sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Meu primeiro assédio

*Por Letícia Sabatela
Eu devia ter 12 anos. Voltava de ônibus da aula de Ballet, no Teatro Guaíra. Descia na rua da minha casa, umas duas grandes quadras antes, acostumada a esse caminho.
A rua deserta e larga , de calçadas largas, casas com jardins e portões distantes da rua, eu pela calçada, passarinhos e silêncio.
Um carro, um corcel vermelho, vinha pela rua ampla, reta e longa, parou à minha altura, eu na larga calçada mais próxima aos jardins das casas do que da rua, perguntou-me
"-Qual o nome dessa rua?"
-Raphael Papa.
-"Hein? Não consigo ouvir."
Eu falei mais alto e, de algum modo ele fez com que eu me aproximasse do carro para que ele conseguisse "ouvir e entender" direito .
Foi então que percebi seus olhos verdes avermelhados e estatelados, um "pau gigantesco" em suas mãos, o olhar doentio e pessimamente intencionado!
"-E aí, gostou do tamanho do pau?"
A rua deserta, ainda uma longa distância até minha casa.
Olhando fixamente em seus olhos, dei passos precisos, sem pressa, pra trás, peguei, sem tirar os olhos dos dele, um tijolo de um montinho de construção atrás de mim e fiquei parada, pronta para o que viesse.
Ele ainda hesitou, antes de partir lentamente , seus olhos em mim, eu o vi descer a rua ao longe , virar o carro e ainda voltar na minha direção, passando novamente pelo ponto onde eu o ameaçava com meu olhar fixo em seus movimentos, o tijolo na mão.
Quando o vi desaparecer da minha vista, corri até minha casa, coração a mil, um nojo daquilo, a minha forma de medo.
A gratidão pelo tijolo da construção. 
Eu devia ter 12 anos. Voltava de ônibus da aula de Ballet, no Teatro Guaíra. Descia na rua da minha casa, umas duas grandes quadras antes, acostumada a esse caminho.
A rua deserta e larga , de calçadas largas, casas com jardins e portões distantes da rua, eu pela calçada, passarinhos e silêncio.
Um carro, um corcel vermelho, vinha pela rua ampla, reta e longa, parou à minha altura, eu na larga calçada mais próxima aos jardins das casas do que da rua, perguntou-me
"-Qual o nome dessa rua?"
-Raphael Papa.
-"Hein? Não consigo ouvir."
Eu falei mais alto e, de algum modo ele fez com que eu me aproximasse do carro para que ele conseguisse "ouvir e entender" direito .
Foi então que percebi seus olhos verdes avermelhados e estatelados, um "pau gigantesco" em suas mãos, o olhar doentio e pessimamente intencionado!
"-E aí, gostou do tamanho do pau?"
A rua deserta, ainda uma longa distância até minha casa.
Olhando fixamente em seus olhos, dei passos precisos, sem pressa, pra trás, peguei, sem tirar os olhos dos dele, um tijolo de um montinho de construção atrás de mim e fiquei parada, pronta para o que viesse.
Ele ainda hesitou, antes de partir lentamente , seus olhos em mim, eu o vi descer a rua ao longe , virar o carro e ainda voltar na minha direção, passando novamente pelo ponto onde eu o ameaçava com meu olhar fixo em seus movimentos, o tijolo na mão.
Quando o vi desaparecer da minha vista, corri até minha casa, coração a mil, um nojo daquilo, a minha forma de medo.
A gratidão pelo tijolo da construção.
‪#‎meuprimeiroassedio‬



Nenhum comentário: