Em mais uma ação, entre as inúmeras que expõem a política higienista característica dos governos demotucanos, a Prefeitura de São Paulo “presenteou” as mulheres com o desalojamento do CIM – Centro de Informação da Mulher, maior acervo/biblioteca da mulher da América Latina.
Com 12 mil livros, 1.700 títulos de periódicos, 3.060 cartazes nacionais e internacionais, sobre a história da vida e lutas das mulheres, o CIM é referência para pesquisadores de dentro e de fora do Brasil, estudantes, movimentos sociais e população em geral.
Organização feminista, não-governamental, o CIM foi criado em 1981 para restituir a história/memória da mulher, com intuito de fortalecer as lutas e os movimentos sociais contra o patriarcalismo/capitalismo, manifesto nas relações de opressão de toda ordem.
Desde 1991, o Centro ocupava um espaço na Praça Roosevelt, 605, graças a um decreto de permissão de uso assinado pela então prefeita Luiza Erundina. Por duas décadas, o CIM serviu também para acolher reuniões e atividades de muitos movimentos e grupos, pela localização central e característica de espaço. Tornou-se a sede de reuniões históricas para organização das manifestações do 8 de Março, entre outras mobilizações feministas.
Desta forma, organizadoras e apoiadoras do CIM lançaram um abaixo-assinado e manifesto contra mais essa ação que privatiza o direito à cidade, à circulação, acesso, informação, à memória.
De acordo com o documento, que começou a circular em listas pela internet e entre os movimentos, o despejo do acervo do CIM reforça o “autoritarismo que tomou conta das subprefeituras, a falta de planejamento da gestão pública que se reflete na falta de vagas nas creches e terceirização da saúde, o preço abusivo das passagens de ônibus, a violência policial, a criminalização da pobreza, o déficit de moradias populares”.
O manifesto contra o desalojamento da memória e história da Mulher compara a ação com o “sucateamento das delegacias de mulheres, reflexo do descaso em relação ao Pacto de Enfrentamento a Violência contra as Mulheres, e por extensão, a frouxidão no cumprimento da Lei Maria da Penha”.
No documento, que elenca ainda outros projetos desenvolvidos pelo CIM, de combate à violência contra a mulher e difusão da informação/prevenção às DST/AIDS na região central, as organizadoras e apoiadoras do Centro exigem o direito de continuar existindo como entidade pública em favor da preservação da memória e das lutas das mulheres.
Um comentário:
Os demo-tucanos não param não!
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