terça-feira, 26 de junho de 2012

Posicionamento do Conselho Federal de Psicologia sobre o aborto

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público manifestar sua posição em relação à descriminalização do aborto, tendo em vista publicação de matéria no dia 10 de março de 2012, do jornal Folha de São Paulo, intitulada “Grupo aprova liberação de aborto com aval de psicólogo” e a aprovação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da opção pelo aborto no caso de fetos anencéfalos. Segundo a matéria, a comissão de juristas criada pelo Senado Federal para elaborar o novo Código Penal aprovou um anteprojeto que prevê, entre outros pontos, a ampliação dos casos em que o aborto é legal. Pela proposta, não é crime a interrupção da gravidez até a 12ª semana quando, a partir de um pedido da gestante, o "médico ou psicólogo constatar que a mulher não apresenta condições de arcar com a maternidade". Inicialmente, a ideia da comissão era propor que essa autorização fosse apenas dos médicos, mas acabou estendida aos psicólogos. Atualmente, o aborto no Brasil é crime previsto no artigo 128, incisos I e II do Código Penal Brasileiro. A lei data da década de 20 e autoriza a interrupção da gestação em apenas dois casos: risco de vida para a mãe e/ou estupro. A votação favorável por liberar o aborto de anencéfalos realizada pelo Supremo Tribunal Federal, em 12 de abril de 2012, por 8 votos a 2, vem a favor do direito das mulheres de interromper a gravidez no caso deste tipo de gestação. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Instituto Guttmacher, nos Estados Unidos, chamado "Aborto Induzido: Incidências e Tendências pelo Mundo de 1995 a 2008", revelou que as interrupções de gravidez sem assistência clínica – ou seja, de risco e clandestinas - aumentaram de 44 para 49 por cento e que 220 em cada cem mil mulheres acabam morrendo, principalmente no continente africano. O estudo foi publicado no periódico The Lancet. Segundo o estudo, em todo o mundo, os abortos inseguros foram a causa de 220 mortes por 100 mil procedimentos em 2008 – 35 vezes mais do que a taxa de abortos legais nos Estados Unidos – e de quase uma em cada sete do total de mortes maternas. As regiões que correm mais riscos de aborto inseguro são a América Central e do Sul, além da África Central e ocidental, onde 100% de todas as interrupções da gravidez foram inseridas nesta categoria. Anualmente, cerca de 8,5 milhões de mulheres em países em desenvolvimento sofrem complicações sérias decorrentes do aborto sem condições de segurança. O relatório também alertou sobre o uso crescente do medicamento chamado misoprostol, utilizado no tratamento de úlceras gástricas. Apesar de ser ilegal, seu uso tem aumentado em países onde há leis restritivas ao aborto. No Brasil, a OMS estima que 31% dos casos de gravidez terminam em abortamento (quase três em cada dez mulheres grávidas abortam). Já conforme estimativas do Ministério da Saúde, todos os anos ocorrem cerca de 1,4 milhão de abortamentos espontâneos e ou inseguros, com uma taxa de 3,7 abortos para 100 mulheres de 15 a 49 anos. Com base nestes dados, percebemos que a lei atual impede que estas mulheres tenham direito a sua cidadania e aos seus direitos humanos sexuais e reprodutivos, direitos estes estabelecidos por importantes Conferências Internacionais de Direitos Humanos que produziram Documentos dos quais o Brasil é signatário. Sabe-se que a lei que criminaliza o aborto não impede, ou sequer reduz a sua incidência, e não dá conta da complexidade da questão. O debate sobre a liberdade de optar por não seguir com a gestação é distante da realidade e necessidades das mulheres. O CFP se posiciona conforme os Tratados Internacionais assinados pelo Estado brasileiro, nos quais o governo se compromete a garantir o acesso das mulheres brasileiras aos direitos reprodutivos e aos direitos sexuais, referendando a autonomia destas frente aos seus corpos. O conselho também segue os encaminhamentos do VII Congresso Nacional de Psicologia (CNP), entre eles a discussão dos Projetos de Lei que regulamentam o aborto seguro e a garantia do diálogo com os movimentos que lutam pela legalização do aborto. Lembramos ainda a moção aprovada no VII CNP, de apoio à legalização do aborto: “Reconhecendo tanto a complexidade do tema, quanto os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e entendendo a situação de sofrimento decorrente da criminalização e da falta de acesso aos serviços de saúde, os/as delegado(as) do VII Congresso Nacional de Psicologia vêm manifestar seu apoio à legalização da prática do aborto no Brasil, independente de a gravidez ser decorrente de violência ou haver risco de morte para a mulher.” O CFP tem ainda como diretriz-base o Código de Ética Profissional do Psicólogo que determina, segundo os seus Princípios Fundamentais, que: "O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos." E ainda, de acordo com o Art. 2º – Ao psicólogo é vedado: 
 a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão;
 b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais. O CFP luta pela promoção da saúde da mulher, tanto física quanto mental, e pelo reconhecimento e integração dos diversos momentos e vivências na subjetividade da mulher, entre eles a decisão de ter filhos. Defendemos, sobretudo, o acolhimento e escuta para as mulheres em situação de aborto!

domingo, 24 de junho de 2012

Albert Nobbs (Irlanda ,2011)


O filme é a história de uma mulher que toda a vida se fez passar por um homem para sobreviver na conservadora sociedade irlandesa. Trabalha como garçom em um hotel, é quase uma máquina de tão perfeito (pontual, eficiente, discreto). Até que é despertado para uma vida de sonhos, possibilidades e de amor.

O filme tem críticas boas e ruins, mas a atuação das duas atrizes que passam pela transformação de sexo vale a pena! é inquestionável! O filme tem várias premiações e 3 indicações ao Oscar.

sábado, 23 de junho de 2012

Marília Peixoto (1921 - 1961)


Impressionante sabe que o estudo da Matemática no Brasil era impossível para as mulheres, uma vez que essas não podiam adentrar nas Escolas Politécnicas. Mas, houve a abertura das escolas de filosofia para mulheres na década de 30 e algumas passaram a se dedicar ao estudo da matemática dentro das faculdades de filosofia. Foi nessa leva que se formaram grandes matemáticas como Marília Peixoto e Maria Mouzinho (que vamos falar em outro post).

Marília Peixoto era estudante de Engenharia em 1936, uma raridade na época, frequentava concomitantemente o curso de matemática na Faculdade Nacional de Filosofia. Fez estudos sobre Sistemas Dinâmicos e publicou alguns artigos importantes sobre equações diferenciais juntamente com o seu marido Maurício Peixoto (reconhecido matemático brasileiro). E foi a primeira mulher membra da Academia Brasileira de Ciências.

Atuou como professora de Cálculo e Mecânica na Escola Nacional de Engenharia e em cursos especiais no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Publicou pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro um livro sobre Cálculo Vetorial.

A Matemática brasileira é reconhecida no exterior pelos estudos de Sistemas Dinâmicos, mas não ouvimos o nome de Marília em nenhuma referência, embora ela tenha contribuído grandemente neste segmento de pesquisa.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Maria Goeppert-Mayer





Ela ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1963, por pesquisas sobre a estrutura dos átomos e o Modelo das camadas nucleares.   No início da carreira escreveu, junto com o seu marido, um livro que virou obrigatório nas universidades, sobre Mecânica Estatística.

Completou seu doutorado em 1930 (Born, Franck e Windaus, eram sua banca, ou seja 3 outros Nobels), casou-se com o seu professor e teve um casal de filhos.
 
Nasceu na Alemanha, e teve toda a sua formação lá, mas lecionou nos EUA, na John Hopkins University, na Universidade de Columbia, e outras, sempre como assistente ou voluntária, sem receber nada, pois o seu marido era o titular da cadeira.
Desenvolveu sua carreira independente quando foi convidada a ser uma das pesquisadoras do famigerado Projeto Manhattan, que culminou no desenvolvimento do arsenal atômico americano. Dizem que ela foi a pessoa mais importante na construção da tecnologia que gerou as Bombas H. Sem a sua participação no projeto, os alemães teriam construído a bomba antes dos americanos. A partir daí suas pesquisas passaram a ser financiadas e passou a ser professora titular na Universidade da Califórnia.

Com colegas da Universidade de Chicago - eles recebiam, ela não!
Ela recebeu seu primeiro salário como pesquisadora aos 53 anos!

Dá pra ler uma bibliografia bem completa dela aqui, e também tem um vídeo sobre sua participação no Projeto Manhattan.

terça-feira, 19 de junho de 2012

As mulheres e o conhecimento humano.


Gostaria de iniciar uma série de posts com o intuito de relembrar a contribuição das mulheres para a ciência e o conhecimento humano. Estou sempre vendo filmes de homens brancos que revolucionaram a tecnologia, criaram a internet, fizeram toda a modernidade que nós usufruímos agora. Será que isso é a realidade? Faz parte da luta pela igualdade ajudar a reescrever a nossa história, com nossas heroínas e nossas pensadoras, além de nos ajudar a ter novos referenciais... E informação nunca é demais, não é ?!

Hipátia de Alexandria
 Desde a antiguidade temos relatos de mulheres dedicadas às ciências naturais, à filosofia e à medicina. Na idade Média, apesar da cruel recusa de conhecimento às mulheres, muitas desenvolveram estratégias - em conventos e escolas muito restritas - para estudar e desenvolver suas habilidades intelectuais. 

                Mas foi mesmo no século XX que a maioria das universidades abriram espaço para as mulheres, e de forma muito tímida nas áreas de ciencia e tecnologia. Nos Estados Unidos, nos anos 1950 e 1960, nas ciências naturais a participação das mulheres era de aproximadamente 10%, oscilando entre 5% na física e 27% na biologia. Isso não significou reconhecimento, já que dos 851 Nobels que já foram concedidos (como exemplo), apenas 44 foram para mulheres, dos quais 15 Nobels da Paz e 12 de Literatura. Mas podemos observar esse mesmo padrão em qualquer Universidade brasileira, é só fazer a relação entre pesquisadores homens e mulheres, principalmente nas áreas de Ciências Naturais e Tecnologia.

Alguns argumentos, fruto de uma “ciência” discriminatória, são utilizados para justificar essa discrepância, e naturalizar o não-reconhecimento do trabalho da mulher na produção acadêmica. 


Basta ir nas livrarias e encontrar esse argumentos em Best-sellers baseados em “pesquisas”, algumas sérias e mal interpretadas, outras sem nenhum rigor científico. O que essas pesquisas tentam naturalizar é um fenômeno socialmente construído, que tem como pano de fundo ideológico o patriarcado e o machismo.

Qual é o real motivo de as mulheres não estarem inseridas no mundo científico?

Podemos citar alguns motivos para começar....

- Uma socialização voltada para o espaço privado. Meninas devem aprender as tarefas de casa.


- O “aconselhamento” que a família e a escola dão aos meninos e meninas sobre suas escolhas profissionais.



- A DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO.
- O peso do cuidado humano que recai sobre as mulheres e muitas vezes diminui o tempo de trabalho, estudo ou dedicação intelectual.

- A falta de referências em mulheres cientistas que os livros didáticos apresentam.



De cara dá pra ver que a explicação de porque não estamos devidamente representadas no campo da ciência não é tão simples assim... Existe uma série de fatores que impedem que as mulheres alcancem os mesmos patamares de reconhecimento científico, no entanto as personalidades que vamos apresentar aqui são a prova de que o conhecimento deve muito às mulheres !

Curie (outra Nobel de física) disse: "A vida não é fácil para nenhuma de nós. Mas que importa?"  Embora não reconhecidas, as mulheres produzem conhecimento todos os dias, apaixonadas por suas pesquisas. Mas me pergunto o que mais essas mulheres poderiam fazer se pudessem explorar toda a sua capacidade. O quanto mais poderíamos nos beneficiar das suas genialidades?

                Não podemos esquecer também que o conhecimento acumulado da humanidade também foi feito por mulheres não-acadêmicas, que no dia a dia do cuidado com a existência humana desenvolveram técnicas e saberes, que sustentaram a vida e deram ensejo a tecnologias e pesquisas. Essas mulheres são mais difíceis de catalogar, porque são nossas avós, mães, tias, que de forma tradicional e oral transmitem um conhecimento fundamental para a existência.


Esse debate dá muito pano pra manga... e espero que em cada post possamos discutir novos questionamentos...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Marcha Mundial das Mulheres na Cúpula dos Povos: Contra o capitalismo Verde!

Estamos construindo este processo como parte da luta contra a mercantilização da vida e da natureza e em defesa dos bens comuns. Para enfrentar os desafios dessa crise sistêmica, a Cúpula dos Povos não será apenas um grande evento. Trata-se de um processo de acúmulos históricos e convergências das lutas locais, regionais e globais, que tem como marco político a luta anticapitalista, classista, antirracista, antipatriarcal e anti-homofóbica. 

Queremos um desenvolvimento que altere os padrões de consumo e que respeite os bens comuns. Vamos denunciar a violência e o controle sobre a vida das mulheres.
  
A Marcha Mundial das Mulheres na Cúpula dos Povos Rio+20

Estaremos em aproximadamente 900 mulheres, participaremos da Cúpula de forma militante, solidária e colaborativa para que possamos ter uma experiência que na pratica valorize o viver e o compartilhamento coletivo das responsabilidades, trabalho e militância.

Organização da MMM na Cúpula dos Povos

Iremos nos organizar em equipes para garantir a organização do alojamento, alimentação, segurança, saúde, limpeza, comunicação e mobilização. Cada estado/delegação terá companheiras nas equipes.

Território da Cúpula

Se estende pelo Aterro do Flamengo. As tendas têm números e nomes de lutadoras e lutadores do povo. A MMM compartilhará a tenda !Ya Basta! com Amigos da Terra, Jubileu Sul, Via Campesina e outros movimentos. A !Tenda Ya Basta!

Da MMM - Pará vão as companheiras Liliani Nascimento, Caroline Bernardo, Keylla Jamile, Auisy Belarmino, Márcia Nascimento, Luiza Tomaz, Cacilda Ledo, Maria Helena Ramos, Maria das Graças e Rita Viana. Temos certeza que a participação do Pará será nota 10 nas programações populares da Rio+20.

Voltem com a bagagem cheia de informações e disposição de luta. Boa viagem! 

Nossa PROGRAMAÇÃO na Cúpula dos Povos
  
  • Atividade autogestionada
“Feminismo, Agroecologia e Soberania Alimentar: construindo um novo paradigma de sustentabilidade da vida humana”, dia 16, das 11:30h às 13:30h, na Tenda 10 - Dorcelina Folador. Ela é organizada com o GT mulheres da ANA, REF, Via Campesina, Contag, CAOI, FBSSAN.
  • Atividades de organizações amigas e/ou processos que participamos:
- Economía del cuidado: una clave para la vida del planeta (Economia do cuidado: chave para a vida do planeta), dia 16, das 16:30h às 18:30h,  na Tenda 10 - Dorcelina Falador, e é organizada por Fundação Solón, Rede Latinoamericana Mulheres Transformando a Economia, entre outras.
- Frente aos instrumentos e falsas soluções do capitalismo verde: resistindo aos impactos territoriais e as estratégias institucionais de mercantilização da natureza, dia 16, das 14h às 15:30, na Tenda 33 - Toussaint Louverture, e é organizada pelo Grupo da Carta de Belém, que a MMM é signatária.
  • As plenárias de convergência serão dia 17 (manhã e tarde) e no dia 18 (tarde). Elas estão organizadas em torno a cinco temas unificadores:
Plenária 1: Direitos por Justiça Social e Ambiental
Plenária 2: Defesa dos bens comuns contra a mercantilização.
Plenária 3: Soberania Alimentar
Plenária 4: Energias e indústrias extrativas
Plenária 5: Trabalho, por outra economia e novos paradigmas de sociedade.

Estaremos presentes em todas apresentando uma visão feminista sobre os três eixos que serão discutidos paralelamente em cada uma delas: denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital; soluções e novos paradigmas dos povos; agendas, campanhas e mobilizações que articulam os processos de luta pós Rio+20.

  • Mobilizações:
Dia 18, segunda-feira, é o dia da mobilização das mulheres na Cúpula dos Povos. Sairemos todas juntas do sambódromo, até a concentração da manifestação, às 10h no MAM.
Dia 20 é o dia mundial de mobilização. Na parte da manhã faremos um ato de solidariedade à vila autódromo, afetada pelos megaeventos e próxima ao Rio Centro, onde acontece a Conferencia da ONU, a Rio+20. A partir das 15h, uma grande marcha será realizada nas ruas do Rio de Janeiro.
Entre essas manifestações massivas, faremos intervenções feministas na cidade, denunciando a mercantilização do corpo e da vida das mulheres que é parte da ofensiva do capital sobre nossos territórios.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
Mulheres em luta contra o capitalismo verde!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Divulgando! Defesa de TCC: A participação das mulheres na política paraense


Convite para a Defesa Pública de TCC

A coordenação de Curso de Bacharelado em Ciências Sociais da Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ torna pública a defesa de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) dos acadêmicos abaixo relacionados:
Trabalho :
 “A participação das mulheres na política paraense: sua trajetória até a atualidade na Assembléia Legislativa do Pará – ALEPA
  
Acadêmica: Maria Cristina Santana Leão*
Orientadora: Prof. Leila do Socorro Araújo Melo
Horário: 19h00, de sexta (15/06)

* É militante da Marcha Mundial das Mulheres - Pará, à direita na foto.

Pela autonomia das mulheres no parto

Quando estava grávida conheci, por indicação de amigas, o Grupo Ishtar que funciona em Belém. As mulheres a frente desta organização são umas fofas mas, por vários motivos não consegui ir em muitas reuniões (na verdade fui apenas em duas...) e acabei não criando laços de intimidade e amizade que me fizessem romper com a vergonha de ter alguém que mal conhecia com o poder de me influenciar na hora do meu parto (que ingenuidade: eu lá conhecia profundamente a médica, enfermeiras e outro profissionais?!).

No final das contas acabei fazendo uma cesariana que, hoje, reputo como desnecessária. Me arrependo profundamente de não ter tido uma doula do meu ladinho. Marido, mãe, sogra e outras pessoas mais próximas possuem um envolvimento emocional muito forte com a futura mãe e acabam infuenciando pela cesariana. Depois de 22 horas de trabalho de parto e sem ampliação da dilatação acabei cedendo à "experiência" das pessoas no assunto de que não dilataria mais etc. etc.

Sou praticamente uma garota propaganda do Ishtar, mas infelizmente a maioria das mulheres grávidas já estão "combinadas" com seus médicos de realizar cesarianas. É duro ver o poder sair das nossas mãos num momento em deveríamos ser as maiores protagonistas.

Fica a dica!

Tatiana Oliveira, advogada, assessora sindical, militante da Marcha Mundial das Mulheres e mãe da Clara (8 meses)

 Ps. Não deixe de ler a Carta aberta abaixo.


REUNIÃO ISHTAR
Neste próximo encontro vamos falar de parto domiciliar.  Será que em pleno século XXI, somente o hospital é local seguro para um nascimento? Por que algumas mulheres optam pelo parto domiciliar? Quais são as vantagens e riscos do mesmo? Qualquer mulher pode ter filho em casa?... Estas e outras questões serão discutidas em nosso próximo encontro. Não perca!


Quando: 16 de Junho de 2012 - sábado de 09h às 11h
Tema: Tipos de Parto
Onde: Academia Companhia Athletica (Rua Municipalidade, 489 - Reduto - próximo à ESAMAZ)
Cidade: Belém/PA

OBSERVAÇÃO: A confirmação da participação agora é necessária, pois precisamos deixar o nome dos participantes na portaria.

Confirme sua participação pelo números: 8858-0416 ou 8884-0209; ou pelo e-mail: espacoishtarbelem@gmail.com.
--
Espaço Ishtar Belém
http://espacoishtarbelem.blogspot.com
Pelo respeito ao tempo de gestar, parir e amamentar
Grupo Apoiado pela Parto do Princípio
http://www.partodoprincipio.com.br


---------------------------------------------------------------------------------------------
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO

Nós, médicos humanistas, enfermeiras-obstetras e obstetrizes, todos os profissionais, entidades civis, movimentos sociais e usuárias envolvidos com a Humanização da Assistência ao Parto e Nascimento no Brasil, vimos através desta presente Carta manifestar o nosso repúdio à arbitrária decisão do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ) de encaminhar denúncia contra o médico e professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Jorge Kuhn, por ter se pronunciado favoravelmente em relação ao parto domiciliar em recente reportagem divulgada pelo Programa Fantástico, da TV Globo.

Acreditamos estar vivenciando um momento em que nós todos, que atendemos partos e/ou que defendemos o atendimento ao partodentro de um paradigma centrado na pessoa, na defesa dos direitos humanos da parturiente e com embasamento científico, estamos provocando a reação violenta dos setores mais conservadores da Medicina. Pior, uma parcela da corporação médica está mostrando sua face mais autoritária e violenta, ao atacar um dos direitos mais fundamentais do cidadão: o direito de livre expressão. Esse cerceamento da liberdade remete aos sombrios tempos da ditadura militar e não pode ser admitido na atual sociedade democrática. Médicos (como no recente caso no Espírito Santo) podem ir aos jornais bradar abertamente sua escolha pela cesariana, cirurgia da qual nos envergonhamos de ser os campeões mundiais e que comprovadamente produz malefícios para o binômio mãe bebê em curto, médio e longo prazo. No entanto, não há nenhuma palavra de censura contra médicos que ESCOLHEM colocar suas pacientes em risco deliberado através de uma grande cirurgia desprovida de justificativas clínicas. Bastou, porém, que um médico de reconhecida qualidade profissional se manifestasse sobre um procedimento que a Medicina Baseada em Evidências COMPROVA ser seguro para que o lado mais sombrio da corporação médica se evidenciasse.


Não é possível admitir o arbítrio e calar-se diante de tamanha ofensa ao direito individual. Não é admissível que uma corporação persiga profissionais por se manifestarem abertamente sobre um procedimento que é realizado no mundo inteiro e com resultados excelentes. A sociedade civil precisa reagir contra os interesses obscuros que motivam tais iniciativas. Calar a boca das mulheres, impedindo que elas escolham o lugar onde terão seus filhos é uma atitude inaceitável e fere os princípios básicos de autonomia.

Neste momento em que o Brasil ultrapassa inaceitáveis 50% de cesarianas, sendo mais de 80% no setor privado, em que a violência institucional leva à agressão de mais de 25% das mulheres durante o parto, em vez de se posicionar veementemente contrários a essas taxas absurdas, conselhos e sociedades continuam fingindo que as ignoram, ou pior, as acobertam e defendem esse modelo violento e autoritário que resulta no chamado "Paradoxo Perinatal Brasileiro". O uso abusivo da tecnologia é acompanhado por taxas gritantemente elevadas de mortalidade materna e perinatal, isso em um País onde 98% dos partos são hospitalares!

Escolher o local de parto é um DIREITO humano reprodutivo e sexual, defendido pelas grandes democracias do planeta. Agredir os médicos que se posicionam a favor da liberdade de escolha é violar os mais sagrados preceitos do estado de direito e da democracia. Em vez de atacar e agredir, os conselhos de medicina deveriam estar ao lado dos profissionais que defendem essa liberdade, vez que é função da boa Medicina o estímulo a uma "saúde social", onde a democracia e a liberdade sejam os únicos padrões aceitáveis de bem estar.

Não podemos nos omitir e nos tornar cúmplices dessa situação. É hora de rever conceitos, de reagir contra o cerceamento e a perseguição que vêm sofrendo os profissionais humanistas. Se o CREMERJ insiste em manter essa postura autoritária e persecutória, esperamos que pelo menos o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP) possa responder com dignidade, resgatando sua função maior, que é o compromisso com a saúde da população.

Não aceitaremos que o nosso colega Jorge Kuhn seja constrangido, ameaçado ou punido. Ao mesmo tempo em que redigimos esta Carta aberta, aproveitamos para encaminhar ao CREMERJ, ao CREMESP e ao Conselho Federal de Medicina (CFM) nossa Petição Pública em prol de um debate cientificamente fundamentado sobre o local do parto. Esse manifesto, assinado por milhares de pessoas, dentre os quais médicos e professores de renome nacional e internacional, deve ser levado ao conhecimento dos senhores Conselheiros e da sociedade. Todos têm o direito de conhecer quais evidências apoiariam as escolhas do parto domiciliar ou as afirmações de que esse é arriscado - se é que as há.

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=petparto

CONVOCAMOS todas as usuárias, entidades, a sociedade civil e os profissionais envolvidos com a Causa da Humanização da Assistência ao Parto, que envolve não somente a liberdade de ESCOLHA e o respeito ao PROTAGONISMO FEMININO, mas o próprio princípio da liberdade de expressão para participar da Grande Marcha do Parto em Casa, que terá lugar em várias cidades do país nos dias 16 e 17 de junho de 2012, em protesto contra o CREMERJ e em favor do direito de escolha do local de parto.

http://www.manifestolivre.com.br/ml/exibir.aspx?manifesto=pariremcasa2012

domingo, 3 de junho de 2012

Imperdível, peça CARNE em Belém nos dias 8 e 9 de junho.


Apresentações da peça CARNE (seguidas de debates) 
Datas e horários: 08 (sexta) e 09 (sábado) de junho, 19h30
Local: Teatro Cuíra - rua Riachuelo, 524 (esquina com 1º de março)


Oficina As mulheres e os silêncios da História
Data e horário: 09 de junho (sábado), das 14h às 17h
Local: Teatro Cuíra - rua Riachuelo, 524 (esquina com 1º de março)


Mostra de filmes Gênero em movimento (seguida de debate)
Data e horário: 10 de junho (domingo), 10h
Local: GEMPAC - Rua Padre Prudêncio, 462 - Campina 




OBS.: ENTRADA GRATUITA!!!


Resumo do projeto teatral CARNE 

A Kiwi Companhia de Teatro existe há 15 anos. Um dos objetivos do grupo é refletir sobre o teatro e a sociedade, abordando criticamente temas da atualidade. 
O projeto atual da Kiwi, Carne, discute as relações entre patriarcado e capitalismo, mostrando o panorama da opressão de gênero e a situação específica da violência contra as mulheres no Brasil.  
Ele contém as seguintes atividades: o trabalho cênico (a peça) Carne, uma oficina teatral só para mulheres, exibição de filme feminista latinoamericano.
No trabalho cênico são utilizadas canções populares, imagens publicitárias, estatísticas sobre a violência contra as mulheres, trechos de romance, entre outros materiais.
Durante os anos de 2010 e 2011 o trabalho foi apresentado mais de 80 vezes em diversas regiões da cidade de São Paulo com o apoio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro e em parceria com movimentos feministas e de mulheres e organizações sociais (entre eles a Marcha Mundial das Mulheres, a SOF e a Defensoria Pública do Estado).