sábado, 26 de maio de 2012

A Marcha das Vadias e a Mercantilização do corpo e vida das mulheres

Há um ano atrás a Marcha das Vadias foi construída como uma resposta irreverente contra a responsabilização das mulheres pelas violências sofridas e a estigmatização dos corpos femininos. Potencializada pela mobilização nas redes sociais, a Marcha ganhou vários países e, no Brasil, várias cidades. Algumas conseguiram dialogar com a conjuntura local e denunciar práticas de machismo naturalizadas, como por exemplo, a denúncia da prática machista de Rafinha Bastos na televisão e em sua casa de show em São Paulo.

 Passado um ano dessa movimentação é preciso refletir tanto sobre as formas como o capitalismo e o patriarcado mercantilizam a vida e o corpo das mulheres, como os instrumentos de resistências aos quais dispomos. Essa segunda tarefa passa por perceber que, muitas vezes, a violência contra as mulheres precisa de uma resposta rápida e incisiva, como se deu com a Marcha das Vadias, mas que seu enfrentamento deve ser um processo cotidiano, que vai além de um evento.

 Desde o final dos anos 70, o conjunto do movimento de mulheres, através da insígnia “nosso corpo nos pertence”, buscou questionar as imposições do patriarcado sobre a autonomia das mulheres – questão de fundo da Marcha das Vadias. Essa bandeira tem significado a luta das mulheres pelo direito de viver a sua sexualidade livremente, a luta por autonomia sobre o corpo e a vida, desde o exercício autônomo do desejo e do direito ao prazer, à legalização do aborto.

Retomamos esta luta, aprofundando a compreensão da sua dimensão anti-capitalista, uma vez que denunciamos como a sociedade de mercado impõe padrões de beleza racistas e sexistas e como o mercado difunde uma ideia do corpo das mulheres como objeto - em constante ajuste, retoque, conserto. As indústrias farmacêuticas e cosméticas acumulam lucros estrondosos, à custa da propagação da insegurança das mulheres, gerando, além de tudo, graves doenças como os distúrbios alimentares.

A associação entre capitalismo e patriarcado, que transforma as mulheres em objetos, está no centro da violência sexista. O Brasil possui o sétimo maior índice de homicídios de mulheres do mundo. Essas mulheres são assassinadas, muitas vezes, porque não se calaram diante de situações de violência ou porque exerceram sua autonomia. Conforme aponta pesquisa da Fundação Perseu Abramo (2010), a cada dois minutos 5 mulheres são espancadas no país, a cada minuto 5 mulheres sofrem assédio sexual, e a cada hora 220 mulheres são obrigadas a ter relações sexuais forçadas.

Essa situação de extrema objetificação da mulher está expressa no indignante caso de violência machista e sexista ocorrido no município de Queimadas no estado da Paraíba. Um estupro coletivo de cinco mulheres, sendo duas delas, assassinadas brutalmente por dez homens durante uma festa realizada por eles com o intuito de “presentear” o aniversariante com o estupro dessas mulheres. Este foi um ato de extremo machismo e misoginia pelo nível de crueldade, violência e desprezo pela vida das mulheres, derivados de um clima de terror que gera a perseguição e morte, caracterizados pelo abuso físico e verbal, estupro, tortura, escravidão sexual, espancamentos. Este crime bárbaro precisa ser punido com todo rigor da lei!

Além disso, a prostituição continua sendo vista por muitos como uma forma de viver a sexualidade. Para nós, ela representa a mercantilização, violência e subjulgação as quais as mulheres são submetidas. Sabemos que a indústria do sexo é um setor internacionalmente articulado, que gera lucros enormes e é associado ao tráfico de drogas, armas, corrupção e esquemas de crime organizado e sobrevive da exploração massiva do corpo de mulheres e crianças. Somos solidárias às mulheres que são vítimas dessa forma de exploração da sociedade patriarcal, mas é preciso perceber que a prostituição só existe em um sistema que se articula em torno da subordinação das mulheres e, portanto, não produz nada relacionado à liberdade e autonomia, ao contrário, a mulher se encontra escravizada por uma rede mercantilizada de controle do seu corpo e da sua vida. Essas redes funcionam como organizações criminosas que traficam e escravizam na sua maioria mulheres jovens negras entre 17 e 27 anos.

Essas formas materiais e simbólicas que constituem a opressão das mulheres na conjuntura atual revelam a necessidade de formas de mobilização e instrumentos de resistência que ultrapassem os limites da Marcha das Vadias. Essa resistência tem sido forjada há anos pelo conjunto dos movimentos de mulheres, pela articulação de mulheres nos movimentos mistos e pelas alianças entre movimentos que tem na sua base a luta por outro sistema. Não é possível “resolver” a opressão das mulheres, nos auto-intitulando “todas vadias”. Mas é preciso aprender com as novas formas de articulação, potencializadas pelas tecnologias da informação e comunicação, atualizando nossas formas de ação.

É preciso reafirmar a importância da auto-organização e resistência das mulheres para construção de um mundo baseado na igualdade, na solidariedade e livre de violência. É preciso fortalecer a nossa luta cotidiana contra a mercantilização das mulheres.

Negamos a falsa liberdade, oferecida pelo mercado, que se encerra unicamente na ideia de não ter impedimentos para a ação. Esta idéia está na base da banalização da sexualidade, tornando-a mais um produto a serviço dos lucros. Temos que ir além disso. É preciso construir a liberdade como condição necessária para a igualdade e como condição da autonomia tanto coletiva como individual das mulheres. Somente a partir desta compreensão é que faz sentido seguir em marcha até que TODAS sejamos livres!

Assim, estamos em constante luta para que as mulheres não sejam caracterizadas como vadias por sair dos padrões de comportamento, nem como qualquer outro símbolo que as menospreze e as diminua. Reafirmamos o direito de todas as mulheres viverem livre de estigmas, estereótipos, violência e exploração!!!

Marcha Mundial das Mulheres

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ensaio da Batucada nesta quinta (24)!

Vai rolar a Marcha das Vadias 2012 neste domingo (27 de maio) e a Marcha Mundial das Mulheres - Pará vai participar com a Batucada Feminista. Pra fazer bonito, temos que ensaiar, né?!

ENSAIO DA BATUCADA FEMINISTA
Quinta, 24 de maio, 17h, no Sindicato dos Bancários (Rua 28 de setembro, próx à Doca).

Lugar de mulher é onde ela quiser!

terça-feira, 22 de maio de 2012

O que está em jogo na Rio+20


A um mês da conferência das Nações Unidas Rio+20, os povos do mundo não veem resultados positivos no processo de negociação que está ocorrendo na conferência oficial. Ali não se está discutindo um balanço do cumprimento dos acordos alcançados na Rio 92, ou como mudar as causas da crise. O foco da discussão é um pacote de propostas enganosamente chamado de “economia verde” e a instauração de um novo sistema de governo ambiental internacional que o facilite.


A verdadeira causa estrutural das múltiplas crises é o capitalismo, com suas formas clássicas e renovadas de dominação, que concentra a riqueza e produz desigualdades sociais, desemprego, violência contra o povo e a criminalização de quem os denuncia. O sistema de produção e o consumo atual – representados por grandes corporações, mercados financeiros e os governos que garantem sua manutenção – produzem e aprofundam o aquecimento global e a crise climática, a fome e a desnutrição, a perda de florestas e da diversidade biológica e sócio-cultural, a contaminação química, a escassez de água potável, a desertificação crescente dos solos, a acidificação dos mares, a grilagem de terras e a mercantilização de todos os aspectos da vida nas cidades e no campo .

A “economia verde”, ao contrário do que o seu nome sugere, é outra fase da acumulação capitalista. Nada na “economia verde” questiona ou substitui a economia baseada no extrativismo de combustíveis fósseis, nem os seus padrões de consumo e produção industrial. Essa economia estende a economia exploradora das pessoas e do ambiente para novas áreas, alimentando assim o mito de que é possível o crescimento econômico infinito.

O falido modelo econômico, agora disfarçado de verde, pretende submeter todos os ciclos vitais da natureza às regras do mercado e ao domínio da tecnologia, da privatização e da mercantilização da natureza e suas funções. Assim como dos conhecimentos tradicionais, aumentando os mercados financeiros especulativos através dos mercados de carbono, de serviços ambientais, de compensações por biodiversidade e o mecanismo REDD+ (Redução de emissões por desmatamento evitado e degradação florestal).

Os transgênicos, os agrotóxicos, a tecnologia Terminator, os agrocombustíveis, a nanotecnologia, a biologia sintética, a vida artificial, a geo-engenharia e a energia nuclear, entre outros, são apresentados como “soluções tecnológicas” para os limites naturais do planeta e para as múltiplas crises, sem abordar as causas verdadeiras que as provocam.
Além disso, se promove a expansão do sistema alimentício agroindustrial, um dos maiores fatores causadores das crises climáticas, ambientais, econômicas e sociais, aprofundando a especulação com os alimentos. Com isso se favorece os interesses das corporações do agronegócio em detrimento da produção local, campesina, familiar, dos povos indígenas e das populações tradicionais, afetando a saúde de todos.

Como uma estratégia de negociação na conferência Rio+20, alguns governos de países ricos estão propondo um retrocesso dos princípios da Rio 92, como o princípio de responsabilidades comuns e diferenciadas, o princípio da precaução, o direito à informação e participação. Estão ameaçados direitos já consolidados, como os dos povos indígenas e populações tradicionais, dos camponeses, o direito humano à água, os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, dos imigrantes, o direito à alimentação, à habitação, à cidade, os direitos da juventude e das mulheres, o direito à saúde sexual e reprodutiva, à educação e também os direitos culturais.

Está se tentando instalar os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que serão utilizados para promover a “economia verde”, enfraquecendo ainda mais os já insuficientes Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

O processo oficial propõe estabelecer formas de governança ambiental mundial que sirvam como administradores e facilitadores desta “economia verde”, com o protagonismo do Banco Mundial e outras instituições financeiras públicas ou privadas, nacionais e internacionais, que irão incentivar um novo ciclo de endividamento e ajustes estruturais disfarçados de verde. Não pode existir governança global democrática sem terminar com a atual captura corporativa das Nações Unidas.

Repudiamos este processo e conclamamos todos para que venham fortalecer as manifestações e construções de alternativas em todo o mundo.

Lutamos por uma mudança radical no atual modelo de produção e consumo, consolidando o nosso direito para nos desenvolvermos com modelos alternativos com base nas múltiplas realidades e vivências dos povos, genuinamente democráticas, respeitando os direitos humanos e coletivos, em harmonia com a natureza e com a justiça social e ambiental.

Afirmamos a construção coletiva de novos paradigmas baseados na soberania alimentar, na agroecologia e na economia solidária, na defesa da vida e dos bens comuns, na afirmação de todos os direitos ameaçados, o direito à terra e ao território, o direito à cidade, os direitos da natureza e das futuras gerações e a eliminação de toda forma de colonialismo e imperialismo.

Conclamamos todos os povos do mundo a apoiarem a luta do povo brasileiro contra a destruição de um dos mais importantes quadros legais de proteção às florestas (Código Florestal), o que abre caminhos para mais desmatamentos em favor dos interesses do agronegócio e da ampliação da monocultura; e contra a implementação do mega projeto hidráulico de Belo Monte, que afeta a sobrevivência e as formas de vida dos povos da selva e a biodiversidade amazônica.
Reiteramos o convite para participação na Cúpula dos Povos que se realizará de 15 a 23 de junho no Rio de Janeiro. Será um ponto importante na trajetória das lutas globais por justiça social e ambiental que estamos construindo desde a Rio-92, particularmente a partir de Seattle, FSM, Cochabamba, onde se têm catapultado as lutas contra a OMC e a ALCA, pela justiça climática e contra o G-20. Incluímos também as mobilizações de massa como Occupy, indignados, a luta dos estudantes do Chile e de outros países e a primavera árabe.

Convocamos todos para que participem da mobilização global de 5 de junho (Dia Mundial do Ambiente); da mobilização do dia 18 de junho, contra o G20 (que desta vez se concentrará no “crescimento verde”) e na marcha da Cúpula dos Povos, no dia 20 junho, no Rio de Janeiro e no mundo, por justiça social e ambiental, contra a “economia verde”, a mercantilização da vida e da natureza e em defesa dos bens comuns e dos direitos dos povos.

Rio de Janeiro, 12 de maio de 2012
Assinam:
Grupo de Articulação Nacional e Internacional da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental*.

*O Grupo de Articulação (GA) Internacional do Comitê Facilitador para a Sociedade Civil na Rio+20 (CFSC) da Cúpula dos Povos é formado por 35 redes, organizações e movimentos sociais de 13 diferentes países. Seus representantes trabalham junto ao GA Nacional (com 40 redes representadas) na coordenação metodológica e política da Cúpula dos Povos, evento paralelo e crítico à Rio+20, que vai reunir milhares de pessoas no Aterro do Flamengo, de 15 a 23 de junho.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Nota de repúdio à violência sexista no município de Queimadas na Paraíba

        

Nós, da Marcha Mundial de Mulheres, conscientes de que é preciso mudar o mundo e a vida das mulheres, expressamos toda nossa indignação com o caso de violência machista e sexista ocorrido no município de Queimadas no estado da Paraíba. O estupro coletivo de cinco mulheres, sendo duas delas, assassinadas brutalmente por dez homens durante uma festa realizada por eles com o intuito de “presentear” o aniversariante com o estupro dessas mulheres,” foi um episódio revoltante, que não encontra em nosso vocabulário uma palavra capaz de traduzi-lo. Este revelou o cúmulo da objetificaçao da mulher, considerada um objeto descartável, ou seja: as mulheres perderam a condição de seres humanas. este crime bárbaro precisa ser punido com todo rigor da lei.” . Este e outros crimes como de Elisa Samudio, Márcia Nakagina são exemplos que assustam pelo nível de crueldade e banalização da violência.

Por isto, denunciamos essa violência como resultado de uma sociedade machista e patriarcal e misógina, onde o corpo e a vida das mulheres são vistos como um elemento a ser dominado. Neste sentido, sempre reforçamos: é preciso mudar o mundo para que a vida das mulheres mude, para que as mulheres não sofram mais as conseqüências desse modelo de sociedade machista e patriarcal onde suas vidas são ceifadas pela violência sexista e tratadas como mercadoria e presente.

Não cansaremos na denúncia e cobrança por justiça, pois atos como estes não serão aceitos pela sociedade, para que a igualdade e liberdade permeiem a vida das mulheres em sua plenitude. Neste contexto, dizemos não à ameaça dos que querem calar o grito das mulheres de Queimadas por justiça. Se ainda existem casos abafados de violência contra as mulheres neste município paraibano, que seja investigado incansavelmente e determinado as devidas punições dos criminosos que aterrorizam a vida das mulheres, para que nenhuma mulher venha a sofrer a dor provocada pelo machismo, nem seja estuprada, nem assassinada.

Não basta apenas constatar que este caso foi um caso de violência na sociedade paraibana e sim é preciso reconhecer que este é um crime cometido pelo machismo instalado por este modelo de sociedade capitalista e patriarcal vigente. Quando dizemos que o machismo mata, vai além de palavra de ordem ou teorias, mais uma realidade onde os crimes de ódio e a banalização da violência têm sido uma triste marca , o que coloca o Brasil em 12 lugar de pais em números de assassinatos .
Até abril deste ano, já foram assassinadas 41 mulheres na Paraíba sendo 26 por crimes machistas e sexistas e 15 por suposto envolvimento com drogas é devido a essa realidade que se faz necessário e urgente, que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da violência contra a mulher dê uma atenção especial a Paraíba e para o caso de Queimadas, pois a omissão do estado compromete a segurança das mulheres.

Este é um momento importante para denunciarmos todas as formas de violências feitas às mulheres, o tráfico de mulheres e meninas, as violências físicas, morais e psicológicas, o assédio sexual, o estupro, como formas de exercer o poder de sexo, classe e raça sobre o corpo e a autonomia da vida das mulheres, como também, o fim da impunidade de todos esses criminosos.

Também denunciamos as violências já naturalizadas na nossa sociedade, como a tripla jornada de trabalho diários das mulheres, seus empregos precarizados, a invisibilidade do trabalho doméstico no campo e na cidade, a diminuição de investimentos em políticas publicas pelo Estado e em equipamentos sociais que garantam às mulheres creches de qualidade, cozinhas comunitárias, lavanderias públicas, o que resulta na utilização da mão-de-obra de outras mulheres no trabalho doméstico e de cuidados.

É importante reforçarmos e cobrarmos, que os mecanismos de políticas para às mulheres sejam prioridades nos orçamentos precários e vergonhosos das políticas sociais, e que se tornem de Estado no enfrentamento e combate às violências sofridas pelas mulheres, para que facilite na transição da transformação da estrutura socioeconômica - cultural machista, lesbofóbica, racista e patriarcal vigente.

Queremos um mundo onde as mulheres e os homens sejam livres em seus direitos, que só é possível pelas vias da igualdade, permitindo que as mulheres rumem ao exercício pleno de sua autonomia pessoal, social, política, econômica, cultural e sexual.

Nos identificamos e reconhecemos na historia da humanidade, os esforços de todas as mulheres do mundo na luta contra a violência sexista que é também uma violência de classe, onde os mais ricos exercem sobre as mais pobres seu poder de dominação e exploração.

A opressão e exploração sofrida por cada mulher, interessa a todas nós. Por um mundo sem violência contras as mulheres!

SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!

São Paulo, 24 de abril de 2012.

NºORD. ORGANIZAÇÕES QUE APOIAM 

001- Marcha Mundial das Mulheres 
002- Assembléia Popular na Paraíba 
003- Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB 
004- Frente Paraibana em defesa da Terra, dos Povos e das Águas do Nordeste 
005- SINTEF 
006- Consulta Popular 
007- Comissão Pastoral da Terra – CPT 
008- Programa Escola Zé Peão - SINTRICON – UFPB 
009- SINTRICON 
010- Movimento dos Sem Terra - MST 
011- ARCIDE – Ação pelo Respeito e Cidadania da Diversidade 
012- Associação de Cultura e Rock do Sertão - ACRS/PB 
013- Grupo de Mulheres Lésbicas Maria Quiteria 
014- Centro Comunitário Bom José – Pastoral do Menor 
015- LEPEL /PB 
016- Rede de Educação Cidadã – RECID 
017- ADESPVIDA 
018- Levante Popular da Juventude 
019- Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD 
020- Movimento Negro de Sape 
021- Movimento do Espírito Lilás – MEL 
022- Fórum de Juventude de Sape 
023- Mulheres de Mãos Dadas 
024- Movimento das Comunidades Populares – MCP/UJP 
025- Assoc. Paraibana dos Portadores de Anemias Hereditárias – ASPPAH 
026- Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial – FOPPIR 
027- Sindicato dos Trabalhadores Rurais 
028- Tribunal Popular da Terra 
029- Dgnitatis 
030- Rede Nacional de Advogados Populares/PB 
031- Associação Santos Dias 
032- SINTER – PB 
033- Fórum em Defesa da Agricultura Familiar e Reforma Agrária 
034- Movimentos dos Pequenos Agricultores – MPA 
035- CAPS Caminhar/Associação Caminhando 
036- INTECAB/PB 
037- Casa de Mulheres Renasce Companheiras 
038- Associação de Deficientes e Familiares – ASDEF 
039- JPT/Mulheres e LGBT 
040- Fórum Estadual em Defesa do SUS e Contra as Privatizações 
041- Grupo Flor Flor Estudos de Gênero – UEPB 
042- Associação Brasileira de Rádios Comunitárias – ABRAÇO – PB 
043- Rede Afro/Movimento LGBT 
044- Terra Livre – Movimento Popular do Campo e da Cidade 
045- Fórum Estadual LGBT 
046- Pastoral Afro 
047- Sindicato das Trabalhadoras Domesticas 
048- CRESS/PB 
049- GAPEV – Grupo de Ação Pela Vida 
050- CEMAR – Centro de Educação Integral Margarida Pereira da Silva 
051- GVP – Gayrreiros do Vale do Paraíba 
052- PJR/RJNE 
053- Associação Comunitária Casa Branca 
054- Comunidade Santa Clara – Castelo Branco 
055- ACIS/ Pastoral da Criança e Grupo de Mulheres Com. Gervasio Maia 
056- SMS/SP 
057- Sindicato dos Aeroviários – PB 
058- OCA de Pia Aborigine 
059- RNAJVHA 
060- Associação de Mulheres (AMUPAVIM) 
061- CPCC – Centro Popular de Cultura e Comunicação 
062- Centro de Referencia e Direitos Humanos da UFPB 
063- Associação Comunitária do Conjunto Tibiri I 
064- União da Juventude Comunista 
065- UFPB/PRAC 
066- Movimento Estudantil 
067- MNCP 
068- Centro Popular de Cultura e Comunicação 
069- CA de Arquitetura e Urbanismo 
070- Associação Paraibana dos Amigos da Natureza – APAN 
071- ADUF/PB 
072- AMAZONA – Associação de Prevenção a Aids 
073- Centro de Ação Cultural – CENTRAC 
074- BAMIDELE – Organização das Mulheres Negras da Paraíba 
075- unha Coletivo Feminista 
076- Instituto Marista da Solidariedade 
077- MAC- Movimento de Adolescentes e Crianças 
078- Pastorais Sociais 
079- Pastoral da Aids 
080- Movimento Organizado da Paraíba 
081- Grupo de Juventude – Gramame 
082- Mandato Popular Dep. Frei Anastácio 
083- Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD 
084- Movimento dos Pequenos Agricultores 
085- Marcha da Maconha 
086- Mulheres de Terreiro 
087- Pastoral do Menor 
088- Fórum Estadual de ECOSOL 
089- Fundação de Direitos Margarida Maria Alves 
090- Mandato Popular Dep. Luis Couto 
091- GAPEU 
092- Sindicato das Trabalhadoras Domesticas 
093- Associação Comunitária Santa Marta 
094- Espaço Múltiplo 
095- Missão de Desenvolvimento Social – MDS 
096- Coletivo de Mulheres do Campo e da Cidade 
097- Grupo de Mulheres Comunidade Gervasio Maia 
098- Centro Cultural de Valorização das Tradições Afro – brasileira 
099- Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – Fórum DCA 
100- PSOL 
101- SOF- Sempreviva Organização feminista 
102- REF - Rede Feminismo e Economia 
103- Mulheres do PT

Fonte: MMM-PB 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Nota de Repúdio da Diretoria de Mulheres da UBES

Muito Além de Brincadeira de Criança
Nota de Repúdio da Diretoria de Mulheres da UBES

                Na última quarta-feira (09/05) o Brasil se comoveu com o fato ocorrido numa escola em São Carlos, no estado de São Paulo: uma menina de 11 anos foi abusada sexualmente por quatro colegas de turma dentro da sala de aula, e os acusados, tinham entre 12 e 14 anos de idade. A agressão aconteceu durante a troca de professores, diante de toda a turma.
                O caso é grave, e infelizmente, vem se somar a outras notícias do gênero que assolam a sociedade com uma frequencia assustadora. Ainda em março deste ano, estourou a história de uma garota de 12 anos que foi estuprada mais de uma vez por 5 colegas da escola, todos também menores de idade. Além desses, muitos outros casos vem à tona, mas são todos tratados isoladamente, sem que haja nenhuma reflexão sobre a relação entre eles.
                Mais do que bullying, estamos falando de casos de agressão sexual onde todos os envolvidos são menores de idade. A violência contra as mulheres se alastra em todos os setores da sociedade, mostrando que o machismo não tem idade nem limites e traz graves consequencias, inclusive para nossas crianças.
                 O que leva uma criança de 12 anos a abusar sexualmente de outra? Quais são os valores que estão sendo passados e quais as atitudes que estão sendo reproduzidas nas nossas escolas? Esse é o pensamento que deve permear qualquer reflexão ou crítica sobre casos como esses. O que vemos nas notícias é o mais fiel e cruel retrato do machismo ainda tão impregnado em nossa sociedade. Os adolescentes que cometem esse tipo de crime estão colocando em prática nada mais do que os valores machistas que assimilaram durante toda a vida, exercendo a suposta superioridade masculina em detrimento da mulher. Vemos uma clara opressão das mulheres, que são tratadas como objetos a serviço das vontades dos homens, sem direitos, sem voz, sem respeito, sem sequer o tratamento digno de um ser humano.
                O julgamento dos casos citados, bem como a punição aos acusados são difíceis de tratar por se tratar de menores de idade, e,  até agora, a única punição aplicada foi uma suspensão de cinco dias na escola. A justiça deve fazer sua parte no cumprimento da lei, mas, a experiência de uma violência como essa com certeza vai marcar para sempre a vida de quem a sofreu ainda tão jovem. Isso, punição alguma pode apagar. Fica a nós a tarefa de refletir sobre a real causa desses problemas que assolam nossa sociedade de forma tão violenta, e buscar soluções.
                Precisamos ensinar os homens a não estuprar, ao invés de ensinar as mulheres ao não serem estupradas. Discutir o combate ao machismo dentro das escolas é uma pauta que vem se mostrando cada dia mais central e, para isso,  apresentamos como alternativa a construção do FEMINISMO: a luta por igualdade de gênero, respeito e libertação da mulheres. Debater, criar consciência, formar opinião e lutar são tarefas da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas para combater as opressões da sociedade capitalista e, um mundo justo e igualitário passa fundamentalmente pela libertação das mulheres. 
                 Não há nesse Brasil ninguém melhor para alcançar o universo das escolas do que os(as) próprios(as) estudantes secundaristas organizados(as). Assim, a Diretoria de Mulheres vem afirmar o caráter FEMINISTA que a UBES deve encampar de forma muito incisiva para este e os próximos períodos. Criar e fortalecer as organizações feministas dentro do movimento secundarista é dar às mulheres ferramentas de enfrentamento à violência sexista presente no dia a dia dentro e fora das escolas. Dessa forma, contribuimos de forma concreta para a superação do machismo e consequentemente para os revoltantes casos de violência contra a mulher como os que foram noticiados nos últimos dias.
Natal, 10 de maio de 2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Nota da Marcha Mundial das Mulheres sobre o aborto e o "Caso Jordy"

Nota da Marcha Mundial das Mulheres sobre o aborto e o "Caso Jordy"


A Marcha Mundial das Mulheres - Pará, vem tornar público seu posicionamento a respeito do "Caso Jordy". Nossa prioridade não é discutir o conteúdo do áudio, mas os argumentos conservadores adotados por diversas pessoas com o objetivo de defender o deputado e criminalizar a mulher.

Em preliminar, gostaríamos de negritar que não aplaudimos a divulgação de conversas privadas na internet ou em qualquer outro meio, haja vista a exposição das pessoas envolvidas. Nossa preocupação se direciona principalmente à grávida, que não é uma pessoa pública, mas merece de todos a mesma consideração devotada ao deputado quanto à sua privacidade.

Não concordar com a exposição de um caso pessoal, não quer dizer que concordamos que o aborto é um assunto privado. Pelo contrário, afirmamos que o aborto é assunto público, assim como a violência contra as mulheres e a pedofilia. O feminismo sempre disse que “em briga de marido e mulher”, a sociedade e o Estado devem sim “meter a colher”.

Defendemos a legalização do aborto por entender que cabe às mulheres, no exercício da autonomia sobre seus corpos e suas vidas, tomar a decisão se querem ou não interromper a gravidez não planejada, sem pressão do parceiro, da família ou da Igreja, mas, sobretudo, sem a ameaça de ir presa por isso.

Na prática, muitas mulheres já decidem e abortam, muito mais do que as pessoas querem admitir, pois quando se trata de uma filha, parente, amiga, namorada, amante ou esposa percebemos que o nível de tolerância e solidariedade com esta realidade é bem maior do que quando se trata de debater mudanças na legislação que permitam a interrupção até as primeiras 12 semanas de gestação, o que, registre-se, é permitido na maior parte do mundo.

A verdade é que este debate está contaminado pela hipocrisia e pelo machismo. Hipocrisia porque a maioria da sociedade nega às mulheres este importante direito sexual e reprodutivo (opinião pública conservadora) mas, no privado, entre quatro paredes, numa conversa telefônica ou num confessionário, não faltam justificativas para achar que os casos das suas “conhecidas” eram diferentes (opinião privada liberal), ou seja, vistos como casos excepcionais, quando constituem a regra. Machismo porque os que ditam as regras são os homens: maioria no parlamento, entre os juízes e os líderes religiosos, e o fazem sabendo que a conseqüência é a morte de milhares de mulheres todos os anos.

No Brasil, estima-se que mais de 1 milhão de abortos ocorram anualmente, só que de maneira completamente insegura, com métodos caseiros ou em clinicas de aborto, estas últimas um privilégio daquelas que podem pagar ou ainda que o próprio parceiro ou família viabiliza o pagamento. Portanto, o aborto é um caso de saúde pública também, já que as mulheres pobres, sobretudo as negras, são as que recorrem a métodos de abortamentos inseguros.

No caso em debate nas redes sociais, percebemos um linchamento público da mulher que lutou pelo direito de prosseguir com sua gravidez. A mulher que não admitiu ser pressionada se torna, na voz dos defensores do deputado, uma pessoa malvada e mal intencionada, interesseira e premeditada. Para nós, feministas, esta postura não surpreende, mas merece o justo combate. Assim como não aceitamos a expressão "mulher de malandro", não aceitamos ser culpadas pelos estupros que sofremos, não aceitamos o abuso sexual de menores como algo normal, não calaremos diante do machismo que justifica qualquer atitude masculina e culpabiliza as mulheres.

Temos direito de sermos mães, se quisermos. Direito de andar na rua à noite e de nos vestirmos como quisermos, sem ter todo esse moralismo descarregado sobre nós.

Em defesa dos direitos da mulheres, seguiremos em marcha até que todas sejam livres!

Belém, 09 de maio de 2012.

Marcha Mundial das Mulheres - Pará


domingo, 6 de maio de 2012

Machismo na ALEPA ou na sociedade?!

               Desabafo: em reunião na sala intitulada como "Sala dos ex-presidentes" da Assembléia Legislativa do Estado do Pará - ALEPA, a marchante Lorena Abrahão constatou nos painéis abaixo o reflexo da sociedade machista e racista que construímos ao longo da História. Nenhuma mulher como ex-presidenta e um único ex-presidente negro. Reflexo da forma desigual de direitos e oportunidades.