O massacre em Realengo chocou a todos e todas. Porém, durante boa parte do dia de ontem, não imaginávamos o motivo da tragédia. A pergunta de todas as pessoas era "Porque?". Esta resposta foi sendo montada como um quebra-cabeça, primeiro a carta do atirador, onde falava sobre os seres impuros, a segunda peça foi então o anuncio das vítimas "das 12 crianças, 11 eram mulheres", e ao final, o depoimento de um dos meninos que presenciaram o massacre afirmou "ele atirava nas meninas para matar e nos meninos para machucar".
A frase que temos na coluna ao lado do nosso blog resume (de forma insuficiente, é verdade) o que aconteceu ontem, "O Feminismo nunca matou ninguém. Machismo mata todos os dias" e ontem matou 12.
Vamos ao longo do dia disponibilizar alguns textos que estão surgindo na blogosfera sobre vários aspectos e pontos de vista sobre o massacre, diferentes do que mídia brasileira exibe e parece não querer admitir.
Nossa solidariedade ao Rio, a Realengo, as famílias das vítimas e todas(os) brasileiras.
*Por Renata Corrêa
O MEDO DE ADMITIR*
Ontem, tristíssima com a tragédia no Rio, do atirador que massacrou crianças em uma escola de Realengo, comecei a ver o Jornal Nacional. Em dado momento, começou a reconstituição do crime via animação. A narração dizia que o atirador fazia disparos a esmo, sem escolher as vítimas.
No início do dia, quando eu soube que dez meninas e um menino tinham sido mortos pensei que o atirador estava escolhendo suas vítimas. Logo depois, no Globo News, o Rodrigo Pimentel, que de comandante do Bope a consultor de segurança agora virou comentarista-de-todas-as-nossas-tragédias, especulava que meninas sentavam na frente, e que meninos eram mais ágeis e teriam se safado mais facilmente.
Mas aí veio o depoimento do estudante Mateus Moraes, um dos pequenos sobreviventes. Ele foi assertivo: ele atirava nas meninas para matar e nos meninos, para machucar. A tia que perdeu a sobrinha e tinha um filho na mesma turma, que sobreviveu dá o relato apavorante do filho: ele disse que mataria as meninas bonitas.
O que existe entre o relato de Rodrigo Pimentel e a reconstituição do Jornal Nacional, que insistia que o assassino atirava a esmo? Machismo, ou a negação de que além de um crime de ódio inexplicável, o assassino ainda teve o requinte de escolher as suas vítimas? Por que temos medo de admitir que o que aconteceu possui características de crime de ódio, que é o crime que é voltado para uma parcela específica da sociedade (negros, gays, mulheres, crianças)?
Estamos todos muito chocados, realmente é difícil de engolir. Mas é mais difícil de engolir que no afã de explicar uma tragédia inexplicável a imprensa esqueça tudo o que aprendeu no curso universal por correspondência e esqueça um dado tão importante quanto esse: o assassino escolheu e encurralou suas vítimas preferenciais: meninas. E isso se configura como crime de ódio. Essa mesma imprensa esta manhã está soltando matérias com títulos como ”Atirador TERIA sofrido Bullying”. “Teria” é futuro do pretérito, conjugação verbal que conta para o leitor ou ouvinte que algo, no passado, pode ou não ter acontecido. Teria, galera, deveria ser abolido de todas as manchetes e ainda mais agora num caso como esse.
Me despeço aqui, pois a indignação, a dor e a tristeza não findaram com o dia de ontem. Deixo meus sentimentos para as famílias atingidas e que os garotos e garotas sobreviventes possam voltar a ter uma vida normal e ajudar na construção de um mundo mais justo, menos violento e mais igualitário para todos. Um mundo de paz.
Fonte: Renata Corrêa
5 comentários:
Faz sentido a afirmação de que provavelmente o assassino escolheu as vítimas. Agora, a questão é: se realmente escolheu meninas, porque teria escolhido meninas? Não vejo nenhuma razão para a mídia ou a sociedade evitar a afirmação de que ele escolheu meninas, sendo isso comprovado. E chamar isso de machismo é um salto enooorme... não sei não.
Outra coisa: o fato do machismo matar todos os dias e o feminismo não, não torna o feminismo melhor. (Um erro não justifica o outro.) Com todo o respeito, se quiser defender o feminismo, é preciso argumentos melhores.
Preciso o seu comentário. Que o consolo chegue aos corações dos familiares e amigos das vítimas deste ato de terror insano.
Na minha infancia se falava da Fera da Penha que matou a filha do amante, Na minha adolescencia Doca Sreet matou Angela Diniz, angela roro fez uma musica para uma jovem jogada de um prédio, uma outra no espirito santo. Bem recentemente: Onibus 174, caso Nardoni, menina em Caxias (tambem a amante do pai), caso mercia, caso Bruno.A que ficou refen em SP...daí eu resolvi buscar as estatísticas: no Brasil são dez por mes. Mas deixa pra lá, que aqui é o melhor objeto de propaganda, inclusive é o país da mulata.
O feminismo já matou milhoes com o aborto, femicidio? hahaha
o q existe verdade é um genocidio de homens, é so ver as taxas de assasinato... acidentes de transito, guerrras, e acidesnte de trabalho.....sao todos homens.
mas esse blog é muito esquerdista para fazer isso, certo ? ;)
Ah e se alguem sair matando homem por aí, sera culpa do feminismo ,
acabei com sua lógica , desculpe.
Mas, caro Moza, a agressividade como característica do gênero masculino, é uma construção do patriarcado. A demonstração de força no trânsito, nas guerras e outras expressões de violência são construções deste sistema opressor e machista. Pois é, os homens possuem alguns privilégios nesta sociedade machista, mas também são penalizados. Queremos uma sociedade livre para todas e todos.
Para as feministas, os homens podem chorar, sabia? Você há de concordar que seria uma expressão bem menos nociva das frustações do jovem femicída, mas ele preferiu uma arma.
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