segunda-feira, 1 de agosto de 2016

DECLARAÇÃO DA MARCHA INTERNACIONAL CONTRA O MILITARISMOS

A MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES CONTRA O MILITARISMO, O FUNDAMENTALISMO E A VIOLÊNCIA

O aumento do militarismo, o fundamentalismo, a violência e a, a morte e a opressão e extrema-direita é cada vez mais patente atingindo a vida das mulheres e das comunidades de todo o mundo de diversas formas. O fundamentalismo religioso e cultural continua a alastrar o terror, a morte e a opressão e alimenta grupos de extrema-direita que rapidamente têm vindo a ganhar cada vez mais força. Por outro lado, os governos capitalistas usam a segurança nacional e a luta contra o terrorismo como fundamento para interferir na política internacional, com o objetivo de controlar os recursos naturais, restringir a imigração, limitar os direitos civis e criminalizar os protestos.
É este o círculo vicioso no qual hoje nos encontramos. O fundamentalismo está a gerar mais fundamentalismo. A violência tem como resposta mais violência. As guerras são “prevenidas” com o reforço das forças armadas. Entretanto, gente inocente, famílias, comunidades, civis de todo o mundo sofrem as consequências desta loucura.
No dia 14 de Julho, um sangrento massacre teve lugar em Nice (França) com um balanço total de 84 pessoas mortas e outras 303 feridas. Reações de todo o mundo a este trágico acontecimento acompanhama teoria do choque das civilizações e sugerem a necessidade de uma maior controle e militarização.
Na Turquia, a 15 de Julho, o Exército anunciou tomar o poder e declarou o toque de recolher desde a o canal de televisão pública TRT. O presidente Erdogan rapidamente tirou proveito do falhado golpe de estado para lançar uma campanha de caça às bruxas contra a sua oposição, não apenas contra os militares implicados na tentativa de golpe, como também procuradores, jornalistas, juízes e funcionários do ensino forma cercados. Enquanto islamitas radicais ocupam as ruas, as forças democráticas têm sido oprimidas e as mulheres são constantemente assediadas pelos apoiantes de Erdogan.
A tentativa de golpe de estado falhou com mais de 200 pessoas mortas e o pior parece estar ainda para chegar porque a purga está a ser alargada a outros sectores. Nos últimos dias, cerca de 6.000 pessoas foram presas e muitas mais foram despedidas ou suspendidas das suas funções. Este é o caso de 9.000 agentes de polícia, 2.700 juízes e 15.000 pessoas no âmbito educativo. Para além disso, foram revocadas 24 licenças de rádio e TV depois da tentativa de golpe.
O governo opressor de Erdogan tem mantido a Turquia no caos e conflito permanentes nos últimos anos e parece que a tentativa de golpe está a ser usada como desculpa para manter a sua ditadura islamo-fascista, aumentar o controlo e a repressão de qualquer oposição, assim como suprimir os Direitos Humanos no país.
Nós, Marcha Mundial das Mulheres, denunciamos uma vez mais a militarização, o aumento das despesas armamentistas e a estratégia de combater a violência com mais violência. Sabemos que estas estratégias apenas acarretam mais desgraças às mulheres e às comunidades de todo o mundo. Sabemos que alimentam os fundamentalismos e polarizamo nosso mundo. Este não é o mundo que queremos.
Hoje enviamos a nossa solidariedade e força a todas as nossas companheiras da Marcha Mundial das Mulheres na Turquia que estão na linha da frente na defesa da democracia e dos direitos das mulheres. Estendemos a nossa solidariedade ao povo curdo e ao resto dos povos e comunidades que vivem na Turquia. 
-          Exigimos ao Presidente Erdogan e ao seu governo que cesse imediatamente as detenções, a tortura e as purgas arbitrárias no país. Qualquer ação tomada pelo governo deve cumprir a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como os restantes protocolos internacionais firmados pela Turquia.
-          Pedimos à comunidade internacional, especialmente às Nações Unidas e à União Europeia, que monitorize a situação de perto com o objetivo de garantir que o Estado de Direito se mantenha vigente, que os Direitos Humanos sejam respeitados e para evitar que a Turquia seja arrastada para uma situação mais caótica e com um conflito mais grave.
-           
A Marcha Mundial das Mulheres une-se em solidariedade com as mulheres e povos da Turquia e França, assim como todos os povos que sofrem violência, fundamentalismo, terrorismo e militarização. Seguiremos em Marcha até que todas as mulheres vivam em Paz, Justiça e Liberdade.
MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

segunda-feira, 25 de julho de 2016

A MULHER NEGRA É A MAIOR VÍTIMA DE VIOLÊNCIA NO BRASIL

* Por Ana Carla Franco e Julia Gabriela Leão Monteiro

Segundo dados do último mapa da violência, elaborado em 2015 pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, o homicídio de mulheres negras aumentou 54% em 10 anos, enquanto que o de brancas reduziu 10% no mesmo período, além de evidenciar que a mulher negra também é a maior vítima de estupro. Mas por que as negras são as maiores vítimas?

Assim como os demais países latino-americanos, o Brasil ainda sofre com o racismo estrutural e estruturante em nossa sociedade, fruto de uma cultura escravocrata e colonialista. A população negra não recebeu nenhum tipo de atenção ou política de integração com o fim da escravidão, sendo jogados à margem da sociedade. Para as mulheres negras a situação é pior, pois além de serem vítimas de racismo, sofrem com a violência sexista, sendo utilizadas como objeto sexual por séculos, formando uma cultura que se arrasta até os dias atuais. Em resumo, a camada social mais pobre e marginalizada é a que mais sofre com a violência.

Em face desta situação, uma forte articulação de mulheres nas áreas de comunicação, cultura, acadêmica e afins na América Latina e Caribe organizou o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas em 1992 na República Dominicana, que resultou na criação de uma Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e a celebração do dia 25 de Julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha, internacionalizando assim o debate do feminismo negro, que surgiu a partir da década de 70, impondo a necessidade de interseccionalidade de gênero, raça, classe, etnia, orientação sexual e religiosidade, significando assim uma ruptura com um feminismo que não nos contempla, que historicamente foi hegemonizado por mulheres brancas e de classe alta.

Neste dia, pretendemos dar visibilidade à vulnerabilidade da mulher negra em nossa sociedade marcada pelo racismo patriarcal heteronormativo, que vitimiza de forma desproporcional a população de mulheres negras e pobres, além de lutar para o fomento de políticas que venham a atender esta camada e possamos diminuir os índices de violência apontados. As mulheres negras seguem em marcha neste dia pois precisamos dialogar sobre esta problemática.
O protagonismo das mulheres negras no movimento feminista é outro ponto que temos que dialogar. Cadê elas no movimento? E quando estão, quais os papeis delegados às companheiras das quebradas, das periferias, as nossas irmãs negras? Precisamos das vozes das negras, das suas pautas, que são violadas cotidianamente nesse sistema. Até quando, irmã branca, tu vais querer monopolizar a fala? Não é pra diluir o movimento, mas temos que ser diversas em nossas vozes, em nossas lutas, em nossos olhares. Todas são bem vindas pra chegar e construir o movimento feminista, precisamos muito unir forças, mas jamais monopolizar as pautas. Somos muitas e diversas! Não podemos esquecer que temos que passar o bastão do movimento para todas, e nesta luta seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!




*Ana Carla é mulher negra, militante da Marcha Mundial das Mulheres-PA, Servidora Pública e estudante de Ciências Sociais na UFPA.

* Júlia Gabriela é mulher negra, militante da Marcha Mundial das Mulheres-PA, Mestra em Ciência da Religião e professora em Manaus.

terça-feira, 12 de julho de 2016

MULHERES ORGANIZADAS MUDAM O MUNDO


Segunda, dia 11 de julho, a Marcha Mundial das Mulheres do Pará  reuniu para avaliar as atividades do primeiro semestre de 2016, nossa inserção nos debates e lutas que surgiram na conjuntura e organizar a programação do semestre que entra.

Teve participação no 8 de março, finalização positiva do projeto executado pela Marcha "Inclusão e Igualdade: Construindo autonomia econômica e política das mulheres", edital da SPM, Pré - Encontro de Mulheres Estudantes no IFPA, com apresentação de documentário e exposição fotográfica "Quem disse que não?", produzido pela Kamila Nascimento, Laís Côrtes e Laís Teixeira. 
Participamos de oficina/formação sobre violências, com as mulheres catadoras da coleta seletiva de Belém, criamos o núcleo da Marcha em Santo Antônio do Tauá, fizemos oficina de batucada na ocupação do MINC e fortalecemos o debate da Economia Solidária e Feminista dentro da Marcha através da RESF (Rede de Economia Solidária e Feminista).

Além de tudo isso, estivemos presentes em todos os atos de rua em favor da democracia e denunciando o golpe conservador e machista em curso no país, com a irreverencia da Batucada Feminista, uma de nossas principais identidades.

Feira de Economia Solidária, intervenções políticas, curso de formação feminista, debates, atividade financeira, encontro estadual e muita, muita organização, aguardam as mulheres da MMM-PA. As que não puderam estar no planejamento e quiserem somar conosco serão sempre muito, muito bem vindas. 

Nossas reuniões continuarão sendo quinzenais, às 17h30, no Sindicato dos Bancários. Ao lado, estarão as datas atualizadas das atividades para que todas possam se planejar e participar.

É por um mundo melhor, pela igualdade e autonomia econômica e política das mulheres que estamos todos os dias lutando contra o capital, o mercado e todas as formas de opressão.

Arregaça as mangas mulherada! Tem muita luta!
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!!!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Tem Núcleo Novo da MMM, agora é a vez de Santarém Novo - Pa

Ocorreu no último sábado (13), na sede do Projeto Ação Mulher, a construção do núcleo da Marcha Mundial das Mulheres, em Santarém Novo – Pa.
Como parte do planejamento da MMM-PA para 2016, este momento dedicou-se a construção de um núcleo da MMM em Santarém Novo. Foi realizada uma reunião com as mulheres participantes do projeto Ação Mulher, coordenado pela vereadora Bete Lemos, que solicitou a participação de mulheres da MMM para apresentar o que é a Marcha, no intuito de dar direcionamento político-ideológico para essas mulheres, além de conhecer a proposta da Rede de Economia Solidária Feminista.
Foi feita uma rodada de apresentação e conversa sobre o que é o projeto Ação Mulher e o que as mulheres desejavam com a MMM. Foi apresentada a Marcha, que trata-se de um movimento social que atua autonomamente em núcleos em todo Brasil com a finalidade de fortalecer a pauta feminista dentro de seus campos de atuação: Autonomia econômica das mulheres, Bem comum e serviços públicos, Paz e desmilitarização e Fim da violência contra as mulheres. Foi exposto também que não recebemos subsídio financeiro, que trabalhamos com parcerias e nós mesmas fazemos nossas campanhas financeiras para manter nossas atividades, além da importância do movimento para cobrar políticas públicas para as mulheres junto aos governos.
As participantes mostraram-se bastante interessadas em conhecer mais sobre o feminismo, quebrar preconceitos sobre o movimento e principalmente sobre a questão da autonomia econômica das mulheres, que elas percebem como principal motivo das mulheres se subjugarem aos homens por serem dependentes financeiramente de seus parceiros.
Como continuidade desta construção, foi apresentado pelas marchantes Ana Carla Franco e Gercina Araújo a proposta de mais três encontros no município, a realizar-se em abril, maio e junho. Decidimos juntas as datas, o último sábado desses meses e as temáticas: Em abril falaremos sobre feminismo, em maio sobre economia solidária feminista e em junho será feito um plano de ação afim de construir organicidade do grupo para que sigam em frente como núcleo da MMM Santarém Novo.
Foi uma manhã muito rica e proveitosa com as mulheres de Santarém Novo, que mostraram muita disposição de luta para marchar até que todas sejamos livres!