quinta-feira, 28 de abril de 2011

Nota da Marcha Mundial das Mulheres - USP a respeito de escracho feito a agressor machista no dia 30 de março de 2011, durante ato contra o aumento da passagem

No dia 30 de março, durante um dos atos contra o aumento da passagem, um grupo de feministas fez um escracho contra um ativista do Movimento Passe Livre (MPL) de São Paulo, Xavier (Rafael Pacchiega), denunciando-o publicamente por agressão à sua ex-companheira. Após o término de sua relação com a vítima, Xavier chegou a invadir sua casa, ameaçá-la de morte, perseguí-la nos espaços de convívio, insultá-la, etc. Trata-se, para nós, de um caso claro de violência machista. Um caso entre os muitos que ocorrem Brasil afora em que o (ex)marido/(ex)namorado/(ex)companheiro agride a sua (ex) companheira.

Gostaríamos, primeiro, de deixar clara a validade do escracho como forma de denúncia. Tornar o caso público (o que vai muito além de debatê-lo nos fóruns do movimento, mesmo que eles sejam abertos) faz com que o agressor tenha que responder publicamente por seus atos, além de ser fundamental para que a violência machista passe do âmbito privado para o âmbito público e seja tratada como um problema social, de saúde pública (e não como “brigas de fim de relacionamento”), garantindo, também, o fim da impunidade dos agressores. Outro fator importante é que uma denúncia pública pode encorajar outras mulheres a quebrar o silêncio e fazer o mesmo. A denúncia pública é tão importante quanto a denúncia em uma delegacia da mulher ou comum.

Outro ponto que julgamos ser importante ressaltar é que nada justifica a violência. Muitos tentam justificá-la com argumentos de que o agressor estaria desestabilizado pela perda de emprego, por estar sob efeito do álcool, ou por ter algum problema psicológico, e que sem esses fatores, o homem não seria violento. Oras, somente o fato de essa violência não ocorrer com os amigos, o vizinho ou o dono do bar já deveria mostrar que é uma violência impulsionada pela ideologia machista, e não por “fatores externos”. Além do mais, em situações de fragilidade, como perda de emprego, o homem não tem controle da situação, então encontra na mulher um reduto de poder.

Devemos pensar, também, que, graças às feministas que fizeram o escracho, a discussão a respeito do machismo dentro dos movimentos sociais ganhou força. Sem ele, continuaríamos na “normalidade” anterior, muitas vezes deixando passar casos de machismo, não por sermos favoráveis à opressão das mulheres, mas por não sermos capazes de reconhecer uma situação de violência contra elas. Para isso, entendemos que é preciso ir além de discussões acadêmicas, por vezes abstratas demais: é preciso aprender a reconhecer e combater, em nosso cotidiano, na realidade concreta, a violência sexista.

Infelizmente, o que se viu por parte de muitas pessoas foi o método utilizado pelas feministas tornar-se o foco da discussão, e não a agressão machista. Entendemos que, nesses termos, a discussão perde a direção que realmente deveria ter: o machismo em nossa sociedade, dentro e fora dos movimentos sociais. Sabemos, também, que a desqualificação do método serve aos setores mais conservadores da sociedade para desmoralizar e deslegitimar toda uma causa dos movimentos sociais. Bem se vê o que fazem com o MST: julgam suas ações violentas, mas nada falam da violência do latifúndio. Inclusive, muitos que são favoráveis à justa distribuição de terras caem no erro de discutir se o método é bom ou não. Ou, para pegarmos um exemplo mais próximo de nossa realidade: a greve dos funcionários terceirizados da USP. O método usado por eles (espalhar o lixo pelos prédios) foi colocado como centro da polêmica, tido como “agressivo”, utilizado, tanto ingenuamente como por má-fé, para deixar o real problema de lado: a questão do não-pagamento de seus salários.

Nesse sentido, nos colocamos veementemente contra a inversão de valores que foi criada: os oprimidos não podem ser vistos como opressores! E a violência (isso se julgarmos os atos como violentos) utilizada pelos oprimidos não deve ser julgada com o mesmo peso que a violência utilizada pelos opressores, pois a primeira visa a libertação de setores da sociedade historicamente silenciados, enquanto a segunda visa a manutenção de privilégios de uma pequena parcela da população. Privilégios estes que são sustentados justamente com o sacrifício desses setores silenciados: as mulheres, a classe trabalhadora, negras e negros, homossexuais, indígenas etc. Inverter os papéis é uma tentativa de desviar-se do debate real, corroborando com um status quo capitalista, machista, racista e homofóbico, e isso é (ou deveria ser) inaceitável em nossos movimentos sociais!

Sabemos, inclusive, que as autoras do escracho têm sofrido ameaças. Não admitiremos que ninguém seja impedido de denunciar um crime, uma agressão. Não admitiremos que determinados grupos ceifem a liberdade de out

rem para a manutenção de seus privilégios.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

Marcha Mundial das Mulheres - Núcleo USP

quarta-feira, 27 de abril de 2011

27 de Abril, Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica

Escrito por: Laisa Galdina - CUT/SE, com edição do Blog

Hoje é comemorado o Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica. Esta é uma categoria profissional de relevância para o país, porém mais do que comemorar o dia, este é um momento de refletir e discutir a situação dessas profissionais que enfrentam diversos problemas no dia-dia. O Brasil possui, aproximadamente, 8 milhões de trabalhadoras domésticas, o que representa 7,8% da População Economicamente Ativa. E, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada no final de 2010, do conjunto de mulheres empregadas no Brasil, 17% são trabalhadoras domésticas, em sua maioria negras.

Para a trabalhadora doméstica Djalma Santos Correia, a situação é complicada. Com três filhos, de 12, seis e um ano, respectivamente, e recém separada do marido, Djalma enfrenta o dia-a-dia com esforço. “Eu tenho 28 anos, sabe? Eu olho para minha vida e não sei mais o que vai ser dela. Fico muito triste, porque eu queria ter tempo e forças para sair com meus filhos no final de semana, levar eles no shopping, na praia. O que eu ganho mal dá pra alimentar nós quatro. E no final de semana eu tenho que colocar a minha casa e as coisas dos meus filhos em ordem. Lavo, passo roupa, cozinho, limpo a casa, cuido deles e da minha mãe, que está operada. É tanta coisa que não sobra tempo pra eu cuidar de mim”, desabafa.

Apesar do reconhecimento oficial como ocupação e dos direitos assegurados em lei, o trabalho doméstico tem uma regulamentação ainda frágil e suas características se afastam da noção de trabalho decente: um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança e que assegure uma vida digna aos trabalhadores, trabalhadoras e suas famílias. No Brasil, o trabalho doméstico é a ocupação que agrega o maior número de mulheres, segundo os últimos dados disponibilizados pela PNAD do IBGE são mais de 7 milhões de mulheres empregadas domésticas. Do número total de mulheres negras trabalhadoras, 20,1% são domésticas. Já para o conjunto formado por mulheres brancas, amarelas e indígenas, o trabalho doméstico corresponde a cerca de 12% do total da sua ocupação.

“É muito difícil fazer uma mobilização das trabalhadoras domésticas. Por isso nós trabalhamos com a lógica de esperar que elas nos procurem, a partir da Casa da Doméstica”, afirma Sueli Maria de Fátima, presidenta do Sindicato das Empregadas Domésticas do Estado de Sergipe (SEDES).

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Oficina da MMM com Ecosol Feminista neste sábado

O Núcleo Feminista de Economia Solidária do Pará, tem o prazer de convidar a todas e todos para participarem de uma oficina sobre FEMINISMO E MERCADO DE TRABALHO, junto com a MMM - Marcha Mundial das Mulheres que acontecerá no dia 30\04\2011 (sábado),ás 14:30 h, no auditório da FAAM – Faculdade da Amazônia .

A oficina celebra o Dia Internacional da Mulher e seu empoderamento. Com objetivo de fortalecer e contribuir para qualificar a economia solidária com as experiências das mulheres.

Local: Faculdade FAAM (Rod. BR-316, KM 7, 590) em frente o Evandro Chagas

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Amelia

Gênero: Aventura
Duração: 111 minutos
Lançamento: 2009 (EUA / Canadá)
Direção: Mira Nair
Elenco: Hilary Swank, Richard Gere, Ewan McGregor, Christopher Eccleston, Joe Anderson, Cherry Jones …

Sinopse:
A aviadora, Amelia Earhart, símbolo de liberdade, mantém um relacionamento tempestuoso George Putnam, seu editor e amante, movido pela ambição, admiração mútua e por um grande amor, cujo vínculo não consegue ser quebrado nem mesmo por um breve romance apaixonado entre Amelia e Gene Vidal.

Fonte: interfilmes.com


Amelia Mary Earhart (Kansas, 1897 - 1937) foi pioneira na aviação dos Estados Unidos, autora e defensora dos direitos das mulheres. Earhart foi a primeira mulher a receber a condecoração “The Distinguished Flying Cross”, por ter sido a primeira mulher a voar sozinha sobre o oceano Atlântico. Estabeleceu diversos outros recordes, escreveu livros sobre suas experiências de voo, e foi essencial na formação de organizações para mulheres que desejavam pilotar.

Amelia desapareceu no oceano Pacífico, perto da Ilha Howland enquanto tentava realizar um voo ao redor do globo em 1937. Seu modo de vida, sua carreira e o modo como desapareceu até hoje fascinam as pessoas.

Origem: Wikipédia, com edição do Blog.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Colabore com a Marcha das Margaridas 2011

Quem quiser ganhar um carro 0KM ou uma TV LCD 32", já pode comprar as rifas da Marcha das Margaridas com a Marcha Mundial das Mulheres-PA. A rifa é nacional, custa R$4, corre no mês de julho e visa arrecadar fundos para a delegação de mulheres paraenses que vai marchar de 16 a 17 de agosto em Brasília, debatendo o que as mulheres querem para construir um Brasil mais igual.

Para comprar a rifa e contribuir com as lutadoras do campo e da cidade, basta mandar um e-mail pra nós ( mulheres.em.marcha.@gmail.com ) ou procurar uma militante da MMM.

Veja aqui o vídeo com a chamada geral para a Marcha das Margaridas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Rumo a IV Encontro de Mulheres Estudantes da UNE. Pará presente!

Amanhã parte a delegação paraense de estudantes rumo ao IV EME da União Nacional dos Estudantes. A delegação é organizada pelo Coletivo de Mulheres Estudantes (filiado à MMM), além do DCE/UFPA - Oposição (Diretora de Mulheres, Caroline Bernado e Diretora de Negros e Negras, Liliane Nascimento) e da UAP (Diretora de Mulheres, Gisele Dantas).

No dia 02 de abril realizamos uma etapa preparatória no estado que contou com grande participação de estudantes de muitas universidades.

Desde que o I EME foi realizado, em 2005 (SP), as mulheres estudantes tem se organizado para pautar diversos temas: como o machismo nas universidades e no movimento estudantil; a legalização do aborto; creches para a comunidade universitária; assistência estudantil específica para as mulheres; combate à violência; ausência de disciplinas que debatam gênero como um elemento da formação acadêmica e profissional etc.

Confira a programação abaixo.

21 de abril
18h00 – Mesa de Abertura
19h00 – Atividade Cultural

22 de abril
09h00 – Mesa Eixo 1: Ô abre alas que as mulheres vão passar! Igualdade é poder.
Iriny Lopes, Ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres;
Ticiana Studart, da Marcha Mundial das Mulheres;
Alice Portugal, Deputada Federal PC do B - BA;
Fabya Reis, do MST;
Louise Caroline, Secretária Especial da Mulher em Caruaru – PE;
Zilmar Alberita, do Círculo Palmarino.

12h30 – Almoço

14h00 – Mesa Eixo 2: Mulher e o mundo do trabalho.
Rosana Sousa de Deus, Juventude da CUT;
Raimunda Gomes, Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CTB;
Creusa Maria, Presidente da FENATRAD;
Carmem Foro, Secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG;
Fernanda Melchionna, Vereadora de Porto Alegre;

17h00 – Grupos de Discussão: Movimento Estudantil · Saúde · LGBT · Assistência estudantil · Economia solidária e feminista · Mulher negra · Mídia · Violência contra a mulher.

19h00 – Jantar
20h30min – Atividade Cultural

23 de abril
09h00 – Mesa Eixo 3: As mulheres transformando a Universidade.
Luiza Bairros, Ministra da Secretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial;
Lucia Stumpf, ex-presidente da UNE e dirigente da UBM;
Alessandra Terribili, Marcha Mundial das Mulheres;
Daniele Jardim, historiadora e pesquisadora;
Luciana Mandelli, Diretora de Programas da SPM.

12h30 – Almoço
14h00 – Dinâmica sobre a Legalização do Aborto
17h00 – Atividades Autogestionadas; Trocas de experiências entre coletivos feministas;
19h00 – Jantar
20h30 – Atividade Cultural

24 de abril
09h00 - Plenária final
13h00 - Almoço

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Direito de ser família


Por Symmy Larrat*

Sexualidade não é para ser discutida, é para ser respeitada! A união entre pessoas do mesmo sexo é uma realidade, existem homens que vivem com outros homens e mulheres que tem relação afetivas com outras mulheres. Se é certo ou não, isto é da cabeça de cada um, pois ninguém é dono da verdade, mas a Constituição é a Constituição e não pode e nem deve ser colocada a segundo plano por nenhum dogma.

Comprovada a existência de união afetiva entre pessoas do mesmo sexo, o direito de um dos companheiros de receber benefícios previdenciários decorrentes do plano de previdência privada no qual o falecido era participante tem de ser reconhecido com os idênticos efeitos operados pela união estável.

Infelizmente, num país onde se nega mais de 70 direitos garantidos na constituição a pessoa que for homossexual, isso não ocorre. Casais homoafetivos ainda tem que se expor a um processo para garantir um direito básico a qualquer casal, pelo simples fato de que o afeto entre homossexuais não é visto como realidade ou normalidade.

O silêncio do legislativo brasileiro perante aos temas que tratam a homossexualidade faz com que a jurisprudência seja a mais importante ferramenta para assegurar a homossexuais e transexuais o exercício de cidadania. Não conseguimos avanços no Congresso federal, mas o Judiciário brasileiro já deu o primeiro passo e vários outros passos nesse sentido.

Como vencer o preconceito latente no espaço que deveria defender a laicidade do Estado? Essa é nossa maior batalha hoje. Fazer o legislativo entender que independente do possível pecado que estejamos cometendo, somos cidadãos e merecemos ter acesso ao que nos é de direito, e que nos deixem no pós-morte sermos julgados pela ira divina se assim o for.

O Brasil ainda não reconhece a união estável entre pessoas do mesmo sexo, mas a Justiça – e agora o Executivo – tem concedido a esses relacionamentos o mesmo tratamento legal dado aos casais heterossexuais.

Em junho do ano passado, a Advocacia-Geral da União reconheceu que a união homoafetiva estável dá direito ao recebimento de benefícios previdenciários para trabalhadores do setor privado. O argumento foi o de que a Constituição não permite a discriminação com base na orientação sexual.

Na esfera legislativa foi retomada a Frente Parlamentar pela Cidadania GLBT. Precisamos aprovar leis que alterem o novo codigo civil e instituam a união estável entre casais do mesmo sexo e garantam os famosos direitos previdenciários.

Enfim, não queremos mudar a família nem acabar com a família de ninguém, queremos ter o direito de ser família também.

*Symmy Larrat é Jornalista, conselheira do Conselho Estadual da Diversidade Sexual e ativista da ONG GRETTA - Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazõnia
symmylarrat@gmail.com

domingo, 10 de abril de 2011

Excomunhão ameaça direitos reprodutivos

Por Kara Santos

Manila, Filipinas, 10/1/2011, (IPS) - O apoio a um projeto de lei sobre saúde reprodutiva cresce a passos de gigante nas Filipinas, apesar de não haver certeza sobre sua aprovação e seu financiamento, pois os bispos católicos ameaçam com excomunhão quem o promover.

Isto ocorre nos furiosos debates sobre o uso de métodos anticoncepcionais, como a pílula, o dispositivo intrauterino (DIU) e as camisinhas. Dos 92 milhões de habitantes deste país do sudeste asiático, 85% são católicos.

Em resposta à veemente oposição da Igreja Católica ao projeto, conhecido como RH (“saúde reprodutiva”, em inglês), os ativistas organizaram a primeira “Festa da Excomunhão” no final de 2010. O encontro aconteceu sob o lema “Se apoiar o projeto RG significa excomunhão, podem me excomungar”. Foi coordenado pela organização Filipino Freethinkers (Livre Pensadores Filipinos) e divulgado como uma noite de “ceia, entretenimento e dissenso”.

No parlamento estão pendentes seis projetos de saúde reprodutiva. Todos permitem o uso de métodos artificiais de planejamento familiar, enquanto a Igreja Católica só reconhece o método natural, isto é, a abstinência. Estima-se que a cada dia nasçam quatro mil bebês no país. A Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas ameaçou excomungar os políticos que apoiarem o projeto RH, que dispõe sobre o acesso universal a métodos e informação sobre o controle da natalidade e cuidados maternos.

Eric é um dos mais notórios opositores desse texto. “Satã, afaste-se de nós. Deveria ter pedido à sua mãe que abortasse”, foram algumas das declarações feitas pelos membros da Pró-Vida em um vídeo feito pela Filipino Freethinkers, apresentado naquela noite.

Na festa da excomunhão, apontada como a primeira desse tipo, houve música ao vivo, brincadeiras para adultos, mensagens de solidariedade de personalidades que são a favor da lei, poesia improvisada e atuações teatrais sobre temas vinculados à saúde reprodutiva e ao aborto. Os participantes também assinaram um simbólico “documento de excomunhão”, com cópia enviada ao governo distrital de cada um, bem como à Conferência dos Bispos, para demonstrar seu apoio à causa.

Sobre o assédio a estudantes nesse templo, Carlos disse que “o que seja que tenha ocorrido, aconteceu de modo muito pacífico. Foi uma mostra absoluta da liberdade de expressão”. Um cartaz colocado perto da entrada do local se converteu em um muro para grafitagem. “Guardem seus dogmas”, escreveu alguém, dirigindo-se à Igreja Católica. “Fora da minha vagina! Minha vagina, minhas regras!”, escreveu outra.

As últimas pesquisas da consultoria Social Weather Stations (SWS) mostram que 71% dos filipinos estão a favor da aprovação do projeto de lei, enquanto 76% querem que seja ensinado planejamento familiar nas escolas públicas. Elizabeth Angsioco, presidente nacional da organização Mulheres Social-Democratas das Filipinas, disse em um comunicado que enquanto o projeto é debatido, perdem-se vidas.

“Acreditamos que a aprovação do projeto se faz urgente. É necessário há muito tempo. as mulheres pobres continuam morrendo por complicações na gravidez e no parto. Isto deve acabar”, disse Elizabeth. Pelo menos, 11 mulheres morrem por dia devido a complicações ligadas ao parto, segundo o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem). Envolverde/IPS

Fonte: http://www.ips.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=6663

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Realengo - Parte 2

Eu, como todo mundo, estou chocada com a tragédia no Rio, em que Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou numa escola municipal, matou dez meninas e dois meninos, e se suicidou após ser atingido por um policial. Já sabemos que essa diferença entre vítimas meninas e meninos não foi por acaso. Um aluno que chegou a conversar com o assassino relatou: “Tiros nos meninos era só pra assustar. Ele matava as meninas com tiros na cabeça. Nas meninas, ele atirava para matar. Nos meninos, os tiros eram só para machucar, nos braços ou nas pernas”. Outros relatos apontam que seus alvos eram garotas bonitas. Mais depoimentos afirmam que ele se referia às meninas como “seres impuros”. E a carta que ele deixou mostra um jovem muito perturbado e confuso, que se diz virgem e que não quer ser tocado por “impuros”. 
Eu quero chamar a tragédia pelo nome: foi um crime de ódio (hate crime, em inglês). Crime de ódio é quando alguém mata uma pessoa especificamente pelo seu gênero, cor, orientação sexual ou religião. Wellington não entrou na escola atirando a esmo. Ele não matou qualquer um. Ele matou meninas. Foi lá com esse objetivo. Foi premeditado.
A fórmula é explosiva: junta-se um acesso fácil às armas a um ódio imenso contra mulheres (isso tem nome: misoginia), que esses psicopatas desejam sexualmente mas odeiam ao mesmo tempo, porque elas os rejeitam. Não quer dizer que todo rapaz que não consegue as garotas que quer vai abrir fogo contra mulheres num lugar público. Mas os que já têm uma inclinação psicopática pra isso vão. E acontece com certa frequência. 
Isso me lembrou um caso que aconteceu em Pittsburgh, nos EUA, em agosto de 2009, e que não teve grande repercussão no Brasil. Um analista de sistemas de 48 anos chamado George Sodini foi a uma aula de aeróbica numa academia de ginástica, apagou as luzes, disparou 52 tiros, matou três mulheres, feriu outras nove e se suicidou. Ele não fazia sexo havia 19 anos e achava que as mulheres lhe deviam alguma coisa. Como sabemos? Porque ele escreveu isso no seu blog (tirado do ar, mas copiado antes por outras pessoas). Alguns de seus posts mostram bem o que a misoginia causa. Traduzo três:
5 de novembro de 2008
Planejava fazer isso [o massacre] no verão mas resolvi ficar mais um tempo pra ver o resultado das eleições. Essa em particular recebeu muita atenção e fiquei curioso. Não que eu dava a mínima pra quem ganhasse, já que meu plano já estava pronto. Boa sorte a Obama! Ele terá sucesso. A mídia liberal o ama. Amerika (sic) escolheu O Homem Negro. Ótimo! Por causa disso tive ideias fora dos planos de Obama para a economia e tal. Aqui vai: Todo homem negro deveria pegar uma jovem vadia branca pra transar. Seria um reverso dessa coisa de servitude. Há muito tempo, muitos donos de terra mais velhos tinham uma jovem negra para seus desejos. Já é tempo que a mesa vire. Sem contar que as vadias brancas gostam dos irmãos. LOL. Mais que elas gostam dos caras brancos! Todo pai sabe quando ele manda sua filha pra faculdade que ela começará a transar com um irmão de cor. Eu já vi. “Não a minha filhinha”, papai diz (certo!). Caras negros podem escolher as melhores vadias brancas. Faça as contas, há jovens brancas para que todos os irmãos possam ter uma durante cada 3 a 6 meses.
5 de junho de 2009
Eu estava lendo vários posts em fóruns diferentes e parece que muitas meninas adolescentes fazem sexo frequentemente. Uma de 16 faz três vezes por semana com o namorado dela. Então, ahn, depois de um mês disso, essa pequena vadia fez mais sexo que EU na minha VIDA, e eu tenho 48 anos. Mais um motivo. Obrigado por nada, vadias! Adeus. 
23 de julho de 2009
Acabei de olhar pela minha janela e vi uma linda garota em idade de faculdade sair da casa do Bob Fox, do outro lado da rua. Suponho que ele transou bem hoje. Garotas de faculdade são vagabundas. Eu me masturbo. Com frequência. Ele tem uns 45 anos. Ela era uma gostosa com cabelo comprido e um corpo lindo. Eu me masturbo. Com frequência. Alguns foram feitos pra simplesmente trilhar um caminho solitário na vida. Eu geralmente não fico olhando pela janela, mas hoje reparei. Santo deus eu me masturbo desde os 13 anos. Obrigado, mamãe e irmão (meu próprio sangue). E papai, por totalmente me ignorar esses anos. Todos vocês me ajudaram profundamente a ser desse jeito. 

George tinha uma obsessão: namorar moças com menos de 20 anos. Porque não, não podia ser qualquer mulher pra tirar o sujeito da sua miséria. Tinha que ser linda e jovem. Seu livro de cabeceira era Como Namorar Moças Jovens: para homens acima de 35. Ele foi a uma palestra dada pela autor do livro (que jura que mulheres odeiam caras legais). O mundo machista lhe dizia que tudo que ele precisava para conquistar uma jovem era ter dinheiro. E ele tinha (neste vídeo ele mostra sua casa, dizendo “Isso impressionaria uma mulher”. Numa mesa, um guia de como sair com mulheres jovens). Ele não era feioE ainda assim ele era rejeitado por 30 milhões de americanas - essa era sua estimativa de quantas moças desejáveis existiam. Você já adivinhou que um monte de homem maluco e solitário fez de George seu herói, e de seu blog, um manifesto. 
Na época desse massacre na academia de ginástica, uma colunista do The Guardian vaticinou: “É preciso explicar por que o fracasso na paquera pra mulheres gera uma Bridget Jones. Pra homens, gera um George Sodini”. Um dos colunistas sexuais mais famosos dos EUA, Dan Savage, escreveu algo inacreditável: que, se George tivesse feito sexo, ele não mataria. E propôs que seria ótimo se ele tivesse sido atendido por prostitutas (Dan não se preocupou se de repente um psicopata desses pudesse ser perigoso pras prostitutas).
Na ocasião, o Sociological Images fez um ótimo post sobre como a mídia americana tratou o caso: os jornais tentaram encontrar uma razão pro ódio que George sentia pelas mulheres. Ah, é porque ele foi rejeitado. Ah, porque ele não fazia sexo. Ah, porque ele vivia sozinho. O Images lança uma provocação: vamos supor que George tivesse matado judeus, após escrever no seu blog que odeia judeus. Será que a mídia tentaria encontrar uma razão para o ódio que George sentia pelos judeus? Provavelmente não. A gente só assumiria que o cara tinha sérios problemas e era um antisemita desgraçado. Mas como o ódio é contra mulheres, e isso parece ser tão comum, tão universal, busca-se um motivo. Imagine que George tivesse matado judeus. Algum artigo começaria do jeito que começaram os artigos americanos sobre o crime na aula de aeróbica? Era nesse nível: “George Sodini não conseguia encontrar amor”. 
O massacre só foi chamado de crime de ódio pela revista feminista Ms. De novo, vamos alterar os alvos e ver como é que fica (esse exercício é necessário porque a misoginia e o machismo são tão tolerados) se as vítimas fossem negros, não mulheres. Vamos supor que Wellington, o psicopata da escola carioca, escrevesse um blog dizendo que odeia negros. Aí fosse a uma escola e desse prefência por atirar em crianças negras. Não seria considerado um crime racista, um hate crime
Há um outro caso que, por sei lá qual motivo, ninguém lembrou até agora. Em 2006, um psicopata foi a uma escola rural numa comunidade Amish da Pensilvânia, separou as meninas dos meninos, e disparou contra as meninas, atingindo onze, das quais cinco morreram. Um colunista do New York Times, que é negro, afirmou que seria um choque terrível se o mesmo assassino tivesse separado negros de brancos, e aí atirado nos negros. Mas, como se tratava de meninas, nada se disse. Em suas sábias palavras: “Estamos tão acostumados em viver numa sociedade saturada de misoginia que o tratamento bárbaro de mulheres e meninas é mais ou menos esperado”. Pelo jeito, odiar mulheres é tão normal que nem constitui um crime de ódio.
E então, por quanto tempovamos tapar o sol com a peneira e fingir que o psicopata de Realengo foi à escola para matar crianças? Parece que seus alvos eram bem outras
Fonte: Escreva Lola, escreva

Femicídio em Realengo

O massacre em Realengo chocou a todos e todas. Porém, durante boa parte do dia de ontem, não imaginávamos o motivo da tragédia. A pergunta de todas as pessoas era "Porque?". Esta resposta foi sendo montada como um quebra-cabeça, primeiro a carta do atirador, onde falava sobre os seres impuros, a segunda peça foi então o anuncio das vítimas "das 12 crianças, 11 eram mulheres", e ao final, o depoimento de um dos meninos que presenciaram o massacre afirmou "ele atirava nas meninas para matar e nos meninos para machucar".
A frase que temos na coluna ao lado do nosso blog resume (de forma insuficiente, é verdade) o que aconteceu ontem, "O Feminismo nunca matou ninguém. Machismo mata todos os dias" e ontem matou 12.
Vamos ao longo do dia disponibilizar alguns textos que estão surgindo na blogosfera sobre vários aspectos e pontos de vista sobre o massacre, diferentes do que mídia brasileira exibe e parece não querer admitir.
Nossa solidariedade ao Rio, a Realengo, as famílias das vítimas e todas(os) brasileiras.
*Por Renata Corrêa
O MEDO DE ADMITIR*
Ontem, tristíssima com a tragédia no Rio, do atirador que massacrou crianças em uma escola de Realengo, comecei a ver o Jornal Nacional. Em dado momento, começou a reconstituição do crime via animação. A narração dizia que o atirador fazia disparos a esmo, sem escolher as vítimas.
No início do dia, quando eu soube que dez meninas e um menino tinham sido mortos pensei que o atirador estava escolhendo suas vítimas. Logo depois, no Globo News, o Rodrigo Pimentel, que de comandante do Bope a consultor de segurança agora virou comentarista-de-todas-as-nossas-tragédias, especulava que meninas sentavam na frente, e que meninos eram mais ágeis e teriam se safado mais facilmente.
Mas aí veio o depoimento do estudante Mateus Moraes, um dos pequenos sobreviventes. Ele foi assertivo: ele atirava nas meninas para matar e nos meninos, para machucar. A tia que perdeu a sobrinha e tinha um filho na mesma turma, que sobreviveu dá o relato apavorante do filho: ele disse que mataria as meninas bonitas.
O que existe entre o relato de Rodrigo Pimentel e a reconstituição do Jornal Nacional, que insistia que o assassino atirava a esmo? Machismo, ou a negação de que além de um crime de ódio inexplicável, o assassino ainda teve o requinte de escolher as suas vítimas? Por que temos medo de admitir que o que aconteceu possui características de crime de ódio, que é o crime que é voltado para uma parcela específica da sociedade (negros, gays, mulheres, crianças)?
Estamos todos muito chocados, realmente é difícil de engolir. Mas é mais difícil de engolir que no afã de explicar uma tragédia inexplicável a imprensa esqueça tudo o que aprendeu no curso universal por correspondência e esqueça um dado tão importante quanto esse: o assassino escolheu e encurralou suas vítimas preferenciais: meninas. E isso se configura como crime de ódio. Essa mesma imprensa esta manhã está soltando matérias com títulos como ”Atirador TERIA sofrido Bullying”. “Teria” é futuro do pretérito, conjugação verbal que conta para o leitor ou ouvinte que algo, no passado, pode ou não ter acontecido. Teria, galera, deveria ser abolido de todas as manchetes e ainda mais agora num caso como esse.
Me despeço aqui, pois a indignação, a dor e a tristeza não findaram com o dia de ontem. Deixo meus sentimentos para as famílias atingidas e que os garotos e garotas sobreviventes possam voltar a ter uma vida normal e ajudar na construção de um mundo mais justo, menos violento e mais igualitário para todos. Um mundo de paz.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Oficina Mulher e Política!

Nesse Sábado teremos mais uma atividade da Marcha Mundial das Mulheres! Vamos realizar uma oficina para debater a participação das mulheres na política.

Será no sindicato dos Bancários as 9h da manhã!

Vamos ter lanchinhos para as participantes!

Clica no cartaz!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fotos do Pré EME

Alongamento Coletivo:






Pré-EME Mesa "Mulher e Universidade"




Sessão de Fotos do Pré EME

Credenciamento:





Documentário "Mulheres Invisíveis"

Por Tica Moreno

Acho que Acorda Raimundo é o vídeo mais utilizado em oficinas e debates sobre o trabalho doméstico realizado principalmente pelas mulheres, de forma não remunerada, dentro de casa. E é ótimo.
Uns 20 anos depois, nós temos mais um vídeo que ajuda a fazer este debate. Semana passada, a SOF lançou “Mulheres Invisíveis”.

Ele apresenta de uma forma super didática uma das questões mais importantes pra entender como se estrutura a desigualdade entre homens e mulheres: a divisão sexual do trabalho.

Tem duas sociólogas feministas (Helena Hirata e Daniele Kergoat) que são referência pra pensar neste assunto. Elas estudam a divisão sexual do trabalho não de um jeito puramente descritivo (que mostra onde estão homens e mulheres no mercado de trabalho), mas como o que está no centro das relações de sociais entre homens e mulheres. O texto da Daniele Kergoat – Relações sociais de sexo e divisão sexual do trabalho – apresenta e sintetiza esta visão.

A ideia do vídeo é justamente poder ampliar esse debate, de uma forma que contribua para que o machismo não seja visto como uma construção puramente ideológica, mas que tem uma base material.

O vídeo também traz algumas reflexões da economia feminista, que dá visibilidade pro trabalho não remunerado das mulheres na esfera da reprodução social como uma contribuição econômica que não é reconhecida.

E, como não poderia deixar de ser, coloca a organização das mulheres no movimento feminista como o principal caminho para transformar essa realidade de desigualdade. Assista ao vídeo Mulheres Invisíveis:




Fonte: Blogueiras Feministas