sexta-feira, 30 de outubro de 2015

SOMOS AS NETAS DE TODAS AS BRUXAS QUE NÃO PUDERAM QUEIMAR


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*Por Lorena Abrahão

Permita sentir a bruxa que existe dentro de você!

Logo nos primeiros anos escolares, iniciamos o contato com a imposição de que bruxas são feias, corcundas e más. De onde vem isso tudo, do folclore ou do machismo?!

Isso pode até justificar-se pelo folclore, mas basta se aprofundar um pouco na História que logo percebemos a relação com a cultura patriarcal, onde o gênero masculino domina o feminino.

Na sociedade celta (séc. VI a.C. até a Baixa Idade Média) homens e mulheres viviam em condições iguais. O sexo biológico não determinava a função de um indivíduo em seu lugar. Homens e mulheres tinham o mesmo poder de opinião, mas no passar dos anos esta configuração social foi se modificando. Chegado o período de transição da Idade Média (séc. V a.C.) para a Idade Moderna (séc. XV ao XVIII d.C.), as mulheres já não tinham direito à propriedade, ao voto, nem mesmo ao prazer sexual; mas bem sabemos que as mulheres não ficariam por muito tempo sem questionar a sua condição social.

Segundo a Revista Espaço Acadêmico (n°53, de outubro/2005), entre os séculos XV e XVI o Teocentrismo – doutrina que considera Deus como centro de tudo, decai dando lugar ao Antropocentrismo – onde o ser humano passa a ocupar o centro. O que conduz a uma instabilidade e descentralização do poder da Igreja. Na busca de recuperar o poder perdido, a Igreja Católica e Protestante instaurou os Tribunais da Inquisição, onde podemos ler “caça às bruxas”, movimento que ocorreu de diversas formas, reforçado pela classe dominante e pelo próprio Estado; com significado religioso, político e sexual.

Foram três séculos de perseguição política e social às mulheres, principalmente das que viviam no campo – por sua vez, estas eram conhecidas como “curandeiras”, mulheres com vasto conhecimento popular sobre a natureza e suas potencialidades, muitas vezes a única fonte de cuidado de saúde para mulheres e pessoas pobres. No geral suas aparências não correspondiam às padronizadas pela sociedade. Estima-se que nove milhões de pessoas foram acusadas, julgadas e mortas neste período, onde mais de 80% eram mulheres, inclusive crianças e moças que haviam “herdado este mal” (MENSCHIK, 1977: 132).

Os saberes das mulheres ameaçavam a dominação patriarcal impetrada pela Igreja Católica.

Já no início do século XX, nos Estados Unidos, inicia-se A Caça às Bruxas Comunistas, período conhecido como Marcatismo. Neste, o foco da perseguição era cultural, especialmente aos que ousassem manifestar-se em prol da aliança com a União Soviética ou com práticas anti-americanas.

Culturalmente tendemos a copiar tradições ruins, ainda mais com a imposição da Cultura Imperialista. O que percebemos, é que o Dia das Bruxas nada mais é do que a comemoração das mortes dos milhões de mulheres sábias e a tentativa de apagar a história de cada uma delas.

Foram séculos de mulheres e cultura feminina sendo queimadas nas fogueiras da Santa Inquisição, porém, dentro de cada mulher há a herança de cada bruxa queimada. No livro “Todas as Mulheres são Bruxas”, de Isabel Vasconcelos, você encontra a relação do ser bruxa, com o que chamamos de intuição feminina. Vale a pena ler, e muito mais vale a pena resgatar cada bruxa que existe dentro de cada mulher.

Significado de bruxa, segundo o dicionário Priberam:

bru·xa |ch|
(origem duvidosa)
substantivo feminino
1. Mulher que faz bruxarias.
2. [Figurado]  Mulher velha e antipática.
3. Panela de barro, crivada de buracos, que faz as vezes de braseiro.
4. [Ictiologia]  Peixe da costa de Portugal, também conhecido por cascarra.
Confrontar: broxa.

Um das versões de bruxa que o movimento de mulheres recomenda:

https://www.youtube.com/watch?v=n4RecjyPeBc


*Lorena Abrahão é militante da Marcha Mundial das Mulheres, com formação em Letras e atuação em assessoria sindical. 

Meu primeiro assédio

*Por Letícia Sabatela
Eu devia ter 12 anos. Voltava de ônibus da aula de Ballet, no Teatro Guaíra. Descia na rua da minha casa, umas duas grandes quadras antes, acostumada a esse caminho.
A rua deserta e larga , de calçadas largas, casas com jardins e portões distantes da rua, eu pela calçada, passarinhos e silêncio.
Um carro, um corcel vermelho, vinha pela rua ampla, reta e longa, parou à minha altura, eu na larga calçada mais próxima aos jardins das casas do que da rua, perguntou-me
"-Qual o nome dessa rua?"
-Raphael Papa.
-"Hein? Não consigo ouvir."
Eu falei mais alto e, de algum modo ele fez com que eu me aproximasse do carro para que ele conseguisse "ouvir e entender" direito .
Foi então que percebi seus olhos verdes avermelhados e estatelados, um "pau gigantesco" em suas mãos, o olhar doentio e pessimamente intencionado!
"-E aí, gostou do tamanho do pau?"
A rua deserta, ainda uma longa distância até minha casa.
Olhando fixamente em seus olhos, dei passos precisos, sem pressa, pra trás, peguei, sem tirar os olhos dos dele, um tijolo de um montinho de construção atrás de mim e fiquei parada, pronta para o que viesse.
Ele ainda hesitou, antes de partir lentamente , seus olhos em mim, eu o vi descer a rua ao longe , virar o carro e ainda voltar na minha direção, passando novamente pelo ponto onde eu o ameaçava com meu olhar fixo em seus movimentos, o tijolo na mão.
Quando o vi desaparecer da minha vista, corri até minha casa, coração a mil, um nojo daquilo, a minha forma de medo.
A gratidão pelo tijolo da construção. 
Eu devia ter 12 anos. Voltava de ônibus da aula de Ballet, no Teatro Guaíra. Descia na rua da minha casa, umas duas grandes quadras antes, acostumada a esse caminho.
A rua deserta e larga , de calçadas largas, casas com jardins e portões distantes da rua, eu pela calçada, passarinhos e silêncio.
Um carro, um corcel vermelho, vinha pela rua ampla, reta e longa, parou à minha altura, eu na larga calçada mais próxima aos jardins das casas do que da rua, perguntou-me
"-Qual o nome dessa rua?"
-Raphael Papa.
-"Hein? Não consigo ouvir."
Eu falei mais alto e, de algum modo ele fez com que eu me aproximasse do carro para que ele conseguisse "ouvir e entender" direito .
Foi então que percebi seus olhos verdes avermelhados e estatelados, um "pau gigantesco" em suas mãos, o olhar doentio e pessimamente intencionado!
"-E aí, gostou do tamanho do pau?"
A rua deserta, ainda uma longa distância até minha casa.
Olhando fixamente em seus olhos, dei passos precisos, sem pressa, pra trás, peguei, sem tirar os olhos dos dele, um tijolo de um montinho de construção atrás de mim e fiquei parada, pronta para o que viesse.
Ele ainda hesitou, antes de partir lentamente , seus olhos em mim, eu o vi descer a rua ao longe , virar o carro e ainda voltar na minha direção, passando novamente pelo ponto onde eu o ameaçava com meu olhar fixo em seus movimentos, o tijolo na mão.
Quando o vi desaparecer da minha vista, corri até minha casa, coração a mil, um nojo daquilo, a minha forma de medo.
A gratidão pelo tijolo da construção.
‪#‎meuprimeiroassedio‬



Quando a palavra da mulher não basta: o retrocesso da PL 5069/2013 e a vida das mulheres

DireitoAoNossoCorpo* Por Clarissa Nunes
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou hoje o Projeto de Lei n. 5069/2013 de autoria do Deputado Eduardo Cunha. Dentro da proposta há a criminalização com um a três anos de detenção para qualquer pessoa que instigue, induza ou auxilie um aborto – com agravamento caso o agente seja profissional de saúde. Atualmente essas condutas são tidas como contravenções penais e passíveis de pena de multa. Além disso, o texto do projeto em questão inclui a exigência de constatação em exame de corpo de delito do estupro cometido contra a mulher que queira abortar. Isto porque a legislação brasileira protege a legalidade do aborto em caso de gravidez derivada da violência sexual. Ou seja, além do constrangimento de ter o seu corpo e sua sexualidade violentada pelo estuprador e disso resultar uma gravidez, a mulher ainda deverá ser constrangida a comprovar a ocorrência da violência com um exame invasivo e obrigatório. O próprio Estado estará violentando, novamente, um corpo já vitimado pelas atrocidades do patriarcado e da cultura de estupro impregnada na sociedade brasileira.
Em razão de tal cultura e das maldades ocasionadas pela sua aplicação, a palavra da mulher não basta. Seja para ser ouvida ao dizer “não” para um ato sexual, seja para ser ouvida e acreditada quando contar ter sido vítima de um estupro. Hoje a Comissão de Constituição e Justiça legitima, novamente, a violência contra a mulher. Legitima, novamente, a inexistência de poder das mulheres sobre seus próprios corpos e retira a já fragmentada escolha sobre suas próprias vidas. A justificativa usada para a necessidade do exame de corpo de delito é a “prevenção das provas e punição dos agressores”. O que, no entanto, os senhores deputados não sabem (ou sabem, mas preferem esquecer) é que o processo criminal que visa a punição do estuprador (exceto em caso da vítima ser menor de dezoito anos ou vulnerável e nos casos de resultado com lesão grave ou morte) se procede mediante ação penal pública condicionada – ou seja, é necessário que a vítima represente perante a autoridade competente a sua vontade de que o Estado persiga e puna judicialmente o seu violentador. Contudo, em razão do constrangimento desse tipo de violência – e inclusive pelo fato de o maior índice de estupradores serem homens próximos as mulheres violentadas – nem todas as vítimas decidem pela persecução penal. Nesse sentido, a justificativa além de falha, denota a falta de escrúpulos dos trinta e sete parlamentares que votaram a favor do Projeto de Lei, já que o objetivo de forçar o exame abrange apenas o interesse da manutenção do silêncio das mulheres e coação de carregarem dentro dos seus corpos uma gravidez forçada através da violência. O intuito é de dificultar o acesso ao aborto legal. Quer dizer: Dificultar ainda mais, já que muitas mulheres – por falta de informação – desconhecem o direito a interrupção da gravidez nos casos previstos em lei.
O texto ainda expõe que as alterações normativas pretendem “dotar o sistema jurídica pátrio de mecanismos mais efetivos para refrear a prática do aborto, que vem sendo perpetrada sob os auspícios de artimanhas jurídicas, em desrespeito da vontade amplamente majoritária do povo brasileiro”, além disso um parágrafo do Projeto de Lei destaca que “nenhum profissional de saúde ou instituição, em nenhum caso, poderá ser obrigado a aconselhar, receitar ou administrar procedimento ou medicamento que considere abortivo”. É importante se deixar claro: caso aprovado de maneira definitiva, o texto legal não irá refrear a prática do aborto – seja pelo fato da prática existir mesmo com a penalização da conduta, seja pela já óbvia conclusão, em cenário internacional, de que a repressão não resulta em diminuição de delitos.
Caso aprovado, o Projeto de Lei matará mais mulheres. Um Projeto de Lei de autoria de um homem e de relatoria de outro homem que querem legislar sobre o direito dos nossos corpos e o direito de fazermos as nossas escolhas. É nesse viés que prevalece, ainda mais, a luta por representação feminina dentro dos campos políticos. É nesse sentido que se revela, com ainda mais clareza, a necessidade de uma reforma política no nosso País. Por mais mulheres na política. Por mais mulheres vivas. Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

*Clarissa é advogada e militante do Núcleo Soledad Barrett da Marcha Mundial das Mulheres de Recife

Sobre o PL 5069/2013 e a legalização do aborto: o corpo é meu e o Estado não manda aqui!


STF/PASSAGENS AÉREAS/EDUARDO CUNHA


*Por Isabela Costa
No último 28 de setembro, dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto, o Coletivo Terra Roxa, núcleo da MMM de Juiz de Fora/MG, organizou uma campanha nas redes sociais. Várias mulheres enviaram suas fotos para dar força à mobilização, usando seus corpos como instrumento de luta e resistência. O objetivo foi dar visibilidade à importância dessa luta, dizendo que as mulheres não aceitam mais que o Estado, as religiões, os homens e a sociedade em geral ditem regras sobre nossas vidas.
A luta pelos direitos reprodutivos das mulheres e pela legalização do aborto são bandeiras históricas do movimento feminista. No Brasil, temos debatido esses temas com algumas dificuldades, devido ao enraizamento do patriarcado e ao conservadorismo crescente em nossa sociedade. Porém, não podemos desconsiderar alguns avanços nas políticas públicas conquistados, nesse âmbito, pelas mulheres nos últimos anos.
Dentre eles, podemos destacar a promulgação da Lei de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (Lei 12.845/13), pela presidenta Dilma, que dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre outros procedimentos, a lei prevê: o “amparo médico, psicológico e social imediatos”; “a profilaxia das DSTs”; “o fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis”; e, também, a “medicação com eficiência precoce para prevenir gravidez”, que diz respeito ao acesso à pílula do dia seguinte. Essa lei é relevante também pela regulamentação do aborto em caso de estupro, que é considerado legal pelo Código Penal.
Ameaça de retrocesso à frente
Na contramão do reconhecimento pelo Estado brasileiro de que “violência sexual é toda atividade sexual não consentida”, o Projeto de Lei 5069/2013 – que tem como um dos autores o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – cria diversos empecilhos para o acesso aos serviços de saúde voltados às vítimas de violência sexual. Principalmente, ao serviço de abortamento legal. O texto prevê, por exemplo, a obrigação de realização de boletim de ocorrência em delegacia e do exame de corpo de delito no IML para comprovar o estupro. Assim, a palavra da mulher é colocada em xeque.
Atualmente, o testemunho da pessoa no serviço de saúde é suficiente para o procedimento, sem exigência de provas. E isso é muito importante, pois muitas mulheres, devido ao fator estressante decorrido da violência, podem demorar a procurar o sistema de saúde ou até desistir de buscar atendimento.
O PL ainda prevê uma alteração do Código Penal, aumentando a pena para os profissionais da saúde que informarem às mulheres sobre procedimentos abortivos. Outra questão importante, que muitos parlamentares – contrários à medida de Cunha – têm levantado é sobre a medicação para prevenir precocemente à gravidez. Caso seja aprovado, o PL abrirá precedente para criminalizar a distribuição e uso da pílula do dia seguinte. Muitos dos apoiadores e idealizadores do projeto já consideram a pílula como abortiva.
Fica nítida a intenção da bancada religiosa do Congresso em criminalizar e violentar institucionalmente mulheres e meninas, retirando seus direitos, sob o argumento de estarem “defendendo a vida”. Utilizando este mote, vários parlamentares comemoraram efusivamente a aprovação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Casa (CCJ), afrontando o caráter laico do Estado.
É importante destacar que a CCJ tem apenas duas parlamentares mulheres como titulares, que ficaram desoladas com a aprovação do PL. Como sempre temos discutido, a sub-representação feminina nos espaços de poder é um grave problema.
Destaco aqui a fala do relator do projeto, Evandro Gussi (PV-SP): “Surpreende-me que muitas mulheres sejam pró-aborto, até porque a maioria dos fetos é de mulheres. É estranho” (Portal IG, 22/10/2015). Diante disso, o que é “estranho” é ter que levar adiante uma gestação não desejada, fruto de um estupro. “Estranho” é ter esse tipo de pensamento obsoleto e machista, que naturaliza a violência contra as mulheres.
Ele ainda completa: “Defendemos a vida e não que a mulher pratique um crime ainda pior do que aquele de bandidos nas ruas deste país” (Idem). Ou seja, a ideia moralista embutida no projeto é de que as mulheres são criminosas e mentirosas e, por isso, não devem ter acesso a um atendimento digno. Nossas vidas pouco importam para essa bancada conservadora e hipócrita.
O PL 5069/2013 é um dos maiores retrocessos aos direitos conquistados pelas mulheres brasileiras. É uma afronta à nossa autonomia e liberdade. Nós não aceitaremos e não nos calaremos. A nossa luta tem o dia 28 de setembro como marco, mas ela acontece todos os dias. O aborto legal, seguro e gratuito deve ser direito de todas as mulheres. Todo dia é dia de dizer: O CORPO É MEU E O ESTADO NÃO MANDA AQUI
‘O Estado é Laico,
não pode ser machista.
O corpo é nosso,
não da bancada moralista.
As mulheres estão nas ruas
por libertação.
E o PL do Cunha não vai passar,
não não não!!’
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*Isabela Costa é militante da Marcha Mundial das Mulheres em Juiz de Fora

Avanço na Licença Paternidade no Banco da Amazônia


Em tempos de retrocessos nas pautas sociais, em muito devido ao atual congresso brasileiro, empregados do Banco da Amazônia conquistam relevante avanço no que se refere à licença paternidade na Campanha Nacional 2015/2016.
Não é de hoje que a CUT e os movimentos sociais reivindicam licença paternidade mais abrangente do que os atuais 5 dias previstos na legislação. A reivindicação se da em decorrência ao entendimento que os cuidados com o recém-nascido é tarefa e obrigação dos responsáveis pela criança, na maioria dos casos, pais e mães biológicos.
Por nossa sociedade ser duramente fundamentada no sexismo e patriarcado, acaba que a tarefa desse tipo de cuidado ainda é considerada como feminina, independente de classe social, cor ou raça; justificada equivocadamente pela questão biológica. Como se a amamentação fosse a única necessidade da criança.
Em alguns países a licença paternidade em período igual para homens e mulheres já é realidade, o que favorece a conciliação de trabalho e cuidados familiares. Este é o caso da Suécia, onde o pai e a mãe tem os mesmos direitos quando nasce uma criança. Atualmente trata-se de 14 meses, sendo que 2 meses obrigatoriamente ao pai, ou seja, pode ser mais que isto. E o governo pretende ampliar o benefício para 16 meses, sendo 3 obrigatoriamente ao pai.
Para a CUT, movimentos sociais e para o Sindicato dos Bancários do Pará, o modelo de licença paternidade e maternidade implantado desde 1995 na Suécia, é o modelo ideal para avançar na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Onde homens e mulheres possam gozar e exercer dos mesmos direitos e deveres de responsabilidade com a criança.
No Banco da Amazônia, será garantida no Acordo Coletivo de Trabalho 2015/2016, uma Licença Paternidade Especial. No caso de falecimento da mãe e sobrevida do filho, o empregado terá direito a continuidade da licença, nos moldes da licença maternidade. Esta garantia, ainda não é o modelo ideal deste benefício, porém, é um grande avanço nas pautas de igualdade de oportunidades da categoria bancária.
“Quando esses casos acontecem, o empregado, de todas as empresas do Brasil, tem que acionar a justiça para gozar do benefício e garantir os cuidados da criança. Essa conquista no Banco da Amazônia trata-se de uma medida afirmativa rumo à consolidação da ideia que cuidados domésticos são deveres dos homens e mulheres. Continuaremos a luta pela ampliação da licença paternidade, assim como na Suécia, pois, esse é um dos caminhos para erradicarmos ou diminuirmos os impactos da Divisão Sexual do Trabalho na vida das mulheres.” Afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários do Pará, Rosalina Amorim. Lincença-Paternidade-BASA
  
Fonte: Bancários PA

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Contraf-CUT denuncia propaganda sensual do Santander ao MPT


A Contraf-CUT entrou com representação contra o Santander no Ministério Público do Trabalho (MPT) por propagandas com gerentes em poses sensuais e pediu a suspensão imediata da peça publicitária. Em um dos banners, o banco utiliza a foto de uma mulher para motivar o interesse do público em abrir uma conta bancária com a gerente e diz: "Joyce, gerente do Santander. Abra uma conta com ela". A propaganda mostra a gerente, ao que parece estar balançando numa rede, com as pernas de fora, vestido decotado, em trajes inapropriados e incondizentes com a atividade profissional. 

Outro banner traz a imagem de um gerente sem camisa, tomando banho em um chuveiro de praia. "Rafael. Gerente Santander. Abra uma conta com ele", são os dizeres que também acompanham a foto. A campanha teve início no dia 22 de setembro e além de gerar espanto e revolta entre a categoria bancária, também causou polêmica nas redes sociais. Internautas de várias partes do País classificaram a publicidade de apelo ao erotismo, incentivo ao assédio sexual, de grotesca e vergonhosa. 

Para o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, a atitude do banco é inadmissível. "Queremos que as peças publicitárias saiam de circulação imediatamente. O Santander passou dos limites ao explorar o corpo e a sensualidade dos próprios funcionários. Os banners também mostram gerentes felizes da vida. Estamos entrando na terceira semana de greve por responsabilidade dos bancos, que não apresentaram ainda uma nova proposta. É um desrespeito total à categoria, que não está nada feliz, mas indignada com a postura dos banqueiros de forma geral e com a falta de ética do Santander com este tipo de publicidade", afirma Roberto. 

Segundo divulgação do banco à imprensa, a campanha utiliza 200 gerentes de agências em banners distribuídos nas principais cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. O banco ainda informou que cada peça retrata um gerente em momento de lazer, descontraído e fora do ambiente de trabalho. Segundo o Santander, a intenção é fazer as pessoas se identificarem com o funcionário da foto.

"Neste caso, a identificação para ser real, deveria utilizar outro tipo de foto", dispara a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis. "Os casos de adoecimento aumentam a cada dia, com metas abusivas e assédio moral. As mulheres, tão utilizadas e usadas, na campanha do banco, ainda são minoria nos cargos de direção e recebem salários mais baixos, só pelo fato de serem mulheres. Realidade? Nada é real nesta campanha, somente a exploração praticada pelos bancos mais uma vez", critica a secretária. 

O assessor jurídico da Contraf-CUT, Jefferson Martins de Olivera, explica que o banco pode ser processado por grave violação à dignidade de toda uma categoria profissional. "A denúncia ao Ministério Público do Trabalho busca o estabelecimento de uma mediação o mais breve possível com o banco, para determinar uma regra de conduta que resguarde a dignidade da categoria bancária. O banco extrapolou os limites da relação de trabalho. Tal processo pode inclusive acarretar uma multa altíssima por dano moral coletivo", informa o advogado.

"Não vamos admitir mais esta tentativa de abuso do banco. Tenho certeza que vamos derrubar a campanha publicitária e vencer mais esta batalha", ressalta Roberto von der Osten. 

Fonte: Contraf-CUT











terça-feira, 20 de outubro de 2015

Poderosas Cutistas: As mulheres querem! As mulheres podem!


Escrito por
Rosane da Silva
Secretária Nacional das Mulheres Trabalhadoras


Parece que foi ontem, que fui indicada para estar à frente da Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, e lá se vão 8 anos de muita luta, desafios e desafios! Por isso gostaria de aproveitar esse espaço, para fazer um rápido olhar sobre esses anos em que estive a frente da SNMT quero destacar alguns momentos que marcaram nossa atuação.
As ações de auto-organização e atuação na Central
Na 12ª Plenária Nacional da CUT, em 2008, a política de cotas deixou de ser apenas uma recomendação e passou a fazer parte do estatuto da CUT, como uma regra a ser cumprida e a Campanha “Igualdade de oportunidades na vida, na sociedade e no movimento sindical” foi relançada.
A campanha nos colocou o desafio de lutar por políticas públicas e ações sindicais que incidam sobre a divisão sexual do trabalho especialmente nas tarefas domésticas e de cuidados e articular diversos aspectos relacionados à vida cotidiana das mulheres com as situações que enfrentam no mundo sindical e na sociedade.
Além de serem fortemente impactadas pela terceirização, por relações de trabalho precarizadas, as mulheres enfrentam discriminação no acesso, permanência e ascensão no mercado de trabalho por serem mulheres e por serem responsáveis pelas tarefas domésticas e de cuidados. Para incentivar o debate e a luta em relação a esses aspectos fizemos uma cartilha sobre creche e uma sobre a Convenção 156 da OIT e preparamos um documento a ser encaminhado à III Conferência Nacional de Política para as Mulheres. Para nós, segue sendo um desafio a luta por políticas públicas que possibilitem o compartilhamento de tarefas domésticas e de cuidados com os homens e o Estado.
Nessa longa jornada gostaríamos de destacar a aprovação da paridade em 2012, no XI CONCUT, como uma grande conquista para as trabalhadoras no mundo sindical e um exemplo de pioneirismo que pode e deve ser levado às centrais de outros países.
A partir deste ano as direções e executivas estaduais e a direção nacional e executiva da CUT terão 50% de homens e 50% de mulheres.
A nossa sociedade é machista, patriarcal e capitalista, e as mulheres precisam criar mecanismos para superar os obstáculos que permeiam sua vida, e neste caso, em sua participação política. Por isso, para nós, a paridade não é apenas um número, mas uma política para enfrentar essa realidade desigual de participação política, e para sua implementação é necessária muita unidade das mulheres. A paridade entre homens e mulheres não é um fim em si mesmo, mas é um passo fundamental para iniciar uma mudança na concepção política e sindical da CUT.
No início de 2014 concretizamos o sonho de realizar um curso de formação feminista para o coletivo nacional de mulheres da CUT. O curso foi organizado e coordenado em parceria com o CESIT-UNICAMP.
Encerramos no último dia 03 de outubro este projeto que era só um sonho, mais com certeza foi um acerto político lutar e concretizar esse processo, pois além de ser um espaço de reflexão teórica, mais também de concilidar a unidade e solidariedade das mulheres cutistas.

Na luta junto com as organizações parceiras
Também 2008 passamos a integrar a Frente Contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto. Em 2010 tivemos presença marcante na 3ª Ação da Marcha Mundial de Mulheres. Em 2011 e 2015 fomos a Central que mais levou mulheres para participar da Marcha das Margaridas.
Junto com a FENATRAD e a CONTRACS acompanhamos todo o processo de negociação pela aprovação da Convenção 189 e da Recomendação 201 na OIT que trata do trabalho decente para trabalhadoras e trabalhadores domésticos. Assim como toda a luta para igualar o direito das trabalhadoras domésticas aos dos demais trabalhadores e trabalhadoras. Ainda que não da maneira como era reivindicado por nós, em junho deste ano, a Presidenta Dilma Rousseff sancionou o Projeto de Lei nº 224/13 (PL), que regulamentou os direitos das trabalhadoras domésticas. Essa foi uma vitória muito importante para as trabalhadoras brasileiras; mais de 7 milhões de mulheres e negras deste país saíram da invisibilidade e conquistaram direitos.
O feminismo como afirmação de um projeto libertário
A opressão e a exploração das mulheres seguem dando sustentação ao capitalismo e às suas contradições, portanto, não bastam ações e demandas com “recorte de gênero”: mudar a vida das mulheres significa transformar o mundo em que vivemos. E, para nós não há como transformar a vida da classe trabalhadora sem transformar a vida das mulheres.
As mulheres querem o aprofundamento da democracia, redistribuição da riqueza, a igualdade entre mulheres e homens. Por isso fazemos parte de um mesmo sonho e do mesmo ideal: queremos construir uma sociedade sem machismo, sem homofobia, sem racismo. Queremos construir uma sociedade libertária.
Eu tentei fazer um trabalho para envolver todas as companheiras. O coletivo é um espaço de construção coletiva e de fortalecimento da nossa unidade e solidariedade, e ao nos fortalecermos estamos fortalecendo a CUT.
2015 será um marco na história da nossa Central. Teremos paridade de mulheres e homens. Estão chegando muitas mulheres nos espaços de direção, militantes históricas algumas mais jovens no movimento sindical, feministas e outras valorosas lutadoras em outras frentes. Vamos olhar essas companheiras como companheiras que vieram fortalecer a luta das mulheres
A construção de uma plataforma feminista no interior do movimento sindical, assim como a presença permanente das pautas do mundo do trabalho no movimento feminista, é tarefa de todos e todas que desejam uma sociedade livre do machismo e do capitalismo. A disputa de concepção de sociedade que a CUT faz deve se pautar na certeza da necessidade de mudanças profundas na estruturação da sociedade para garantir a igualdade de direitos sociais, políticos e econômicos para mulheres e homens.
Só tenho a agradecer a minha corrente politica, as mulheres e homens da Central Única dos Trabalhadores que me daram a oportunidade neste 15 anos de representar a nossa central em vários espaços nacionais e internacional.
Encerro meu ciclo na CUT com a certeza que as mulheres estão mais fortes, combativas, feministas e revolucionárias, e só com muita unidade e solidariedade iremos construir uma sociedade justa e igualitária, libertaria, sem ódio e intolerância, uma sociedade verdadeiramente socialista.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Neste sábado (17), Culturada Feminista em Belém

No próximo sábado, acontecerá a Culturada Feminista da Marcha Mundial das Mulheres e você é nossa convidada para esta tarde cheia de feminismo e cultura.

A programação iniciará às 16h, na Praça do Carmo, onde rolará:

> Debate sobre "A violência contra as mulheres nos espaços públicos"
> Teatro feminista
> Rap Feminista
> Lanche coletivo (se puder, leve alguma coisa)
> Intervenção cultural


Obs.: podem levar uma canga ou lenço para sentar no chão.

Participe!