quarta-feira, 5 de maio de 2010

Mulheres pobres são as que mais sofrem com criminalização do aborto

Tornar público um tema que para muitos ainda é um tabu foi o objetivo da CUT-PR e da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), no evento realizado no dia 30, no Espaço Cultural dos Bancários, em Curitiba. Com o tema “Legalização do aborto: essa luta também é nossa”, militantes expuseram a questão apontando alguns números significativos para argumentos favoráveis.

De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), por ano são realizados cerca de 1 milhão de abortos clandestinos no Brasil. Parte disso se deve ao fato de que esta ainda é uma atividade considerada crime que impede a realização do procedimento de forma segura. Em função disso, cerca de 250 mil mulheres são internadas em hospitais públicos em consequência de hemorragias e sequelas de abortos inseguros no país. Por este motivo, a questão está relacionada, antes de tudo, ao direito à saúde das mulheres brasileiras.

Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) aponta outros dados que derrubam alguns mitos. Um deles é o fato de que a maioria dos abortos ocorre com mulheres na faixa etária de 20 a 29 anos, as quais têm união estável, são católicas e já têm um filho. Ou seja, o aborto não está restrito às prostitutas ou adolescentes, por exemplo. Além do risco de vida, as mulheres que se sujeitam ao aborto clandestino ainda têm que conviver com o risco de serem presas, como ocorre em vários casos.

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT nacional, Rosane Silva, lembra que este sistema de criminalização penaliza ainda mais as mulheres mais pobres. Isto se deve à clandestinidade do aborto, que acaba sendo realizado em clínicas inseguras. Diferente dos casos em que se pode pagar para fazer o procedimento em locais mais bem preparados.

Para a diretora executiva da MMM Sonia Coelho “esse é um tema ainda pouco discutido pela sociedade e quando há alguma abordagem da mídia, as mulheres não são ouvidas sobre isto”.

Durante o debate, do qual também participou a vereadora professora Josete (PT), de Curitiba, e a vereadora Lirani Franco (PT), de Fazenda Rio Grande, uma das questões levantas é a ausência de homens no debate. Algumas das presentes no evento destacaram a dificuldade de conversar com o tema com seus parceiros, amigos e colegas. As diretoras do Sismuc Alessandra Claudia de Oliveira e Marcela Alves Bomfim também estiveram presentes.

Atualmente, no Brasil, o aborto é legalizado apenas para casos de estupro ou de risco para a vida da mãe. A campanha da CUT e da MMM tem por objetivo a aprovação de uma lei federal que permita o atendimento em hospitais públicos, com condições devidas, e a regulamentação do procedimento.

Fonte: CUT

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