segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

BomBril patrocinadora oficial do Futebol Feminino?


*Por Caroline Bernardo

Para quem não sabe o Brasil ontem venceu a Dinamarca na final do Torneio Internacional da Cidade de São Paulo (Futebol feminino). Como destaque inenarrável Erika é eleita a melhor jogadora da final e do torneio. Isso para nos não seria novidade, o Brasil vencer no futebol feminino, ainda mais depois do fenômeno Marta.

Como patrocinadora do torneio esta a Bombril, aquele empresa que é conhecida pela venda de palha de aço, e pelos comercias: que seus produtos evoluíram com as mulheres. Bom, este texto é mais um protesto da forma machista e até mesmo ridícula que a sociedade encara as mulheres.

O futebol feminino que no Mundo, e no Brasil não seria diferente, e é tão estigmatizado e tão desprestigiado. Apesar de isso estar mudando nos últimos tempos, devido ao inegável talento das jogadoras. Mas, mesmo assim, continua não tendo espaço, continua sendo colocado como inferior etc etc etc.

Para reforçar tudo isso, a patrocinadora oficial deste torneio, por exemplo, é a Bombril. Não é nem uma marca de esporte conhecida, como no futebol masculino, ou outras tantas marcas importantes. É uma marca que vende produtos de limpeza em sua maioria, que todos e todas conhecemos pela pratica de reafirmação do machismo em suas propagandas, colocando que o papel da mulher é sempre o do cuidado da casa, que mesmo que ela cumpra outras tarefas na sociedade ela é a mulher 1000, que precisa de produtos de limpeza rápidos para cuidar do lar, subjugando nos mulheres e colocando a tarefa da limpeza e do cuidado sobe nossa responsabilidade.

Mais machista ainda é a Bombril entregar para Erika, a melhor jogadora do torneio e da final, uma cesta de limpeza e cosméticos, dizendo que aquela jogadora brilhou e que as mulheres brilham no futebol feminino. Me peguei pensando se assessoria de marketing da empresa aconselhou a repetir tantas vezes a palavra brilha em uma alusão e palha de aço Bombril.

Acho que é necessário fazermos o ataque a este tipo de pratica, as redes sociais neste tipo de caso tem se mostrado importante instrumento na luta por uma sociedade mais igualitária.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres !!!

*Caroline Bernardo é militante da Marcha Mundial das Mulheres, estudante de Direito, fotografa e estudante de web design http://carolinebernardo.blogspot.com/

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Formação Amanhã!

Oficina sobre a Reforma Política, a participação das mulheres e as políticas para mulheres no Pará.

Data: 10/12/11
Horário: 14 h
Local: Sindicato dos bancários.






Aguardamos todas.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Diálogos Feministas

Com: Isabela do Lago e Mariah Torres Aleixo*


No Lago – Olha, cabôca, finalmente deu tudo certo com mocinha lá na Santa Casa, ela fez o procedimento, tá um pouco fraquinha, mas passa bem, voltou pra casa dela, espero que aquele um “amigo” não a procure, porque de todo o aparato que chamam de aquelas coisas... “o Estado defende” ninguém ofereceu segurança pra ela, não.

Entre as Torres e o Aleixo - As delegacias da mulher, as casas-abrigo, os centros de acolhimento, a Lei Maria da Penha, bem como as promotorias de violência doméstica e setores especializados em violência contra a mulher em defensorias públicas, são conquistas dos movimentos de mulheres/feministas.

Essas vitórias decorrem de anos de uma luta que, entre outras palavras de ordem, tinha como lema “o pessoal é político”, ou seja, a esfera privada e a família são lugares onde fluem relações (desiguais) de poder, a sociedade e o Estado, devem olhar para isso, a fim de ajudar na instauração do paradigma da igualdade. Para tanto, durante muitos anos – e ainda hoje, com menor intensidade – foi estratégia feminista denunciar os casos de violência contra a mulher que, ou eram abafados como “problema de família”, ou tinham seus algozes absolvidos pelo argumento da “legítima defesa da honra.”

Além disso, as mulheres, na falta de políticas públicas, começaram a criar redes próprias para amparar aquelas em situação de violência. Nesse contexto, ficaram conhecidos os SOS –Mulher, principalmente o de São Paulo, que nada mais eram que a aglutinação de movimentos feministas, que captavam ( poucos) recursos públicos, criando um centro que recebia/acolhia mulheres que estavam sofrendo violência. Porém, tais centros funcionaram durante poucos anos, e devido a diversos problemas (com o financiamento e com os movimentos), fecharam as portas.

No Lago – Sim senhora, não descordo a merecendência do movimento social feminista, e esta é uma luta que ainda não acabou, mas quero mesmo é te contar, que na situação da dona coisinha lá (que eu não posso caguetar o nome), tudo se resolveu depois de imprensarem a moça contra parede umas tantas vezes durante a madrugada de internação, rolou a maior desconfiança, mana: off course que a moça tava só & zinha, e neste caso eu também. Explico: Tu te lembras, Aleixo, que noutro dia eu mesmíssima, tu, mais aquelazinha Luana, a Leila e um montão de mulheres fomos lá na Avenida Presidente Vargas? (vê, nome inglório pra uma rua tão importante que abrigou nossa Marcha das Vadias, tá vendo? Vai anotando aí!). Isso é movimento social feminista, né? Pois é, como eu tava só com minha filha de 4 aninhos, não podia acompanha-la no hospital, mana, eu fiquei doida, procurei essas mulheres que fizeram uma linda passeata, e todas estavam ocupadas(numa sexta-feira a noite, né), teve gente até que se justificou pra mim com a tala da desconfiança se era ou não real a conversa da companheira, e teve gente que conseguiu me dizer que não achava legal ir porque era um assunto particular dela. Ah, eu falo é mesmo!!! E olha que o caso foi estupro, baby.

Entre as Torres e o Aleixo - A professora Maria Filomena Gregori, no seu famoso estudo Cenas e Queixas – um estudo sobre mulheres, relações violentas e a prática feminista, pôde acompanhar os atendimentos feitos no SOS- Mulher de São Paulo até a sua reunião final e identificou, entre outras coisas, que o medo de parecerem, nas palavras das militantes, “assistencialistas”, fazia com que não amparassem devidamente muitas mulheres que procuravam ajuda. Segundo Gregori, o que parecia ser mais importante para as feministas do SOS- Mulher paulista era que as mulheres “tomassem consciência de sua opressão” e com isso saíssem das relações violentas nas quais estavam inseridas.

Ora, o que a vida real mostrou era que nem todas estavam dispostas a lutar por igualdade, a se tornarem feministas e romperem com uma série de barreiras e estereótipos colocados às mulheres: queriam apenas parar de sofrer violência. Para isso, infelizmente, as feministas não estavam ajudando tanto, de acordo com as reflexões de Gregori.

No Lago – Repito, foi estupro. E nem feministas de carteirinha, nem redes de contato in_formal, nem polícia, nem Maria do Pará, nem a família. NINGUÉM!!! Mas tá bem, continue...

Entre as Torres e o Aleixo - Após o “período dos SOS” o que se viu foi boa parte do movimento feminista saindo das ruas e indo formular/influenciar políticas púbicas. A tática parece render frutos até os dias atuais, uma vez que a Lei Maria da Penha fez cinco anos de vigência há poucos meses. No estado do Pará, por exemplo, há dez delegacias da mulher, há o Centro Maria do Pará, responsável por oferecer apoio psicológico, pedagógico e jurídico às mulheres em situação de violência e é presente em mais quatro municípios além da capital.

No Lago – Aqui fala alguém que trabalhou no Maria do Pará, aliás, alguém, parte da equipe que inaugurou o primeiro ano de trabalho naquela casa, no nosso tempo, não tinha verba pra pirotecnias vanglorísticas, mas a gente nunca deixou nenhuma mulher se lascar sozinha, antes pelo contrário...

Entre as Torres e o Aleixo - Poderiam ser listadas muitas outras políticas, mas o que importa é que o fato de elas existirem e serem executadas mostra que o Estado e, por conseguinte, a sociedade, reconheceram que a violência contra a mulher é um problema sério, que atinge a dignidade de todas nós e deve ser resolvido. Ou seja, é uma vitória das mulheres!

No Lago - Esta vitória conseguida após mais de 100 anos de feminismo, mas vamos refletir, vem sendo descartada por pessoas reais, pelas próprias mulheres. Que nos momentos mais críticos, esquecem que existe vida além da institucionalidade. O caso Mulher x Institucionalização feminista é mais grave do que os maus tratos e o descaso nas DEAMs, Abrigos e Centros de Referência (falo mesmo do Maria do Pará – Belém), ainda há a problemática falta de conhecimento de todos e todas pela causa. Estamos vivenciando um maldito revés, onde a mulher que sofre violência é, antes de tudo criminalizada, além de vivenciar estupro, tem de passar por traumas quando procura ajuda, tanto quando vai denunciar procurando seus direitos, quanto quando procura sua rede de contatos in_formais (amigas, familiares e tal, e tal...). É nesse momento que se estabelece um diabo de caos. Na vida prática, maninha, a Escolástica é uma vasilha de nada com nada dentro. E eu sei bem de onde é que vem tudo isso.

Entre as Torres e o Aleixo - Porém, o medo do “assistencialismo” ainda parece rondar a prática de muitos movimentos e mulheres feministas. Para estes, o essencial ainda é esclarecer as mulheres quanto a sua opressão, depois disso “tá tudo resolvido.” Porém, acredita-se aqui que as duas vias são importantes, afinal, garantir a dignidade das mulheres não é lutar pela igualdade? Não é ser feminista?

No Lago – É sim, mas dá pra socorrer a pessoa que tá em situação de alto risco, de preferência antes que ela morra? Dá pra acreditar em transgressões, sejam elas individuais ou coletivas, que não venham acompanhadas de alguma ternura?

Entre as Torres e o Aleixo - Por isso, precisamos estar unidas sempre, manter uma rede de mulheres aptas a ajudar umas as outras. As políticas públicas e tudo o que foi institucionalizado para dar cabo da violência é importante, executa ações, mas pode falhar. Ou nem mesmo isso. Por ser aparato do Estado muitas vezes não dispõe de companhia, ombro, colo, que é o que uma companheira pode dar à outra, quando se passa por situações que nós mulheres sabemos o quanto são difíceis. Caso o sistema falhe, onde estarão as companheiras para estender a mão?

No Lago – Era justamente aí que eu queria chegar, Aleixo, aliás até te agradeço o apoio que você nos deu. Y en nombre de este amor, que eu costumo confundir amor e solidariedade nessas horas (tenha paciência comigo, sou artista), saiba que aos 40 minutos do segundo tempo, quem me ofereceu a mão foram duas comparsas de minha escola de Direito feminino, Ediane Jorge (que segurou minha filha pra eu poder entrar no hospital) e Jureuda Guerra que, já no domingo estava de plantão lá??? (e olha que a história todinha começou desde a segunda feira). Viu, existe vida, existem seres humanos em sofrimento para além de toda a institucionalidade. Ora veja só você, se tem lá alguma graça, a gente querer revolucionar anos e anos de machismo-cristão-ditadura política sem se envolver pessoalmente com as causas, então agora o papel é só do Estado, ah, que se foda esse mundo burocrata eu quero é ter confiança na companheirada toda!

Entre as Torres e o Aleixo - Ao que parece, precisamos de uma espécie de “SOS- Mulher em rede”, formado por mulheres prontas para ajudar as outras, independente da existência de delegacias ou quaisquer centros. As discriminações que sofremos quando passamos por situações de violência nenhuma lei ou política consegue fazer acabar. São essas discriminações/ preconceitos que nos impedem, por exemplo, de ir à delegacia fazer ocorrência, mesmo quando ela existe (e que bom que ela existe!). Sempre vejo nos cartazes que “o feminismo é a idéia radical de que as mulheres são gente.” Vamos colocá-la em prática!

No Lago – Agora você falou & disse uma fala bem bonita, mas eu não vou te deixar encerrar a conversa assim não. Por falar em “prática’” Baby, vamos repensar a prática do nosso olhar, é que vivemos o inferno dum olhar alheio que traz a imutabilidade e a perda de liberdade do existir e, consequente-mente, do ser (!!!) há muitos olhares sobre a Amazônia. Há muitos olhares sobre a mulher amazônida, como se esta fosse incapaz de expressar ou compreender seus sentimentos y ninguém discute a inter_ferência branca(e ponha ferência nisso!) na nossa cultura cotidiana, isso vai dar mangas nos nossos panos, aviso: aqui onde o modelo de “progresso” implantado com a colonização branca até hoje trai a confiança de meninos e meninas, ofende e humilha a honra de homens e mulheres.

Escuta aqui, somos campeões brasileiros no ranking da violação de direitos humanos, as pessoas precisam parar de fingir que com as políticas públicas já está tudo bem, aqui em Belém, nessa uma cidade – cortina cenográfica localizada em frente ao rio-mar, de banda pra favelização das comunidades rurais e ribeirinhas e cada vez mais distante das matas onde vivem os deuses da natureza que deveriam nos proteger (canta pra chamar teus ancestrais, gatinha, e ouve, eles vão te dar a maior pressão).

Então, minha nêga se este tal de povo que pensa que tudo é política não começar a pensar que existe cultura, e que quando se fala em cultura não dá pra pensar em bom e mau, certo e errado, ou feio e bonito, nunca vamos poder contar com nadica de nada. A luta corre o risco de andar sempre pra trás mesmo. Bora adicionar coisas às coisas todas, pra mexer, pra balançar e ler cartazes dizendo “O feminismo amazônida é a idéia radical de que as icamiabas são gente, porra!!”

Entre as Torres e o Aleixo – É assim que se fala, maninha!


*Mariah Aleixo é estudante de Direito e militante da MMM/PA e Isabela do Lago é Artista, Cineclubista e Feminista, claro.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Afegã presa por ter sido estuprada obtém perdão judicial.



Por Jan Harvey - Reuters

O Afeganistão concedeu perdão judicial a uma mulher que foi presa por adultério depois de ser estuprada por um familiar, disse nota da presidência afegão, num caso que ilustra a precária situação dos direitos femininos no país.
Não ficou claro se a moça, de 21 anos, conhecida como Gulnaz, continua tendo a intenção de se casar com o estuprador, que é marido de uma prima dela. O casamento havia anteriormente sido apresentado como alternativa à pena prisão, e ela inicialmente aceitou.
Mas a advogada de Gulnaz disse que o perdão não depende mais de ela aceitar o casamento com o estuprador, que está cumprindo pena de sete anos de prisão pelo crime.
O perdão presidencial, divulgado na noite de quinta-feira, é raro nesse país muçulmano fortemente conservador. O caso de Gulnaz atraiu a atenção internacional porque ela participou de um documentário encomendado pela União Europeia, mas que permaneceu inédito a pedido de diplomatas europeus em Cabul, temerosos de que as mulheres retratadas sofressem represálias.
Kimberley Motley, advogada norte-americana que defende Gulnaz, espera que sua cliente seja libertada em breve e vá para um abrigo feminino. A advogada disse que está tentando descobrir se o estuprador também será solto caso o casamento se realize.
Gulnaz solicitou nesta semana o perdão do presidente Hamid Karzai, e a nota do palácio disse que uma comissão de juristas foi favorável.
A moça foi inicialmente sentenciada a dois anos de prisão por "adultério à força". Em segunda instância, a pena subiu para 12 anos. Num terceiro recurso, caiu para três anos, e a exigência de que ela se casasse com o estuprador foi retirada.
Gulnaz engravidou em decorrência do ataque, e sua filha nasceu há quase um ano na penitenciária feminina da Badam Bagh.
Motley disse que o caso criou uma jurisprudência que pode levar à libertação de outras mulheres com base na Lei de Eliminação da Violência contra as Mulheres. "Entendo que, hoje, o Judiciário está também revendo os prontuários de outras mulheres em Badam Bagh", disse a advogada.
O palácio presidencial não comentou se há outros casos sendo avaliados.
(Reportagem de Jan Harvey e Emma Graham-Harrison) 

Penúltimo sábado de Formação da MMM (Módulo I)


Você vai participar?

Data: 03/12/11 (amanhã)
Horário: 9h às 12h
Tema: "Economia Solidária para a construção de uma Economia Feminista"

Local: Sindicato dos Bancários (Rua 28 de setembro, entre Quintino Bocaiúva e Doca de Souza Franco)

Não falte!