Nós, da Marcha Mundial de Mulheres, conscientes de que é preciso mudar o mundo e a vida das mulheres, expressamos toda nossa indignação com o caso de violência machista e sexista ocorrido no município de Queimadas no estado da Paraíba. O estupro coletivo de cinco mulheres, sendo duas delas, assassinadas brutalmente por dez homens durante uma festa realizada por eles com o intuito de “presentear” o aniversariante com o estupro dessas mulheres,” foi um episódio revoltante, que não encontra em nosso vocabulário uma palavra capaz de traduzi-lo. Este revelou o cúmulo da objetificaçao da mulher, considerada um objeto descartável, ou seja: as mulheres perderam a condição de seres humanas. este crime bárbaro precisa ser punido com todo rigor da lei.” . Este e outros crimes como de Elisa Samudio, Márcia Nakagina são exemplos que assustam pelo nível de crueldade e banalização da violência.
Por isto, denunciamos essa violência como resultado de uma sociedade machista e patriarcal e misógina, onde o corpo e a vida das mulheres são vistos como um elemento a ser dominado. Neste sentido, sempre reforçamos: é preciso mudar o mundo para que a vida das mulheres mude, para que as mulheres não sofram mais as conseqüências desse modelo de sociedade machista e patriarcal onde suas vidas são ceifadas pela violência sexista e tratadas como mercadoria e presente.
Não cansaremos na denúncia e cobrança por justiça, pois atos como estes não serão aceitos pela sociedade, para que a igualdade e liberdade permeiem a vida das mulheres em sua plenitude. Neste contexto, dizemos não à ameaça dos que querem calar o grito das mulheres de Queimadas por justiça. Se ainda existem casos abafados de violência contra as mulheres neste município paraibano, que seja investigado incansavelmente e determinado as devidas punições dos criminosos que aterrorizam a vida das mulheres, para que nenhuma mulher venha a sofrer a dor provocada pelo machismo, nem seja estuprada, nem assassinada.
Não basta apenas constatar que este caso foi um caso de violência na sociedade paraibana e sim é preciso reconhecer que este é um crime cometido pelo machismo instalado por este modelo de sociedade capitalista e patriarcal vigente. Quando dizemos que o machismo mata, vai além de palavra de ordem ou teorias, mais uma realidade onde os crimes de ódio e a banalização da violência têm sido uma triste marca , o que coloca o Brasil em 12 lugar de pais em números de assassinatos .
Até abril deste ano, já foram assassinadas 41 mulheres na Paraíba sendo 26 por crimes machistas e sexistas e 15 por suposto envolvimento com drogas é devido a essa realidade que se faz necessário e urgente, que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da violência contra a mulher dê uma atenção especial a Paraíba e para o caso de Queimadas, pois a omissão do estado compromete a segurança das mulheres.
Este é um momento importante para denunciarmos todas as formas de violências feitas às mulheres, o tráfico de mulheres e meninas, as violências físicas, morais e psicológicas, o assédio sexual, o estupro, como formas de exercer o poder de sexo, classe e raça sobre o corpo e a autonomia da vida das mulheres, como também, o fim da impunidade de todos esses criminosos.
Também denunciamos as violências já naturalizadas na nossa sociedade, como a tripla jornada de trabalho diários das mulheres, seus empregos precarizados, a invisibilidade do trabalho doméstico no campo e na cidade, a diminuição de investimentos em políticas publicas pelo Estado e em equipamentos sociais que garantam às mulheres creches de qualidade, cozinhas comunitárias, lavanderias públicas, o que resulta na utilização da mão-de-obra de outras mulheres no trabalho doméstico e de cuidados.
É importante reforçarmos e cobrarmos, que os mecanismos de políticas para às mulheres sejam prioridades nos orçamentos precários e vergonhosos das políticas sociais, e que se tornem de Estado no enfrentamento e combate às violências sofridas pelas mulheres, para que facilite na transição da transformação da estrutura socioeconômica - cultural machista, lesbofóbica, racista e patriarcal vigente.
Queremos um mundo onde as mulheres e os homens sejam livres em seus direitos, que só é possível pelas vias da igualdade, permitindo que as mulheres rumem ao exercício pleno de sua autonomia pessoal, social, política, econômica, cultural e sexual.
Nos identificamos e reconhecemos na historia da humanidade, os esforços de todas as mulheres do mundo na luta contra a violência sexista que é também uma violência de classe, onde os mais ricos exercem sobre as mais pobres seu poder de dominação e exploração.
A opressão e exploração sofrida por cada mulher, interessa a todas nós. Por um mundo sem violência contras as mulheres!
SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!
São Paulo, 24 de abril de 2012.
NºORD. ORGANIZAÇÕES QUE APOIAM
001- Marcha Mundial das Mulheres
002- Assembléia Popular na Paraíba
003- Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
004- Frente Paraibana em defesa da Terra, dos Povos e das Águas do Nordeste
005- SINTEF
006- Consulta Popular
007- Comissão Pastoral da Terra – CPT
008- Programa Escola Zé Peão - SINTRICON – UFPB
009- SINTRICON
010- Movimento dos Sem Terra - MST
011- ARCIDE – Ação pelo Respeito e Cidadania da Diversidade
012- Associação de Cultura e Rock do Sertão - ACRS/PB
013- Grupo de Mulheres Lésbicas Maria Quiteria
014- Centro Comunitário Bom José – Pastoral do Menor
015- LEPEL /PB
016- Rede de Educação Cidadã – RECID
017- ADESPVIDA
018- Levante Popular da Juventude
019- Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD
020- Movimento Negro de Sape
021- Movimento do Espírito Lilás – MEL
022- Fórum de Juventude de Sape
023- Mulheres de Mãos Dadas
024- Movimento das Comunidades Populares – MCP/UJP
025- Assoc. Paraibana dos Portadores de Anemias Hereditárias – ASPPAH
026- Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial – FOPPIR
027- Sindicato dos Trabalhadores Rurais
028- Tribunal Popular da Terra
029- Dgnitatis
030- Rede Nacional de Advogados Populares/PB
031- Associação Santos Dias
032- SINTER – PB
033- Fórum em Defesa da Agricultura Familiar e Reforma Agrária
034- Movimentos dos Pequenos Agricultores – MPA
035- CAPS Caminhar/Associação Caminhando
036- INTECAB/PB
037- Casa de Mulheres Renasce Companheiras
038- Associação de Deficientes e Familiares – ASDEF
039- JPT/Mulheres e LGBT
040- Fórum Estadual em Defesa do SUS e Contra as Privatizações
041- Grupo Flor Flor Estudos de Gênero – UEPB
042- Associação Brasileira de Rádios Comunitárias – ABRAÇO – PB
043- Rede Afro/Movimento LGBT
044- Terra Livre – Movimento Popular do Campo e da Cidade
045- Fórum Estadual LGBT
046- Pastoral Afro
047- Sindicato das Trabalhadoras Domesticas
048- CRESS/PB
049- GAPEV – Grupo de Ação Pela Vida
050- CEMAR – Centro de Educação Integral Margarida Pereira da Silva
051- GVP – Gayrreiros do Vale do Paraíba
052- PJR/RJNE
053- Associação Comunitária Casa Branca
054- Comunidade Santa Clara – Castelo Branco
055- ACIS/ Pastoral da Criança e Grupo de Mulheres Com. Gervasio Maia
056- SMS/SP
057- Sindicato dos Aeroviários – PB
058- OCA de Pia Aborigine
059- RNAJVHA
060- Associação de Mulheres (AMUPAVIM)
061- CPCC – Centro Popular de Cultura e Comunicação
062- Centro de Referencia e Direitos Humanos da UFPB
063- Associação Comunitária do Conjunto Tibiri I
064- União da Juventude Comunista
065- UFPB/PRAC
066- Movimento Estudantil
067- MNCP
068- Centro Popular de Cultura e Comunicação
069- CA de Arquitetura e Urbanismo
070- Associação Paraibana dos Amigos da Natureza – APAN
071- ADUF/PB
072- AMAZONA – Associação de Prevenção a Aids
073- Centro de Ação Cultural – CENTRAC
074- BAMIDELE – Organização das Mulheres Negras da Paraíba
075- unha Coletivo Feminista
076- Instituto Marista da Solidariedade
077- MAC- Movimento de Adolescentes e Crianças
078- Pastorais Sociais
079- Pastoral da Aids
080- Movimento Organizado da Paraíba
081- Grupo de Juventude – Gramame
082- Mandato Popular Dep. Frei Anastácio
083- Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD
084- Movimento dos Pequenos Agricultores
085- Marcha da Maconha
086- Mulheres de Terreiro
087- Pastoral do Menor
088- Fórum Estadual de ECOSOL
089- Fundação de Direitos Margarida Maria Alves
090- Mandato Popular Dep. Luis Couto
091- GAPEU
092- Sindicato das Trabalhadoras Domesticas
093- Associação Comunitária Santa Marta
094- Espaço Múltiplo
095- Missão de Desenvolvimento Social – MDS
096- Coletivo de Mulheres do Campo e da Cidade
097- Grupo de Mulheres Comunidade Gervasio Maia
098- Centro Cultural de Valorização das Tradições Afro – brasileira
099- Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – Fórum DCA
100- PSOL
101- SOF- Sempreviva Organização feminista
102- REF - Rede Feminismo e Economia
103- Mulheres do PT
Fonte: MMM-PB
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