras relações de opressão, salvo algumas raras organizações feministas, as mulheres nunca conquistaram nada, a não ser aquilo que seus opressores quiseram dar a elas, assinala Beauvoir.

Esse trecho me angustia, me da náusea, pânico, desespero... até quando vai ser assim? Até quando essa sociedade machista vai nos agredir, vai nos impor comportamentos, esteriótipos. Será que agora que temos uma mulher na presidência conquistaremos respeito? Tenho medo da resposta, essa campanha suja e maldosa, incentivou a falta de respeito até pela presidenta, me corria ao ver as campanhas da oposição dizendo que ela não tinha história, não tinha potencial nem competência, tinha uma que a porta de um estabelecimento fechava e um homem dizia “a única vez que ela não teve um chefe teve que baixar as portas”, ou algo parecido com isso, nojo.

Depois de uma charge no inicio da campanha ter relacionado a atual presidenta eleita a uma garota de programa, desrespeitando não só a candidata como a todas as mulheres, o debate preconceituoso e agressivo em torno da legalização do aborto e da união civil de pessoas do mesmo sexo, e no segundo turno o candidato pelo PSDB ter pedido as “mineiras bonitas” que consigam voto para ele, entre outras coisas machistas, absurdas e preconceituosas que se ouvia por ai. Deparei-me ontem com algo que considero absurdo, piadas abusivas, desrespeitosas e machistas, em uma página de um “humorista” que descreve seu humor como “de prima pra deixar a vida masculina ainda melhor” que medo do que vem abaixo. O cara “super engraçado” enumera as 10 primeiras medidas que serão tomadas pela primeira presidenta mulher da história do Brasil, e faz piadas com os planos de governo relacionando com esteriótipos atribuídos a mulheres. Com relação a saúde da mulher por exemplo, o projeto a ser implantado é implante de botox e silicone (HORRIVEL!!!!!!), o PAC, vira programa de aceleração do casamento (TOSCO!!!), dentre outras coisas absurdas. A postagem ridícula, veio seguida de vários comentários que apoiavam o autor e agrediam aqueles que deixaram seu comentário criticando a piada. Chamando homens que se posicionou contra de “bichona” e as mulheres de feministas-sem-causa, sem senso de humor, chatas, feias e encalhadas, um deles inclusive teve a audácia de perguntar “Quem será a primeira dama que vai morar com ela no Palácio Alvorada?”. Será mesmo que são as feministas que não tem senso de humor, ou as pessoas que perderam completamente a noção de respeito? Só pra constar, o meu mal humor eu costumo chamar de senso crítico. Não tenho nada contra o humor, só não rio de piadas sem graça.

Me retorci resto do dia inconformada com tamanha agressão, à presidenta, às mulheres, e às feministas. Até quando nós mulheres vamos ter que carregar esses estigmas? Ouvir que política é coisa de homem, que a mulher tem ser meiga, delicada e sensível? Até quando fatores biológicos vão ser usados para justificar a diferença no plano político e no dos direitos? Que as características femininas específicas (absurdo!!!) a impedem de participar do mundo público, tendo esta como função a família e os filhos, que mulher que não tem filho não se realiza? (essa me dói).

Mas em uma campanha que se fez como base o machismo, o preconceito e a violência teve como paradoxo duas mulheres candidatas e uma delas eleita para ocupar o cargo mais alto do poder executivo. Fato este que é sim um avanço importante, e estou orgulhosa e feliz tanto por ter participado como principalmente contribuído nesse processo. E fica a mensagem, não basta elegermos mulheres, elas tem que nos representar, e Dilma me representa, é uma mulher que ao contrario do que dizem por aí, traz na bagagem toda uma história de luta e de coragem. E é essa sua coragem que vai servir de exemplo para as mulheres, para esquerda que acredita da democracia e no socialismo, e nos incentiva a continuar lutando, porque o caminho ainda é longo e dolorido, e temos muito o que conquistar, conquista que mesmo se cedida pela cultura patriarcal, será um premio da vitória da luta das mulheres, porque agora, nós também fazemos a história.

Carol Radd é graduada em Direito e em Filosofia, militante feminista. Este texto foi publicado no Blog mariamariamulheresemmovimento.blogspot.com

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Absurdamente - "Rodeio das Gordas"

Alunas obesas foram humilhadas em jogos estudantis no interior de São Paulo. Mais um lamentável epsódio de preconceito contra as mulheres.
"Os dois estudantes suspeitos de criar, difundir e incentivar o “rodeio de gordas”, que consistia em agarrar e montar em alunas obesas durante os jogos entre alunos da Unesp, no mês passado em Araraquara, no interior de São Paulo, foram ouvidos na manhã desta terça-feira (9) pela comissão que integra a sindicância da Universidade Estadual Paulista.
A diretoria da Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Assis instaurou em 26 de outubro processo administrativo disciplinar contra os dois estudantes, também de Assis, após denúncias de bullying a universitárias consideradas acima do peso. Elas foram agredidas e humilhadas entre os dias 9 e 12 de outubro no Interunesp. Um aluno do curso de engenharia biotecnológica e um de ciências biológicas são citados pela Unesp suspeitos de criar a "brincadeira".  [...]
Segundo relatos, no "rodeio das gordas", alunos se aproximavam das garotas fazendo perguntas, como se fossem paquerá-las. Depois, agarravam as garotas, de preferência obesas, e tentavam ficar sobre elas o máximo de tempo possível, como se estivessem em um rodeio. Ao menos 50 estudantes participaram do "jogo".
Os agressores usaram a comunidade no Orkut para incentivar que os estudantes cronometrassem o tempo que mantinham a garota presa e para sugerir premiações para quem ficasse mais tempo sobre a menina. Há relatos de que os estudantes gritavam, dizendo "pula, gorda bandida".[...]
Em nota, a Unesp informa que “decidiu instaurar processo disciplinar para que sejam tomadas as medidas cabíveis em relação a fatos que teriam envolvido membros de seu corpo discente em jogos organizados por entidades estudantis". "A medida será oficializada ainda nesta semana, com a colaboração da Assessoria Jurídica da Reitoria.”[...] A Unesp afirma ainda na mesma nota que “repudia práticas de desrespeito entre membros de sua comunidade [...]
No caso de uma eventual punição aos alunos, eles podem ser advertidos, suspensos ou até expulsos da instituição.

Ministério Público
[...]Procurada para comentar o assunto, a promotora Noemi Corrêa, informou por e-mail que o Ministério Público instaurou inquérito civil para apurar a responsabilidade da Unesp e da Liga Interunesp nos fatos. “A prática denominada Rodeio das Gordas caracteriza uma violação dos Direitos Humanos, ante o preconceito com relação às pessoas que não se enquadram no padrão de peso imposto pela mídia e pela sociedade”, disse a promotora.


Vítimas
A advogada Fernanda Nigro, da organização não-governamental de direitos humanos Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Sexualidade (Neps), que acompanha o caso, diz ter identificado duas alunas vítimas do “rodeio das gordas”. Uma é estudante do curso de letras e outra de psicologia no campus da Unesp em Assis.
“Elas estão com medo. Estou conversando com elas para elas falarem”, afirma Fernanda, que irá perguntar às universitárias se elas pretendem mover alguma ação por dano moral contra os agressores."
Matéria na íntegra(  http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/11/alunos-suspeitos-de-criar-rodeio-das-gordas-sao-ouvidos-na-unesp.html)

Kléber Tomaz
G1 SP

Taiunesa dá festa para casar consigo mesma

TAIPÉ, Taiwan (AFP) - Uma taiuanesa informou neste domingo que se casou consigo mesma depois de oferecer um banquete de casamento.

Chen Wei-yi, 30 anos, virou sensação na internet depois que anunciou seus planos de "autocasamento" no mês passado. A cerimônia aconteceu no sábado, num hotel de Taipé, e contou com a presença de 30 parentes e amigos.

"Casar comigo mesma é uma forma de mostrar que sou confiante e que me aceito como eu sou", declarou Chen, que trabalha num escritório.

"Devemos nos amar antes de podermos amar os outros. Eu devo casar comigo antes de casar com alguém especial", acrescentou.

A iniciativa de Chen ganhou adeptos em sua página no Facebook.

As autoridades taiuanesas afirmaram que muitas mulheres agora preferem se casar mais tarde ou ficar solteira, o que faz com que os índices de nascimento da ilha sejam um dos menores do mundo.

Fonte: Yahoo Notícias (07/11/2010)
Foto: AFP

domingo, 7 de novembro de 2010

Imagine Eu e Você

Título Original: Imagine Me And You
País de Origem: EUA / Inglaterra / Alemanha
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 92 minutos
Ano de Lançamento: 2006
Estúdio/Distrib.: Imagem Filmes
Direção: Ol Parker
Elenco: Piper Perabo, Lena Headey, Matthew Goode, Celia Imrie, Anthony Head e Darren Boyd

Sinopse:
O executivo Heck e a bela Rachel formam um jovem casal prestes a dizer sim, quando um encontro inesperado vira o mundo dela de cabeça para baixo. Não culpe a moça! E se você descobrisse que a pessoa que foi feita para passar o resto da vida ao seu lado, não é aquela que está com você? Uma história hilária com um pitada de encontros e desencontros, bem comuns aqueles que já se aproximaram à primeira vista. Imagine Eu e Você mostra que o caminho do amor nem sempre é aqueles que imaginamos. Mas é trocado de um jeito ou de outro.

Fonte: interfilmes.com

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Artigo: Gravidez indesejada

"De um momento para outro, a campanha para Presidente da República trouxe à tona, com indisfarçável caráter plebiscitário, a inquietante pergunta: você é a favor ou contra o aborto? Naturalmente, à falta de um debate mais profundo sobre esse complexo tema, as respostas foram ambíguas. Em meio ao fervor religioso no qual o assunto foi atirado, deixou-se de fazer a pergunta pelo ângulo que de fato interessa às mulheres (a quem o assunto diz respeito mais diretamente) e toda a sociedade. Qual seja: como evitar uma gravidez indesejada? Qual a política de saúde pública o (a) candidato (a) vai imprimir para evitar os abortamentos de gestações não desejadas?

Este é o ponto.

Há algum tempo foi exibido , no circuito de cinema cult de São Paulo, o excelente e didático filme romeno "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" , que expõe de forma dramática os danos causados pelo Estado em especial às mulheres, quando razões ideológicas - ou supostamente morais - tentam se sobrepor às razões de saúde pública. Até os anos 80, a Romênia socialista reconhecia a prática do aborto e prestava assistência médica regular às mulheres, até que, repentinamente, a pretexto de retomar o crescimento vegetativo, relegou ao sexo feminino o ancestral papel de mero procriador e transformou o assunto em caso de polícia, proibindo-o. Não é de estranhar que a reação das romenas fosse acorrer às clínicas clandestinas de aborto, mesmo pagando um tributo altíssimo de vidas. Só diante dessa tragédia é que o governo recuou, liberando o aborto novamente a partir dos anos 90.

Emblemático, esse exemplo mostra que, legal ou ilegal, a prática ocorre quando a gravidez não é desejada pela mulher. É a única arma de que ela dispõe, aqui e alhures, ante a violência praticada pelo sexo oposto, no caso do estupro, ou mesmo pela própria natureza, que não lhe oferece outra saída que não seja a concepção. Isto vale para qualquer sociedade que penaliza o abortamento pura e simplesmente, sem oferecer uma alternativa diante de uma gravidez indesejada.

Se as perguntas aos candidatos tivessem se voltado para as políticas públicas que cada um deles pensasse em  adotar nesses casos, provavelmente o aborto deixaria os emotivos palanques e receberia o tratamento e fóruns adequados para discussão.

Sua abordagem é complexa e obviamente não se presta a interpretações apressadas, sobretudo em um país como o nosso. No Brasil, o Código Penal de 1940 criminaliza o aborto e determina penalidades severas tanto para a mulher que o pratica como para o médico ou qualquer pessoa que facilite esse crime. A exceção são os casos de estupro, risco de vida da mãe e anencefalia do feto, com aval da Justiça.

Estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam a ocorrência de 55 milhões de abortos anualmente em todo o mundo, sendo 6 milhões na América Latina e 3 milhões no Brasil - a metade de todo o continente. Ou seja, expõem uma burla sistemática na legislação vigente, envolvendo, além das próprias gestantes, médicos aventureiros, farsantes ou curandeiros, não importa. Importa é que milhões de vidas são rotineiramente submetidas a um risco que poderia ser evitado. As consequências derivadas dos abortos clandestinos é a terceira causa da mortalidade de mulheres em nosso país.

É imperioso pensar, repensar e discutir a questão com racionalidade e - por que não? - uma boa dose de tolerância, pois qual valor daremos ao sofrimento de tantas e tantas mulheres que, por diversas razões, têm de se submeter à degradante circunstância da ilegalidade do aborto, com todos os seus riscos e efeitos de ordem física e moral? Que educação sexual o Estado oferece, quais métodos contraceptivos mais efetivos podem ser disponibilizados para evitar a gravidez indesejada, quais as campanhas e de que forma elas podem ser realizadas em uma sociedade com profundo senso religioso a ser considerado?

Estas perguntas reclamam resposta. Oferecer a uma nova geração mulheres educação de qualidade e democratizar o acesso a métodos contraceptivos para enfrentar o problema da gravidez indesejada é necessário e urgente; ao mesmo tempo, não se deve impor, pela via Penal, um padrão de conduta baseado em valores religiosos - pessoais e inabaláveis, sim, mas que dizem respeito a cada indivíduo - para jogar na vala comum da marginalidade milhões de mulheres que arriscam a própria vida em nome da liberdade de escolher".


O artigo "Gravidez indesejada" é de autoria da secretária-geral adjunta do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Márcia Regina Machado Melaré.

Fonte: oab.org.br

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

500 anos esta noite

De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.

De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.

De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.

Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.

Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.

No continente de esporas de prata
e rebenque,
o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.

Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.

(Pedro Tierra)
Brasília, 31 de outubro de 2010.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma, nossa presidentA!

Ainda falaremos muito sobre o que significa a eleição da primeira mulher presidenta do Brasil, mas, o que queremos registrar é a felicidade de viver este momento e ouvir no discurso de Dilma seu compromisso com o avanço da igualdade entre homens e mulheres.

Infelizmente, no Pará ganhou a eleição para o Governo do Estado o representante do projeto neoliberal do PSDB, Simão Jatene. Estaremos na luta para que não haja retirada de direitos, precarização de serviços públicos, nem privatizações.