*Mariah Aleixo
Peço licença aqui para falar sobre duas militantes da Marcha Mundial das Mulheres/PA, Gisele ou simplesmente “Gi” e Tatiana, ou somente “Tati.”
A Gi tem uma filhinha linda, de um ano, a Cecília. Anda cada vez mais danada e é a “mascote” enquanto a Clara não chega para roubar o posto dela. Clara é a filha da Tati que está para nascer, inclusive pode estar nascendo agora mesmo, pois a mãe já desfila com um lindo barrigão.
Ano passado, em 2010, houve uma grande ação da MMM mundial, todas resolveram, literalmente, marchar por igualdade, por paz, pelo fim do machismo e tantas outras bandeiras que nos UNEm ( para fazer referência ao post de baixo). Apesar de não ter ido para a marcha que aconteceu no Brasil, de Campinas até São Paulo, ficou marcada para mim – e creio que para muitas de nós – a foto da Gi, com o barrigão marchando. Outro momento da Gi grávida que me marcou muito foi a participação dela em uma das mesas do pré-encontro de Mulheres Estudantes (Pré- EME) de 2010, que abordava o tema do Aborto.
No pré-EME deste ano, a Tati, já grávida, debateu sobre a Legalização do Aborto. Ela, que ainda carrega a Clara no ventre (mas não por muito tempo) saiu pela Marcha das Vadias exibindo a barriga, que estava pintada de batom com a palavra LIVRE.
Recentemente a Estella, uma de nossas integrantes, defendeu a Dissertação de Mestrado, inclusive postamos aqui o convite para quem quisesse ir conferir. Pude ler os agradecimentos e entre tantas coisas, ela agradecia à MMM e a todas as companheiras da Marcha, deixando claro (ou Clara?) que a militância no movimento feminista tinha influenciado sobremaneira a escolha do tema da pesquisa de mestrado. Ela dizia que defendia o direito ao Aborto para que Cecílias e Claras pudessem, num breve futuro, decidir sobre os seus próprios corpos.
Nas situações que eu mencionei aqui: quando a Gi e a Tati, grávidas, debatiam sobre a possível e necessária Legalização do Aborto e marchavam exibindo suas barrigas bradando a palavra de ordem “Legalizar o Aborto, direito ao nosso corpo”, pela grande marcha da MMM ou pela Marcha das Vadias; elas estavam, de fato, defendendo a LIBERDADE. Liberdade para as mulheres decidirem.
Imagino que tenha causado espanto ver uma mulher grávida defender o direito ao Aborto. Mas isso foi e é positivo porque desfaz o imaginário de “aquelas feministas” que defendem o aborto não querem proteger a vida. Porém, queremos tanto defender a vida, que achamos que ela não pode surgir/vingar em quaisquer condições, é preciso desejo e possibilidade de ser mãe. A Gi e a Tati, as mais recentes mães da MMM/PA, assim como a Karol (a nossa “Super mãe”) de alguma maneira, entre problemas e incertezas, optaram por ter suas filhas. Mas elas, e todas nós, certamente, esperamos e lutamos pelo dia em que não haverá mais problemas e tantas incertezas a respeito do futuro de nossa vida e de nossos corpos.
Enquanto isso não acontece, dissertações de mestrado, protestos de rua, oficinas, blogs e tantas outras maneiras de expressão e debate serão as nossas armas para garantir o Aborto Legal e Seguro como direito de todas. Nesse 28 de setembro ( Dia Latino Americano e Caribenho pela Legalização do Aborto) a palavra na barriga da Tati nunca fez tanto sentido.
*Mariah Aleixo é estudante de Direito e militante da MMM/PA.
6 comentários:
Um texto excelente. Parabéns pela objetividade e lucidez.
PS: Poderiam fazer uma matéria sobre um dos maiores problemas do país que é o "controle de natalidade"?
Que texto lindo, Mariáh!!!!
Não é hora de parar, nossa militancia é fundamental pra que a Clara, Cecília, Estrelinha e outras garotas de uma nova geração tenha o direito que não temos de serem livres.
Beijo Mariah
Querido, valeu pela visita ao blog! Não entendi ao certo o que vc entende por "controle de natalidade", me explique melhor no templo do rock! :)
É isso mesmo que desejamos para as mulheres do futuro, um mundo melhor e sem destinos previamente traçados para elas.
Lindo esse texto!
Estrelas, Cecílias e Claras!!!
LIBERDADE.
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