quarta-feira, 28 de julho de 2010

Brasil é o penúltimo na promoção da igualdade de gênero

O Brasil ocupa a penúltima posição num ranking geral que mede os esforços de 16 países latinoamericanos e caribenhos na promoção da igualdade de gênero. O mau desempenho do país foi medido através de uma ferramenta batizada de ISOQuito, que monitora quase todos os países que assinaram o Consenso de Quito, em 2007, no Equador. O resultado foi apresentado na última semana, durante a XI Conferência Regional das Mulheres, realizada em Brasília (DF).
Após três anos de implementação de políticas públicas, com exceção do Brasil, os países do Cone Sul tiveram melhor desempenho em diversos quesitos. O Chile apresenta o maior índice na promoção do bem estar para as mulheres. Em relação à paridade econômica e do trabalho, o Uruguai está em primeiro lugar.

No terceiro aspecto avaliado, a paridade na tomada de decisões, a Argentina lidera o índice. Nesse quesito, o Brasil é o último colocado.

A autonomia física, política e econômica está entre as diretrizes estabelecidas pelo Consenso de Quito. O desempenho de cada país é baseado em dados em dados do Observatório Regional de Paridade de Gênero da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).

Fonte: RadioCom

terça-feira, 27 de julho de 2010

Vida corrida, blog parado

Apesar de ser um mês em que as pessoas tem mais tempo livre, as atualizadoras do Blog tem passado maus bocados... em termos de tempo! Cecília veio ao mundo e o calendário não tá brincadeira.

Desculpem-nos, mas o mundo real nos demanda (e como!).

Sempre que possível, estaremos por aqui.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O CASO 'ELIZA SAMUDIO' E O MACHISMO TOTAL

O caso Eliza Samudio
Que tem chocado o Brasil
Emerge como prelúdio
De um grande desafio:
Exortar nossa Justiça
Pra deixar de ser omissa
Ante o machismo tão vil!

Trata-se de um momento
De grande reflexão
Pois não basta só lamento
Ou alguma oração
É hora de provocar
Propondo um outro olhar
Sobre processo e ação

Saiu na televisão
Rádio, internet e jornal
Notícia em primeira mão
Toda manchete é igual:
Ex-amante de goleiro
(Aquele cheio de dinheiro!)
Sumiu sem deixar sinal

Muita especulação
- discurso de autoridade-
Uns dizem que é armação
Outros dizem que é verdade
Polícia e delegacia
Justiça e promotoria:
Fogueira de vaidades!

Mei-mundo de advogados
Investigação global
Cada um no seu quadrado
Falando em todo canal
Subjacente a tudo
Um peixe muito graúdo:
Androcentrismo total!

A mídia fala em Bruno
Eliza e gravidez
Flamengo, orgia e fumo
-esta é a bola da vez!-
Tem muito 'especialista'
Em busca de alguma pista
Pra ser o herói do mês

E a história se repetindo
Mudando apenas o nome
Outra mulher sucumbindo
Sob ameaça dum homem
Uma vida abreviada
Cuja morte anunciada
A estatística consome

Assim é a violência
Lançada sobre a mulher
Ela pede providência
E cara faz o que quer
Mas a Justiça, que é lerda,
Machista, 'fazendo merda'
Vem com papo de mané

E oito meses depois
Da 'denúncia' inicial
Que é o feijão com arroz
Do distinto tribunal
Nadica de nada existe
Mas autoridade insiste
Que isto, sim, é normal:

?A culpa é do Instituto
Que não mandou o exame?
- isto soa como insulto
e daqueles mais infame-
Não era caso de urgência?
-tenha santa paciência!-
Para que serve um ditame?

A moça buscou amparo
Na Justiça do país
Agiu correto, é claro
E esperou do juiz
O tal reconhecimento
Sobre o pai do seu rebento
Tendo a vida por um triz

Também fez comunicado
Ao campo policial
Dizendo que o namorado
Praticou crimes e tal
Buscou as vias legais
Enfrentou feras reais
Terá sido este o seu mal?

Mesmo com a delegacia
Dita especializada
E com toda a apologia
De uma Lei avançada
Faltou ter a ruptura
Com aquela velha cultura
De que a mulher é culpada

E o cumprimento legal
No caso, muito importante
Seria mais um arsenal
Para enfrentar o gigante
Mudar a mentalidade
De nossas autoridades
É fator preponderante

E para que isto ocorra
Entre outra alternativa
Antes que mais uma morra
E o caso fique à deriva
É preciso compreender
Que Justiça é pra fazer
Enquanto a mulher tá viva!

Sei que nada justifica
Que haja tanta demora
E enquanto o caso complica
A vítima 'já foi embora'
Sem medida protetiva!
Sequer prisão preventiva!
Quanta inoperância aflora!

Se o exame era necessário
À elucidação do crime
O Estado-perdulá rio
Neste campo fez regime
Ficando no empurra empurra
No velho: ''mulher é burra,
e joga no outro time?

Todo crime tem problemas
e toda diversidade
Assim como há esquemas
Também há dificuldades
Mas pra mim é evidente
Que o machismo presente
Premia a impunidade
Machismo compartilhado

Por gente de toda cor
Do goleiro ao empregado
Do primo ao executor
Autoridades também
Implicitamente têm
Um machismo inspirador

Cada 'doutor' se expressa
Centrado no garanhão
É o mote da conversa:
Fama, grana e traição
Ao se referir a ela
Falam da menina bela
Que fez filme de tesão

Falta a compreensão
Da questão relacional
Gênero, classe, profissão
Cor e status social
O processo é narrativa
Que emerge da saliva
Falocêntrica- legal

E ainda que alguns digam
?Oh, Eliza, coitadinha?
E suas doutrinas sigam
Desvendando pegadinhas
A escola dogmática
Do direito-matemá tica
Perpetua ladainhas

Processo judicial
Só serve para punir?
Havia tanto sinal...
Não dava pra prevenir?
E a tal ação civil?
Alimentos deferiu?
Para o bebê consumir?

É um momento de dor
Para a família dos dois
O caso é multifator
Não basta dar nome aos bois
A lógica policial
Cartesiana e formal
Festeja tudo depois

Por isso se faz urgente
Conjugar gênero e direito
Pois um trabalho decente
Que surta algum efeito
Não se limita a julgar
Mas também a estudar
O cerne do preconceito

Homens que matam mulheres
Em relações de poder
Isto tem se dado em série
Mas é preciso entender
Que subjaz ao evento
Um histórico comportamento
Que vai construindo o ser

A nossa sociedade
Apesar da evolução
Reproduz iniquidade
E também muita opressão
Homem que bate em mulher
- E ?ninguém mete a colher? -
Sempre foi uma 'lição'

Aprendida por goleiros
Delegados, professores
Motoristas, marceneiros
Pedreiros e promotores
Garçons e malabaristas
Médicos e taxistas
Juízes e adestradores

Por isto em nossos dias
De conquistas sociais
De novas filosofias
Direitos especiais
Não podemos aceitar
Justiça só pra apurar
Crimes tão excepcionais

Que a Justiça também
Sirva para (se) educar
Chega deste nhém-nhém-nhém
Deste eterno blá-blá-blá
A Lei Maria da Penha
Existe pra que não tenha
Tanta morte a lamentar!!!

Salete Maria
http://www.cordelirando.blogspot.com/

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Mulheres trabalham mais e ganham menos em toda a América Latina

A carga de trabalho, remunerado e doméstico, das mulheres é superior a dos homens em toda a América Latina, segundo documento divulgado nesta terça-feira (13) pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) em virtude da 11º Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, que começou hoje e vai até o dia 16 em Brasília.


No Brasil, as mulheres dedicam 56,6 horas semanais ao trabalho enquanto os homens ocupam 52 horas. No México, no entanto, as mulheres dedicam 76,3 horas, contra apenas 58,4 dos homens.

O relatório examina as conquistas e desafios enfrentados pelos governos da região em matéria de igualdade de gênero, que aponta a participação do Estado, do mercado e das famílias, segundo Alicia Bárcena, Secretária Executiva da Cepal.

- Não será possível conseguir igualdade de trabalho para as mulheres enquanto não for resolvida a carga de trabalho não remunerado e de cuidados que recai historicamente sobre elas.

Dados de 2008 mostram que 31,6% das mulheres de 15 anos ou mais na região não tinham renda própria, enquanto que somente 10,4% dos homens estavam nessa condição.

Ainda assim, as mulheres superam os homens em termos de desemprego (8,3% contra 5,7%) e embora a brecha salarial entre os gêneros tenham diminuído – a renda média das mulheres passou de 69% em 1990 para 79% em 2008 –, as mulheres continuam tendo maior representação em ocupações com menor nível de remuneração.

O documento aponta que as mulheres costumam ser sub-representadas em posições de alto nível hierárquico e ainda recebem salários menores para um trabalho de igual valor que o dos homens.

Entre as propostas apresentadas pela Cepal para solucionar o problema da desigualdade estão: uma maior participação do Estado, igualdade no sistema público e privado e redistribuição do trabalho total.

Fonte: R7

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cuidados necessários em julho

Julho é realmente um mês especial. Tudo fica mais tranquilo, mais lento. É hora de calçar chinelos, colocar os óculos escuros e nunca (nunca mesmo) esquecer o filtro solar.

Para as mulheres, sempre é bom recomendar cuidados extras com a segurança pessoal:

  • Não aceite bebida de estranhos - sempre ouvimos relatos de mulheres que somem, sofrem violência física e sexual, muitas vezes de vários homens, pois elas apagam por substâncias adicionadas a bebidas (mesmo refrigerantes).
  • Não ande sozinha em áreas sem movimento e iluminação - assim você evita se expor também à furtos e outras situações.
  • Use camisinha - depois do carnaval e do verão, mais precisamente 9 meses depois, a taxa de natalidade aumenta, ou seja, as pessoas relaxam com a prevenção.
  • Evite uso de banheiros públicos - muitas doenças são adquiridas assim porque as condições de higiene são péssimas, maaaas, dá pra amenizar com produtos que lhe possibilitam fazer xixi em pé. Além disso, nunca esqueça do seu próprio rolo de papel higiênico e alcool gel (já reparou que nunca há sabonete e toalha?!). Outra medida em relação aos banheiros é nunca ir sozinha, chame uma amiga, namorado, rolo, irmão etc.
  • Não fique horas com o biquini molhado - isso favorece fungos e outros problemas ginecológicos.

No mais, boas férias, sejam de farra ou descanso pra vocês.

Pra quem vai ficar trabalhando, fica de consolo curtir suas férias no momento em que os balneários estão mais calmos e tuuudo é mais barato.

QUEM QUISER ACRESCENTAR ALGO À LISTA, FAÇA SEU COMENTÁRIO!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Indignação contra charge de Nani - Parte II

 Mais manifestações sobre a charge...


Nota de Repúdio da Diretoria de Mulheres da UNE

A União Nacional dos Estudantes vem a público repudiar a charge do cartunista Nani reproduzida no blog do jornalista Josias de Souza no dia 8 de julho de 2010 por se tratar de uma manifestação absurda do machismo que atinge diariamente as mulheres.

O preconceito expresso na nota é fruto do estranhamento que ainda há, por parte de alguns, à presença das mulheres nos espaços da política e da disputa de poder. É como se isso não pertencesse as mulheres e como se não tivessem direito à participação política, exatamente como séculos atrás. É como se a pena para essa desobediência fosse a desqualificação moral, os ataques pessoais e a violência. É como se o tempo todo estivessem dizendo: a política não lugar das mulheres.

É comum que mulheres na política sejam ofendidas e desqualificadas a partir de elementos da sua vida pessoal - com uma rigorosa observação em relação ao seu estado civil, sua sexualidade e sua dedicação ao trabalho doméstico -; ou com adjetivos que em nada podem adjetivar sua atuação política. Esse constrangimento imposto às mulheres tem o objetivo nítido de restringir sua presença no “masculino” espaço público.

O chargista e o blogueiro utilizam-se do machismo para desqualificar o comportamento político da candidata Dilma Roussef, por isso colocam-se entre aqueles que consideram intolerável a presença das mulheres nos espaços públicos.

Pela sua história de luta contra qualquer forma de discriminação, a UNE condena a charge e sua publicação, esperando que a campanha eleitoral não seja marcada pelo derespeito a inúmeras brasileiras que ousaram desafiar neste ano de 2010 o machismo presente na política.
Diretoria de Mulheres da União Nacional dos Estudantes

O caso Bruno

Quase que diariamente invadem às nossas casas e nossas vidas notícias sobre mulheres vítimas da violência doméstica.

O caso "de hoje" da mídia é o do goleiro Bruno, do Flamengo, o que choca nesse caso, é a brutalidade, a frieza e em minha opinião, a premeditação, o planejamento. Não se fala mais em "calor do momento", "forte emoção", impossível.

Do dicionário 'PREMEDITAR: v.t. Decidir com antecedência, depois de reflexão.'

É a face cruel do patriarcado na sociedade.

Abaixo um texto muito interessante da Antropóloga Débora Diniz sobre o caso.

Patriarcado da violência

A brutalidade não é constitutiva da natureza masculina, mas um dispositivo de uma sociedade que reduz as mulheres a objetos de prazer e consumo dos homens

Eliza Samudio está morta. Ela foi sequestrada, torturada e assassinada. Seu corpo foi esquartejado para servir de alimento para uma matilha de cães famintos. A polícia ainda procura vestígios de sangue no sítio em que ela foi morta ou pistas do que restou do seu corpo para fechar esse enredo macabro. As investigações policiais indicam que os algozes de Eliza agiram a pedido de seu ex-namorado, o goleiro do Flamengo, Bruno. Ele nega ter encomendado o crime, mas a confissão veio de um adolescente que teria participado do sequestro de Eliza. Desde então, de herói e "patrimônio do Flamengo", nas palavras de seu ex-advogado, Bruno tornou-se um ser abjeto. Ele não é mais aclamado por uma multidão de torcedores gritando em uníssono o seu nome após uma partida de futebol. O urro agora é de "assassino".
O que motiva um homem a matar sua ex-namorada? O crime passional não é um ato de amor, mas de ódio. Em algum momento do encontro afetivo entre duas pessoas, o desejo de posse se converte em um impulso de aniquilamento: só a morte é capaz de silenciar o incômodo pela existência do outro. Não há como sair à procura de razoabilidade para esse desejo de morte entre ex-casais, pois seu sentido não está apenas nos indivíduos e em suas histórias passionais, mas em uma matriz cultural que tolera a desigualdade entre homens e mulheres. Tentar explicar o crime passional por particularidades dos conflitos é simplesmente dar sentido a algo que se recusa à razão. Não foi o aborto não realizado por Eliza, não foi o anúncio de que o filho de Eliza era de Bruno, nem foi o vídeo distribuído no YouTube o que provocou a ira de Bruno. O ódio é latente como um atributo dos homens violentos em seus encontros afetivos e sexuais.
Como em outras histórias de crimes passionais, o final trágico de Eliza estava anunciado como uma profecia autorrealizadora. Em um vídeo disponível na internet, Eliza descreve os comportamentos violentos de Bruno, anuncia seus temores, repete a frase que centenas de mulheres em relacionamentos violentos já pronunciaram: "Eu não sei do que ele é capaz". Elas temem seus companheiros, mas não conseguem escapar desse enredo perverso de sedução. A pergunta óbvia é: por que elas se mantêm nos relacionamentos se temem a violência? Por que, jovem e bonita, Eliza não foi capaz de escapar de suas investidas amorosas? Por que centenas de mulheres anônimas vítimas de violência, antes da Lei Maria da Penha, procuravam as delegacias para retirar a queixa contra seus companheiros? Que compaixão feminina é essa que toleraria viver sob a ameaça de agressão e violência? Haveria mulheres que teriam prazer nesse jogo violento?
Não se trata de compaixão nem de masoquismo das mulheres. A resposta é muito mais complexa do que qualquer estudo de sociologia de gênero ou de psicologia das práticas afetivas poderia demonstrar. Bruno e outros homens violentos são indivíduos comuns, trabalhadores, esportistas, pais de família, bons filhos e cidadãos cumpridores de seus deveres. Esporadicamente, eles agridem suas mulheres. Como Eliza, outras mulheres vítimas de violência lidam com essa complexidade de seus companheiros: homens que ora são amantes, cuidadores e provedores, ora são violentos e aterrorizantes. O difícil para todas elas é discernir que a violência não é parte necessária da complexidade humana, e muito menos dos pactos afetivos e sexuais. É possível haver relacionamentos amorosos sem passionalidade e violência. É possível viver com homens amantes, cuidadores e provedores, porém pacíficos. A violência não é constitutiva da natureza masculina, mas sim um dispositivo cultural de uma sociedade patriarcal que reduz os corpos das mulheres a objetos de prazer e consumo dos homens.
A violência conjugal é muito mais comum do que se imagina. Não foi por acaso que, quando interpelado sobre um caso de violência de outro jogador de seu clube de futebol, Bruno rebateu: "Qual de vocês que é casado não discutiu, que não saiu na mão com a mulher, né cara? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher". Há pelo menos dois equívocos nessa compreensão estreita sobre a ordem social. O primeiro é que nem todos os homens agridem suas companheiras. Embora a violência de gênero seja um fenômeno universal, não é uma prática de todos os homens. O segundo, e mais importante, é que a vida privada não é um espaço sacralizado e distante das regras de civilidade e justiça. O Estado tem o direito e o dever de atuar para garantir a igualdade entre homens e mulheres, seja na casa ou na rua. A Lei Maria da Penha é a resposta mais sistemática e eficiente que o Estado brasileiro já deu para romper com essa complexidade da violência de gênero.
Infelizmente, Eliza Samudio está morta. Morreu torturada e certamente consciente de quem eram seus algozes. O sofrimento de Eliza nos provoca espanto. A surpresa pelo absurdo dessa dor tem que ser capaz de nos mover para a mudança de padrões sociais injustos. O modelo patriarcal é uma das explicações para o fenômeno da violência contra a mulher, pois a reduz a objeto de posse e prazer dos homens. Bruno não é louco, apenas corporifica essa ordem social perversa.
Outra hipótese de compreensão do fenômeno é a persistência da impunidade à violência de gênero. A impunidade facilita o surgimento das redes de proteção aos agressores e enfraquece nossa sensibilidade à dor das vítimas. A aplicação do castigo aos agressores não é suficiente para modificar os padrões culturais de opressão, mas indica que modelo de sociedade queremos para garantir a vida das mulheres.

DEBORA DINIZ É ANTROPÓLOGA E PROFESSORA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Fonte: http://www.estadao.com.br/especiais/

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Indignação contra charge de Nani

No Twitter, várias pessoas tem se manifestado contra a charge pejorativa sobre candidata Dilma. Vejam o que Leci Brandao diz a respeito desta falta de respeito:

"Quero registrar o meu REPÚDIO à falta de respeito que o o cartunista NANI teve com uma mulher que é candidata à Presidência da República."

sábado, 10 de julho de 2010

Liberdade de imprensa?!

Nota de Repúdio

A charge do cartunista Nani reproduzida no blog do jornalista Josias de Sousa no dia 8 de julho de 2010 é absurda, indigna e ofensiva não só a dignidade da candidata Dilma Roussef, mas extensiva a todas as mulheres brasileiras independente de suas escolhas político-partidárias.

Só em uma sociedade midiática em que predominam ainda valores machistas é possível veicular “impunemente” uma charge tão desqualificadora das mulheres e tão discriminadora com as profissionais do sexo, as quais ainda se constituem como objeto de usufruto masculino.

Além do desrespeito e deselegância presentes na charge sobre a mulher na política, esta candidata tem uma história de luta contra o conservadorismo e as injustiças sociais, a charge reforça o preconceito sexista em relação as mulheres na política, desqualificando-as e fortalecendo o poder masculino.

Por onde irá se conduzir a ética dos comentaristas e chargistas políticos no vale-tudo da campanha eleitoral abrigados sob o teto da liberdade de imprensa?

Lourdes Bandeira e Hildete Pereira

Brasília, 8 de julho de 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O primeiro Comitê a gente nunca esquece...

Este documento histórico faz parte do arquivo da Salete. Foi nosso primeiro Comitê Estadual da Marcha Mundial das Mulheres no Pará, em 2005. Que emoção!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

No dia 06 de julho de 1907, nascia a Frida Kahlo.

André Breton dizia de Frida Kahlo: “Não existe [pintura] mais exclusivamente feminina no sentido em que, para ser a mais tentadora, ela consente de bom grado em ser ora a mais pura, ora a mais perniciosa. A arte de Frida é uma fita ao redor de uma bomba”.


Por Tais Machado* via Ofensiva Contra o Machismo.

Assustador, não? Como compreender uma mulher como Frida Kahlo, como compreender uma mulher? E como entender a arte feminina?

Não serei eu de tamanha ousadia para tentar responder a tais questões. Além do mais, não quero estragar essa que pode ser uma aventura para os homens.

Não gosto de receitas prontas, aprecio a singularidade. E há tanto mais… enquanto as ignorâncias e preconceitos permanecem ganhando espaços. Mas, gosto da troca de impressões, do mistério, do refletir, estudar e dialogar.

Considerar as fitas que tentam colocar sobre bombas, ainda hoje, é no mínimo interessante. Em meio às nossas aventuras, vocações e buscas pela transcendência queremos encontrar a beleza. Como dizia Paul Tillich: “As religiões não são as únicas instâncias capazes de oferecer respostas (ou propostas) para lidarmos com a vida. A arte também é capaz, à sua maneira, de reencantar o mundo”.

Beleza, arte, aventuras e travessuras me parecem estar predominantemente ligadas. A própria Frida, em carta a um amigo, disse: “Há pouco, há alguns dias apenas, era uma criança que evoluía num mundo de cores, de formas duras e tangíveis. Tudo era misterioso e alguma coisa estava escondida: adivinhar do que se tratava era uma brincadeira para mim”. Anos mais tarde, Salvador Dali falou: “Em minha arte, obedeço a essa paixão do tesouro escondido”.

Mesmo nos cantos da vida procuramos encantos. Queremos nos aventurar e encontrar. O psiquiatra Paul Tournier escreveu um livro só sobre a aventura humana e coloca como instinto nosso tal sede. Ele comenta sobre as aventuras fictícias e as reais, e olha que nem tinha, à época, vídeogame, internet e todo o aparato tecnológico que apoia e estimula nossos desejos.

As trilhas que cada um segue têm riscos e têm a ver com escolhas pessoais, nem sempre assumidas. Como diria Tournier: “Uma aventura verdadeira tem sempre um caráter eminentemente pessoal e exige uma decisão totalmente pessoal”. Cada um enfrenta o mundo e seus juízos da maneira que acha mais adequada dentro de seu universo particular. Claro, há que se levar em conta o que bem disse Theodore Roszak: “No fim das contas, talvez seja o mau hábito dos gênios criativos de investir-se em extremos patológicos que produza insights notáveis, mas isso acaba não proporcionando nenhum modo de vida duradouro para aqueles que não conseguem traduzir suas feridas psíquicas em arte ou pensamentos expressivos”.

Tem gente que vive só de rascunhos, com medo de expor seus achados. E o medo pode levar pra bem longe a capacidade de bem se divertir. O lúdico escapa ao cotidiano e a vida vai ficando monocromática, de um jeito que só a melancolia ganha. Tem gente que despreza as “pequenas” escolhas e banaliza as oportunidades, perdendo reencantamentos tão próximos e possíveis.

Alguns enterraram o que ainda estava vivo – um verdadeiro crime. Outros não perceberam que o olhar adoeceu e desperdiçam a beleza singela, discreta em nossas esquinas. E há aqueles cuja forma enrijeceu a alma e já nem reverenciam o mistério em suas diversas manifestações.

Ai daqueles que não buscam respostas porque já nem ouvem as perguntas.

Taís Machado é psicóloga e docente em seminários teológicos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Trupe Imaginarte hoje e amanhã

Gente, a Trupe Imaginarte, que faz seus ensaios na Casa da Juventude do Governo do Estado, é muito bacana e a Lili da Marcha participa dela.

Clique na imagem para ampliá-la e leia tim-tim por tim-tim do espetáculo "Retratos de Holanda" que a Trupe apresentará dias 1 e 2 de julho, no Gasômetro, às 19h.

Vamos prestigiar!

Carnificina é não descriminalizar o aborto

29/06/2010. "Um direito da mulher, um dever do Estado". Confira nota publicada por quatro centrais sindicais (CUT, CTB, Força Sindical e UGT), repudiando as declarações do candidato tucano à presidência da República sobre a realidade da prática de aborto no país e a luta pela sua legalização.

As Centrais Sindicais brasileiras repudiam e manifestam a sua indignação à declaração do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, que afirmou nesta segunda-feira, dia 21, durante sabatina do Jornal Folha de São Paulo, que não mexeria na atual legislação sobre o aborto. Para ele "liberar o aborto criaria uma verdadeira carnificina no país."

É lamentável que um candidato a presidência da República tenha essa postura. Ao fazer essa declaração, ele fecha os olhos para milhares de mulheres que recorrem ao aborto como o último recurso para evitar uma gravidez indesejada e não como um método anticoncepcional.

Não há mulher ou homem que defenda o direito ao aborto, que considere a interrupção da gravidez uma decisão fácil, pelo contrário, é uma decisão difícil para a imensa maioria das mulheres que precisam recorrer a ele, podendo gerar conseqüências tanto físicas quanto psicológicas.

O reconhecimento do direito das mulheres em decidir sobre sua sexualidade e reprodução é o princípio dos direitos humanos e da cidadania que substancia os direitos sexuais e os direitos reprodutivos.

Serra parece desconhecer os números apresentados pelos países onde o aborto foi legalizado e é realizado em condições seguras e adequadas. Nesses locais houve redução do número de abortos, da mortalidade materna e das seqüelas provocadas pelos abortos realizados em péssimas condições. Só para se ter uma idéia, enquanto a taxa de aborto por 1.000 mulheres é de 4/1.000 em países como a Holanda, no Brasil a estatística é 10 vezes maior: 40/1.000. E na África do Sul, país que legalizou o aborto em 1997, a mortalidade materna caiu mais de 90% desde então.

Surpreende que um ex-ministro da Saúde faça uma declaração tão irresponsável como essa. Ele conhece os números do Sistema Único de Saúde. Quando Ministro da Saúde, José Serra foi pressionado a aprovar a norma técnica que assegura o acesso ao aborto legal no SUS. Ele sabe muito bem a quantidade de mulheres atendidas com hemorragia ao tentar fazer abortos em condições precárias. Sabe que a carnificina que ocorre é aquela patrocinada pela hipocrisia, pelos conservadores, moralistas, que fecham os olhos à realidade vivida por milhares de mulheres, que a cada dia, colocam suas vidas e sua saúde em risco, especialmente as pobres.

Ao utilizar o termo carnificina, Serra propaga o caos e a desordem, o pânico.

Por isso, nós Centrais Sindicais, abaixo assinadas reiteramos nosso repúdio às palavras de José Serra e reforçamos o compromisso que assumimos na Assembléia Nacional da Classe Trabalhadora realizada no dia 1º de junho de 2010, onde as centrais assumiram a luta pela descriminalização do aborto e seu tratamento enquanto questão de saúde pública.

Não podemos aceitar que o Estado controle o corpo das mulheres e imponha a maternidade como um destino obrigatório a todas as mulheres.

Central Única dos Trabalhadores
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
Força Sindical
União Geral dos Trabalhadores